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Sabe aquela história de que, durante o naufrágio do Titanic, parte da orquestra a bordo ignorou o fato de que no curto prazo todos estariam mortos e começou a tocar seus instrumentos? Eu, que tendo a ter uma visão mais pragmática da vida, sempre tive dúvida de que isso fosse verdade.
As estantes das gestoras da Faria Lima e Leblon costumam ser decoradas com livros sobre mercado financeiro e biografias de grandes gênios empreendedores. Foi inevitável, portanto, que um objeto daquele tipo chamasse nossa atenção: uma escultura de Lego de mais de 1 metro de comprimento, exposta na sala de reunião.
Janeiro chega ao fim depois de oito ou nove semanas de duração — não sei bem, perdi as contas. Se um ataque americano ao Irã, com a consequente morte de um dos principais líderes locais, foi insuficiente para ameaçar o bull market, sem problema.
Não sei explicar, mas sinto um certo desconforto quando tudo caminha bem. Me pego desconfiada.
Ano-Novo pede roupa nova. Traz boa sorte, segundo minha amiga Sônia. Depois de cinco Réveillons reciclando o figurino, dessa vez a coisa foi diferente. Sobrou um dinheirinho e ela decidiu comprar um vestido amarelo para receber 2020. “Acredita que mal dava para en-trar no Shopping Interlagos? Nem parecia que o Natal já tinha passado, a Renner estava lo-ta-da.” Sônia pronuncia algumas palavras assim, separando as sílabas, ao mesmo tempo em que desembaraça com impaciência os cabelos das clientes no lavatório.
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