Ao escutar o nome George Soros, as associações mais comuns são ações, Bolsa de Valores e economia. De fato, o húngaro é um dos maiores investidores do mundo e sua biografia, já enviada para os assinantes do Empiricus Books, é um dos livros essenciais para quem quer se aprofundar no mundo dos investimentos. Mas Soros também tem um outro lado: é um filantropo e defensor ferrenho das sociedades abertas e da democracia.
Este “lado B” do investidor é o ponto central do novo livro “Em defesa da sociedade aberta”, um compilado de seis discursos e textos escritos por Soros entre 2014 e 2019, incluindo duas participações recentes no Fórum Econômico Mundial de Davos.
A obra, que acaba de ser lançada no Brasil, foi indicada pelo sócio-fundador da Empiricus, Rodolfo Amstalden, no podcast Puro Malte.
Quem é George Soros e o que faz a Open Society Foundation
Para entender o novo livro escrito por Soros, é preciso saber um pouco mais sobre sua história de vida. Nascido em Budapeste em 1930, ele sobreviveu às ocupações nazista e soviética na Hungria na década de 1940. Após se formar na London School of Economics, Soros se mudou para Nova York, onde fez sua fortuna no mercado financeiro.
Em 1993, fundou a Open Society Foundation, uma organização não governamental e filantrópica que ajuda grupos da sociedade civil no mundo inteiro, com objetivo de promover justiça, educação, saúde pública, mídia independente e democracia. O termo “sociedade aberta” foi criado pelo filósofo Karl Popper, de quem Soros se declara um admirador.
Ao mesmo tempo em que fez sua carreira como investidor, o megainvestidor também se comprometeu a apoiar as chamadas sociedades abertas, auxiliando financeiramente grupos que combatiam o socialismo no Leste Europeu, realizando doações generosas para o Partido Democrata dos Estados Unidos, se posicionando contra líderes como Donald Trump, Xi Jinping e Viktor Orbán e enviando grandes montantes de dinheiro para sua própria organização.
Atualmente, Soros dirige várias de suas críticas às grandes empresas de tecnologia, classificando-as como uma ameaça à democracia.
Soros vs. Big Techs
Sem economizar nas críticas, o primeiro capítulo do livro gira em torno das big techs, americanas e chinesas, e os perigos que elas representam para as sociedades abertas. Em um trecho, o megainvestidor afirma: “Os monopólios da internet não têm a vontade nem a inclinação de proteger a sociedade contra os efeitos de suas ações. Isso faz deles uma ameaça e cabe às autoridades reguladoras proteger a sociedade contra eles.”
O investidor também considera preocupante a aliança entre os Estados autoritários e os “imensos monopólios tecnológicos em dados”, o que poderia levar a um sistema de vigilância patrocinado pelo Estado. “Considero perturbador que instrumentos de controle desenvolvidos pela inteligência artificial proporcionem uma vantagem inerente a regimes autoritários sobre as sociedades abertas”, afirma ele na obra.
George Soros não poupa palavras e se firma como um grande defensor da taxação e da regulação das empresas de tecnologia.
O que esperar do novo livro de George Soros, “Em defesa da sociedade aberta”
Após o primeiro capítulo com críticas às empresas de tecnologia, o livro segue abordando outros temas relacionados às sociedades abertas e à filosofia de Soros.
O segundo capítulo fala mais sobre a Open Society Foundation e sua lógica de filantropia política. Depois, Soros se debruça sobre as crises econômicas e políticas que afetaram sociedades democráticas nos últimos anos. Por fim, o último capítulo tem um aspecto mais técnico, pois fala da filosofia de investimentos de Soros.
“Em defesa da sociedade aberta” está disponível por R$ 35. Compre aqui.
Confira abaixo as outras dicas culturais do Puro Malte #54:
- Livro “A felicidade está ao seu lado”, de Michel Serres. Indicação de Roberta Scrivano;
- Minissérie “Halston”, disponível na Netflix. Indicação de Roberta Scrivano;
- Artigo do Dr. Drauzio Varella: “Dias sem compromissos acabam atropelados pelo WhatsApp e pelos emails”, na Folha de S. Paulo. Indicação de Rodolfo Amstalden;
- Filmes “Pequena Miss Sunshine” (disponível no Telecine Play) e “Coração Valente”. Indicação de Felipe Miranda.