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Investimentos

Ibovespa e bolsas internacionais concentram humor nos próximos dados de inflação; o que ficar de olho em dezembro?

Mercados começam o mês com humor dividido e altamente dependente
dos próximos dados. Veja manchetes.

Por Matheus Spiess

01 dez 2025, 09:46

Atualizado em 01 dez 2025, 09:46

mercado eua usa bolsas dolar euro europa

Imagem: iStock.com/SlavkoSereda

Os mercados entram em dezembro com um humor dividido e altamente dependente
dos próximos dados. Nos EUA, a Cyber Monday deve renovar recordes de vendas
online e oferecer uma leitura importante sobre a resiliência do consumo, enquanto a
semana possui a divulgação do PCE, o indicador de inflação mais sensível para o
Federal Reserve, justamente às vésperas da decisão de juros de 10 de dezembro. A
Inteligência Artificial continua sendo um dos grandes motores de desempenho das
bolsas, ainda que novembro tenha sido marcado por volatilidade, dúvidas sobre
valuation e o “apagão” temporário de dados econômicos causado pelo shutdown. Em
paralelo, aumenta a expectativa sobre o sucessor de Jerome Powell após Trump
afirmar que já escolheu um nome; apesar disso, o mercado entende que a
independência crescente do comitê tende a amortecer mudanças mais abruptas.

No cenário internacional, o início da semana é cauteloso: bolsas em queda, petróleo
em alta após a Opep+ manter a produção para o primeiro trimestre de 2026, e
mercados asiáticos mistos em meio à fragilidade do setor imobiliário chinês e ao sinal
do Banco do Japão de que pode elevar juros já em dezembro. A situação na China
voltou a preocupar, com a Vanke pedindo adiamento de dívidas e autoridades
suspendendo a divulgação de dados de vendas. No Brasil, o PIB do terceiro trimestre
ganha destaque na agenda, enquanto o ambiente político segue conturbado.

· 00:54 — Um novembro de força

No Brasil, novembro terminou com um desempenho robusto dos ativos locais: o
Ibovespa renovou recordes, acumulando alta de 6,46% no mês e mais de 30% no ano,
ao passo que o dólar recuou levemente e a curva de juros ajustou os vencimentos
curtos após Gabriel Galípolo reiterar que o Copom não vê motivos para alterar sua
postura. Os dados de outubro sinalizaram um mercado de trabalho ainda apertado
(taxa de desemprego da Pnad), mas já em processo gradual de perda líquida de vagas
(Caged) — um movimento compatível com a desaceleração da atividade e com a
expectativa de que a taxa de desemprego volte a subir suavemente. O pano de fundo
segue construtivo: inflação mais benigna, atividade moderando sem recessão e um
ambiente global mais favorável reforçam a perspectiva de início de ciclo de
afrouxamento monetário, historicamente positivo para a bolsa brasileira. Considerando
que investidores locais e estrangeiros permanecem subalocados em Brasil, um cenário
mais benigno pode desencadear fluxos relevantes para os ativos domésticos.

A semana começa com nova fala de Galípolo — que deve insistir na necessidade de
juros elevados — e com uma bateria de indicadores importantes, como produção
industrial
e PIB do terceiro trimestre, que ajudarão a compor um diagnóstico da
atividade. No varejo, a Black Friday trouxe uma fotografia curiosa: o ICVA registrou alta
modesta de 1,9% nas vendas totais, reflexo de uma base excepcionalmente forte,
enquanto o e-commerce avançou 16,1% e bateu recorde de transações.
No campo político, o governo tenta avançar no Congresso com sua pauta de
arrecadação — corte linear de benefícios tributários, taxação de fintechs e apostas e o
projeto de “devedor contumaz” — mirando R$ 30 bilhões adicionais em 2026. O
ambiente, porém, é de crescente tensão: Davi Alcolumbre acusou formalmente por
escrito o Executivo de tentar interferir no calendário ao atrasar o envio da indicação de
Jorge Messias ao STF e tem sinalizado que o governo não dispõe dos votos para
aprová-lo, num gesto que remete ao célebre “verba volant, scripta manent” de Temer.

Enquanto isso, em pronunciamento, Lula reforçou a reforma do IR — isenção até R$ 5
mil e descontos até R$ 7.350 — chamando-a de sua “maior conquista” e projetando
impacto de R$ 28 bilhões na economia, num discurso claramente calibrado para 2026.
Entramos, nesta semana, na janela de dez meses para o primeiro turno das eleições,
sinal de que a política voltará a influenciar cada vez mais o preço dos ativos de risco.

· 01:47 — Reviravolta no final de novembro

A reta final de novembro trouxe uma reviravolta significativa nos mercados. Depois de
acumular queda de 4,4% no mês, o S&P 500 ganhou fôlego com o fortalecimento das
apostas de que o Federal Reserve poderá cortar juros já em dezembro — uma
probabilidade hoje de 87%. O movimento impulsionou uma alta semanal de 3,7%, o
melhor desempenho para a semana de Ação de Graças desde 2008. A leitura mais
forte do mercado de trabalho, com pedidos de auxílio-desemprego abaixo do esperado,
reforçou a narrativa de uma economia resiliente. Agora, a atenção se volta para as
vendas de fim de ano, com os dados da Black Friday ainda mistos, e para a primeira
semana de dezembro, que trará uma agenda intensa de balanços corporativos,
indicadores de inflação (PCE), PMIs e relatórios de emprego — além da última fala de
Jerome Powell antes do período de silêncio que antecede a decisão final de juros.

