
A DVA é um dos principais demonstrativos financeiros utilizados pelas empresas para evidenciar de forma clara e transparente a riqueza que geraram e como ela foi distribuída entre diversos agentes econômicos.
Embora nem sempre seja tão comentada quanto a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), a DVA desempenha um papel fundamental no entendimento do impacto social e econômico das organizações. Por isso, é uma ferramenta relevante tanto para a gestão interna como para investidores, analistas e a sociedade em geral.
O que é DVA?
A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é um relatório contábil que evidencia a riqueza gerada pela empresa em determinado período e como essa riqueza foi distribuída.
Trata-se de um dos demonstrativos financeiros previstos pela legislação brasileira, sendo de apresentação obrigatória para companhias abertas, conforme determina a Lei nº 11.638/2007.
O conceito de valor adicionado refere-se à diferença entre a receita obtida com a venda de bens e serviços e os custos e insumos adquiridos de terceiros. Em outras palavras, é o valor que a empresa efetivamente gerou em sua atividade produtiva, descontadas as despesas com fornecedores.
A DVA, portanto, complementa a análise proporcionada pela DRE, que foca no lucro líquido, ao oferecer uma visão mais ampla da contribuição econômica da empresa para a sociedade.
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Para que serve a DVA?
A DVA serve para diversos propósitos, tanto contábeis quanto gerenciais e sociais. Veja as principais finalidades.
Evidenciar a geração de riqueza
Por meio da DVA, a empresa demonstra de forma clara o montante de valor que conseguiu gerar em suas atividades. Esse dado é importante para avaliar sua eficiência econômica e produtividade.
Mostrar a distribuição da riqueza
Outro aspecto fundamental da DVA é mostrar como o valor adicionado foi distribuído entre os diferentes agentes econômicos, como:
- Trabalhadores (salários, encargos e benefícios);
- Governo (tributos e contribuições);
- Financiadores (juros e encargos financeiros);
- Acionistas e sócios (lucros e dividendos);
- Reinvestimento na empresa (reservas e lucros retidos).
Essa distribuição evidencia o papel social da empresa como geradora de emprego, pagadora de impostos e promotora de desenvolvimento econômico.
Suporte à análise de desempenho
Investidores e analistas podem utilizar a DVA para compreender melhor o perfil econômico da empresa, sua capacidade de geração de valor e o equilíbrio na distribuição dos recursos.
Prestação de contas à sociedade
Ao divulgar a DVA, a empresa cumpre uma função de transparência e responsabilidade social, permitindo que a sociedade acompanhe sua contribuição econômica de forma objetiva.
Como a DVA é feita?
A elaboração da DVA segue uma estrutura padronizada, com base nas normas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), especificamente o CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado.
A DVA é dividida em duas partes principais:
1. Valor adicionado gerado pela empresa
Nesta parte, são registradas as principais fontes de geração de riqueza, como:
- Receitas operacionais: vendas de bens e serviços, abatidas de devoluções, impostos e descontos;
- Outras receitas: rendimentos financeiros, ganhos de capital e outras receitas eventuais;
- Insumos adquiridos de terceiros: matérias-primas, energia, serviços e outros custos externos.
O valor adicionado bruto corresponde à diferença entre as receitas e os insumos adquiridos. Em seguida, são deduzidas as depreciações e amortizações, chegando-se ao valor adicionado líquido.
2. Distribuição do valor adicionado
Aqui, a empresa detalha como o valor gerado foi distribuído entre os seguintes agentes:
- Pessoal: salários, encargos sociais e benefícios.
- Impostos, taxas e contribuições: valores pagos aos governos nas esferas municipal, estadual e federal.
- Remuneração de capitais de terceiros: juros sobre empréstimos e financiamentos.
- Remuneração de capitais próprios: lucros e dividendos distribuídos aos acionistas.
- Lucros retidos e reinvestidos: parte do resultado destinada a reservas e expansão da empresa.
Esse detalhamento proporciona uma visão clara e objetiva sobre o papel econômico e social da empresa.
Como a DVA é calculada?
O cálculo da DVA segue uma metodologia bem definida e envolve basicamente dois grandes passos: apuração do valor adicionado e distribuição desse valor.
Apuração do valor adicionado
- Receitas: apura-se a receita bruta de vendas, deduzindo-se os impostos sobre vendas e as devoluções.
- (-) Insumos adquiridos de terceiros: inclui matérias-primas, serviços contratados, energia etc.
- = Valor adicionado bruto: resultado da diferença entre a receita líquida e os insumos adquiridos.
- (-) Depreciação e amortização: valores referentes à perda de valor de ativos imobilizados e intangíveis.
- = Valor adicionado líquido: resultado efetivo da geração de riqueza da empresa.
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Distribuição do valor adicionado
Em seguida, distribui-se esse valor líquido conforme os grupos já citados: pessoal, governo, capital de terceiros e capital próprio. O modelo é relativamente simples, mas exige rigor na coleta dos dados e aderência aos princípios contábeis.
Por fim, a DVA complementa a visão proporcionada pelos demais demonstrativos financeiros, oferecendo uma perspectiva mais ampla sobre a eficiência produtiva e o impacto social da organização. Conhecer e interpretar esse demonstrativo é essencial para uma avaliação completa e responsável das empresas.
Não. Apenas empresas de capital aberto são obrigadas a apresentar a DVA, conforme a legislação brasileira.
A DRE apura o lucro líquido da empresa, enquanto a DVA mostra como a riqueza gerada foi distribuída entre diversos agentes econômicos.
Sim. A DVA oferece informações sobre a eficiência da empresa em gerar valor e sobre sua responsabilidade social, aspectos importantes para investidores.
Sim, desde que essas receitas representem entradas efetivas de recursos, como juros ativos ou rendimentos de aplicações.
A DVA integra as demonstrações financeiras publicadas pelas empresas, disponíveis em seus sites de relações com investidores ou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).