
No Brasil, a complexidade do sistema tributário leva muitas empresas e pessoas físicas a buscar estratégias para reduzir legalmente a carga de impostos.
É nesse cenário que surge a elisão fiscal, uma prática legítima de planejamento tributário que visa otimizar o pagamento de tributos sem infringir a legislação.
O que é elisão fiscal?
Elisão fiscal é o conjunto de estratégias legais utilizadas por empresas ou pessoas físicas para reduzir ou evitar o pagamento de tributos por meio de planejamento antecipado.
Trata-se de uma prática legal e legítima, que se baseia na interpretação da legislação vigente para organizar a atividade econômica de forma a pagar menos impostos, sem violar a lei.
A elisão é um dos pilares do planejamento tributário, sendo amplamente utilizada por grandes empresas, profissionais liberais e até microempreendedores. Ela está diretamente ligada à ideia de eficiência fiscal — ou seja, pagar o que é devido, mas nunca mais do que o necessário.
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Exemplos práticos de elisão fiscal
- Escolha do regime tributário: optar pelo Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real pode gerar diferenças significativas na carga tributária.
- Constituição de empresas em estados com ICMS reduzido: muitas empresas escolhem estados com incentivos fiscais para reduzir a tributação nas operações comerciais.
- Reorganização societária: fusões, cisões ou incorporações que visam reduzir a carga tributária futura.
- Incentivos fiscais: uso de leis de incentivo para dedução de tributos, como a Lei Rouanet, Lei do Audiovisual ou incentivos regionais.
Essas medidas, quando bem executadas e documentadas, não configuram crime e são reconhecidas como práticas legítimas de gestão fiscal.
Como funciona a elisão fiscal?
A elisão fiscal funciona por meio da organização prévia das atividades da empresa ou pessoa física, considerando as alternativas legais existentes para otimizar a carga tributária.
O ponto central é o planejamento antecipado: a elisão só é possível antes da ocorrência do fato gerador do imposto (como a emissão de uma nota fiscal ou a obtenção de receita, por exemplo).
As etapas comuns de um planejamento tributário com foco em elisão incluem:
- Mapeamento da atividade econômica: análise detalhada da operação, fluxo de receitas, despesas e obrigações fiscais.
- Estudo do regime tributário mais vantajoso: simulação de tributos em diferentes regimes fiscais.
- Levantamento de incentivos legais disponíveis: federais, estaduais ou municipais.
- Reorganização societária ou contábil: com respaldo jurídico e contábil.
- Implementação e acompanhamento: a elisão deve ser revisada periodicamente para se manter eficaz e alinhada à legislação vigente.
Esse processo normalmente envolve uma equipe especializada, com contadores, advogados tributaristas e consultores financeiros, especialmente em empresas de médio e grande porte.
Qual a diferença entre elisão fiscal e evasão fiscal?
Apesar de parecerem semelhantes, elisão e evasão fiscal são práticas completamente diferentes — uma é legal, e a outra, criminosa.
Característica | Elisão Fiscal | Evasão Fiscal |
Legalidade | Legal | Ilegal |
Momento de atuação | Antes do fato gerador | Depois do fato gerador |
Objetivo | Redução legítima da carga tributária | Supressão ou redução indevida de tributos |
Exemplos | Escolha do regime tributário, incentivos fiscais | Omissão de receitas, sonegação, falsificação |
Penalidade | Nenhuma, se bem fundamentada | Multas, processos administrativos e criminais |
A evasão fiscal ocorre quando o contribuinte tenta burlar a lei para deixar de pagar tributos devidos, como na sonegação de impostos ou na emissão de notas frias. Já a elisão respeita a legislação e utiliza lacunas ou alternativas previstas para minimizar a carga tributária de forma lícita.
É importante destacar que, se uma prática inicialmente configurada como elisão for considerada abusiva pelos órgãos fiscalizadores (como Receita Federal ou Secretaria da Fazenda), ela pode ser desqualificada e reclassificada como evasão — o que exige um cuidado técnico na elaboração do planejamento tributário.
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Qual a importância da elisão para empresas e investidores?
Empresas que utilizam a elisão fiscal conseguem reduzir custos, aumentar a margem de lucro e melhorar sua competitividade no mercado. Além disso, a prática proporciona maior previsibilidade sobre os encargos tributários, o que favorece o planejamento financeiro e a gestão estratégica.
Para o investidor, a elisão fiscal também pode ser benéfica indiretamente. Empresas que fazem um planejamento tributário eficiente tendem a apresentar melhor desempenho operacional e aumentar o retorno aos acionistas — seja por meio de lucros, dividendos ou valorização das ações.
Não. Quando bem fundamentada e realizada antes do fato gerador, a elisão é uma prática legal de planejamento tributário.
Tanto empresas quanto pessoas físicas podem utilizar estratégias de elisão, desde que dentro dos limites legais.
A elisão é legal e ocorre antes do fato gerador. A evasão é ilegal, acontece após o fato gerador e pode ser punida.
Se mal estruturada ou interpretada como simulação, a elisão pode ser desconsiderada e reclassificada como evasão.
Depende da estratégia, mas pode envolver ICMS, IRPJ, CSLL, PIS, Cofins, ISS, entre outros, conforme o modelo adotado.