No pano de fundo, cresce a tensão sobre a sucessão no Federal Reserve. Trump
declarou já ter definido o nome que substituirá Jerome Powell e deve anunciá-lo em
breve. Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, desponta como favorito
por sua postura mais alinhada ao desejo da Casa Branca por cortes de juros mais
agressivos — algo que pode aumentar a divisão interna no comitê do Fed (o nome de
Kevin Warsh ainda aparece como possível). A simples possibilidade de mudança no
comando do banco central elevou a cautela global, pressionando bolsas internacionais
e levando a uma realização mais forte no mercado cripto. Ao mesmo tempo,
investidores seguem atentos à volatilidade associada ao setor de inteligência artificial.

· 02:31 — Você já ouviu falar nos ‘“kidults”?

Os chamados kidults — adultos que consomem produtos associados ao universo
infantil — estão longe de ser uma novidade. Já na década de 1960, programas como
Flipper e Os Flintstones eram concebidos para dialogar simultaneamente com crianças
e adultos, enquanto brinquedos como o G.I. Joe se tornavam ícones culturais
adquiridos inclusive por veteranos de guerra em busca de uma conexão afetiva com
suas próprias histórias. No mesmo período, Peanuts conquistou um apelo raro entre
gerações ao abordar temas adultos por meio de personagens infantis, consolidando
Snoopy, Charlie Brown e toda a turma como um fenômeno cultural e comercial.

Com o tempo, esse comportamento se transformou em um fenômeno econômico de
grande escala. Hoje, adultos já respondem por quase 30% das vendas globais de
brinquedos e gastam mais consigo mesmos do que com crianças pequenas. Marcas
como Labubu, Jellycat, Hot Wheels e Lego têm nesse público seu principal motor de
expansão, impulsionadas pela nostalgia e pelo crescente interesse por itens
colecionáveis. As projeções indicam que esse mercado deve movimentar bilhões até
2032
, reforçando uma indústria que encontrou nos adultos um consumidor engajado,
recorrente e disposto a pagar mais por produtos com carga emocional.

Essa lógica também transbordou para a gastronomia e o entretenimento, com
restaurantes e bares que incorporam elementos lúdicos e espaços que combinam
jogos, bebidas e refeições em formatos mais descontraídos. A tendência aparece tanto
na cena gastronômica londrina quanto no lazer americano, bem como na realidade
brasileira. Em suma, o avanço dos kidults revela um movimento cultural mais amplo, no
qual nostalgia, escapismo e bem-estar passaram a moldar novas formas de consumo.

· 03:28 — Reformas no caminho

O governo de Narendra Modi prepara um conjunto abrangente de reformas econômicas
para a próxima sessão do Parlamento, alinhado ao ambicioso plano de elevar a Índia à
condição de economia desenvolvida de US$ 10 trilhões até 2047 e reforçar sua
atratividade ao capital estrangeiro. Embalado por uma vitória eleitoral expressiva em
um estado-chave, Modi busca consolidar seu legado como um dos grandes
reformadores do país, avançando em medidas estruturantes voltadas à
competitividade, produtividade e aceleração do crescimento de longo prazo.

No mercado, bancos projetam uma recuperação dos ativos indianos em 2026, apoiada
na estabilização dos lucros corporativos e na efetivação das políticas de estímulo
econômico. As expectativas ganham força após um ano de desempenho bastante fraco
— o pior em mais de três décadas — e da consolidação da rupia como a moeda mais
fraca da Ásia. Paralelamente, Nova Déli avalia fechar um novo acordo de armamentos
com a Rússia durante a visita de Vladimir Putin, adicionando uma camada geopolítica
relevante ao quadro econômico e reforçando o papel estratégico da Índia.

· 04:13 — Sinais de avanços?

Steve Witkoff, enviado especial do presidente Trump, segue para a Rússia após
participar, na Flórida, de uma nova rodada de conversas com representantes
ucranianos e o secretário de Estado Marco Rubio, em um esforço diplomático para
avançar nas negociações de fim da guerra. O encontro foi classificado como produtivo
por ambos os lados, ainda que marcado pela ausência de Andriy Yermak — ex-chefe
de gabinete de Zelensky — que deixou o cargo após denúncias de corrupção,
movimento calculado para evitar que o escândalo enfraquecesse a posição de Kiev.
Embora o ambiente tenha sido construtivo, não houve progresso decisivo, e a reunião
pode ter representado a última chance de a Ucrânia influenciar Witkoff antes de sua
chegada a Moscou, onde liderará conversas diretas com Vladimir Putin.

· 05:06 — Ajustes na direção correta

A Petrobras divulgou seu Plano Estratégico 2026–2030 com ajustes importantes que,
no geral, foram bem recebidos pelo mercado — sobretudo em um momento de…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.