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“Comporte-se” explica a ciência por trás dos nossos comportamentos de uma forma divertida e sagaz

Por que fazemos o que fazemos? Somos capazes de iniciar uma Guerra Mundial e, ao mesmo tempo, parar esta mesma guerra temporariamente durante o Natal para que os soldados possam confraternizar. O que explica esse balanço, por vezes desequilibrado, entre o lado bom e o lado ruim da Humanidade?  Estas perguntas certamente não são fáceis […]

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Data de publicação
16 de agosto de 2021
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Por que fazemos o que fazemos? Somos capazes de iniciar uma Guerra Mundial e, ao mesmo tempo, parar esta mesma guerra temporariamente durante o Natal para que os soldados possam confraternizar. O que explica esse balanço, por vezes desequilibrado, entre o lado bom e o lado ruim da Humanidade? 

Estas perguntas certamente não são fáceis de serem respondidas, mas é o que tenta fazer o professor de Stanford, Robert M. Sapolsky, em seu livro “Comporte-se: A biologia humana em nosso melhor e pior”, recém lançado no Brasil. A obra foi indicada pelo sócio-fundador da Empiricus, Rodolfo Amstalden, em episódio do podcast Puro Malte

Ainda que a biologia comportamental possa não parecer o tema mais cativante do mundo, Sapolsky tem o mérito de conseguir transformar o livro em uma obra divertida e sagaz, com seu “humor nerd”. A leitura é acessível e interessante até para quem nem se lembra direito das aulas de Biologia da escola. Em um universo em que os livros científicos parecem tão distantes e nichados, é raro encontrar um escritor cientista que consiga transformar sua pesquisa em algo tão intrigante

Em “Comporte-se”, o autor tenta desvendar os aspectos biológicos que envolvem o mau e o bom comportamento dos humanos. Apesar da atenção ao aspecto técnico, Sapolsky não deixa de considerar a influência da cultura em nossos comportamentos ao longo dos anos. 

Um exemplo: em uma de suas análises, o cientista tenta entender por que pessoas do sul dos Estados Unidos costumam ter reações mais agressivas quando ofendidas, em comparação aos habitantes do norte. A resposta está relacionada às diferentes colonizações das regiões e não a alguma anomalia na produção do hormônio do estresse. 

Nada é mais enganoso do que apontar um único gene, hormônio ou pedaço do cérebro como responsável por comportamentos complexos, afirma Robert Sapolsky em “Comporte-se”.

O cientista guia o leitor em uma trajetória no universo da biologia comportamental e apresenta diversos estudos, sempre de maneira instigante e dinâmica. E é possível que o leitor se pergunte: o que todo esse conhecimento sobre o comportamento humano pode trazer de positivo em termos práticos? Entender a biologia comportamental pode nos ajudar a tornar o mundo mais empático e menos violento?

Sapolsky não deixa essas dúvidas de lado e tenta respondê-las, sem cair na falácia de que apenas a ciência é a chave para tornar o mundo um lugar melhor. O autor propõe dez estratégias, entre elas: usar a religião de forma inteligente; promover a difusão cultural; lembrar-se que os humanos podem se reconciliar, assim como os animais. Apesar do caráter propositivo, não se pode dizer que ele faz um manual prático para resolver a violência da Humanidade, porque este não é o objetivo do livro. 

“Comporte-se” foi eleito um dos melhores livros de 2018 pelo Washington Post e pelo Wall Street Journal. Segundo o New York Times, se estivesse vivo, Darwin teria ficado entusiasmado ao ler a obra de Robert M. Sapolsky. 

Para Rodolfo Amstalden, o título vai agradar aqueles que gostaram do livro “Rápido e Devagar”, de Daniel Kahneman. 

Como entender o comportamento humano pode ajudar suas finanças?

Se em “Comporte-se” temos um panorama do aspecto biológico do nosso comportamento e podemos entender melhor nossas ações enquanto Humanidade, em “Misbehaving”, é a economia comportamental (e seus reflexos em nossos investimentos) que assume o protagonismo. 

Escrito pelo vencedor do Nobel de Economia, Richard Thaler, o livro nos ajuda a tomar decisões melhores no âmbito pessoal e financeiro

Confira as dicas culturais do Puro Malte:

  • Livro “Mulheres que Correm com Lobos”, de Clarissa Pinkola Estés. Indicação de Roberta Scrivano;
  • Filme “Estou me guardando para quando o Carnaval chegar”, disponível na Netflix. Indicação de Felipe Miranda;
  • Livro “A cabeça do brasileiro”, de Alberto Carlos de Almeida. Indicação de Felipe Miranda.