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Empiricus 24/7

Esquivando dos socos

“A célebre, e sábia, frase foi proferida pelo boxeador Mike Tyson ao responder a jornalistas sobre […]”

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Data de publicação
27 de dezembro de 2023
Categoria
Empiricus 24/7
Esquivando dos socos
Imagem: Freepik

“Todo mundo tem um plano até que leve um soco na boca.”

A célebre, e sábia, frase foi proferida pelo boxeador Mike Tyson ao responder a jornalistas sobre seus planos antes de enfrentar Evander Holyfield.

Nunca fui fanático por boxe. As lutas sempre me pareceram entediantes, com intermináveis sequências de clinches e outras táticas defensivas.

O único lutador que me motivou a ficar até mais tarde para assistir um confronto foi Mike Tyson.

Não estou sozinho nessa. A atuação de Tyson capturou o fascínio de toda uma geração. Para mim, era programa obrigatório reunir-se com a turma do colégio para acompanhar suas lutas na TV.

Invariavelmente as disputas eram rápidas. Passávamos a noite toda aguardando Tyson, com direito a pizza e refrigerante, para vê-lo destruir seus oponentes em poucos segundos.

Compensando sua baixa estatura, e envergadura, com uma explosão e uma agressividade inigualável, Tyson representava uma lufada de ar fresco no então envelhecido mundo do boxe.

Nada de roupões de cetim e botas reluzentes. Tyson entrava nas lotadas arena vestindo o que parecia um saco com um buraco para a cabeça. Por baixo, calções e botas pretas, sem meia. De fundo, hip-hop do gueto, em vez de épicas músicas motivacionais. A garotada pirava.

Recordo-me especialmente da luta relâmpago contra Michael Spinks, em 1988. Ambos estavam invictos até então, com Spinks sendo considerado favorito por muitos, inclusive por Muhammad Ali.

Ao rever a luta, com direito a um jovem e animado Donald Trump na transmissão, dá pra perceber claramente que, já na apresentação dos lutadores, um assustado Spinks não compartilhava o mesmo otimismo de Ali sobre sua participação.

Lembro também da primeira derrota de Tyson, contra o azarão Buster Douglas em Tóquio. A visão do até então invencível campeão, derrotado e ajoelhado, buscando apoio nas cordas, ficou para sempre gravada na minha memória. O majestoso leão era finalmente abatido.

Voltando à abertura, a frase de Tyson, tão humana e verdadeira, nos ensina a como lidar com o incontrolável.

Tal lembrança torna-se apropriada especialmente nos momentos em que a autoconfiança acumulada em experiências recentes encharca nosso ego.

O rali recente trouxe merecido ânimo às nossas carteiras. Todavia, o bom resultado ao final do ano mascara a acidentada jornada de 2023.

A propósito, presto aqui minha homenagem ao brilhante trabalho do time de análise da Empiricus que entregou excelente performance aos assinantes em um ano em que muita gente grande fracassou.

Passando agora a 2024, o plano traçado parece claro. O cenário de corte de juros, tanto lá fora como aqui, traz otimismo aos investidores, animados com a perspectiva de consolidação de um bull market.

Diante disso, respeitando sempre os princípios da diversificação e não esquecendo das devidas proteções, nada mais natural que adicionemos risco às nossas carteiras, a fim de melhor aproveitarmos o panorama prospectivo.

Posto isso, cabe a nós encararmos 2024 com a devida altivez e resiliência.  Cenários são meras construções mentais, diferente da concretude da realidade a ser enfrentada.

Como disse Mike Tyson:

“Todo mundo tem um plano até que leve um soco na boca”.

Deixo você agora com os destaques da semana e aproveito para desejar boas festas neste fim de ano.

Boa leitura e um abraço.