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Resultados corporativos do 4T23, payroll, decisão de juro do BCE e mais: veja os destaques da semana no mercado

Mercado brasileiro também fica atento à participação de Roberto Campos Neto em um evento em Brasília nesta segunda (4)

Por Matheus Spiess

4 de março de 2024, 09:19

resultados 4T23 Vale (VALE3), Caixa Seguridade (CXSE3), Gerdau (GOAU4) e Weg (WEGE3) mercado resultados 4t23

Bom dia, pessoal. Na semana que se encerrou, os mercados nos Estados Unidos celebraram as notícias vindas do PCE, o indicador de inflação preferencial do Federal Reserve, que não trouxe as preocupações vistas nos índices de preços ao consumidor e produtor. Os dados iniciais de 2024 sugerem um desvio pontual, sem alterar significativamente a trajetória de desinflação observada anteriormente, embora possam indicar um ritmo mais gradual neste processo.

A expectativa de um pouso suave para a economia mantém-se intacta, com o mercado internacional ainda vibrante com os recordes alcançados nos índices americanos, especialmente aqueles impulsionados pelos avanços em inteligência artificial. A agenda global promete mais eventos importantes, incluindo o Congresso Anual na China e, nos Estados Unidos, a “Super Terça”, que deverá confirmar Trump como o candidato republicano. Dois eventos políticos importantes separados por um Oceano.

Na Europa, a semana inicia de maneira calma, antecipando uma crescente agitação com o anúncio da decisão de política monetária pelo Banco Central Europeu, agendado para quinta-feira. Apesar de não se prever alterações, espera-se uma orientação clara sobre os próximos passos. Os mercados europeus amanheceram em baixa, alinhados com as tendências dos futuros americanos. A semana ainda reserva o relatório de empregos de fevereiro nos EUA e mais uma leva de resultados corporativos, adicionando camadas adicionais de expectativa e análise.

A ver…

· 00:46 — Tensão em Brasília

No Brasil, as declarações de Roberto Campos Neto ganham destaque. A participação do presidente do Banco Central do Brasil em um evento hoje é crucial, sobretudo após suas recentes manifestações otimistas a respeito da situação fiscal do país. Em uma conversa com a Folha, Campos Neto mencionou que o Brasil está em posição de apresentar um déficit fiscal abaixo das estimativas atuais do mercado, que giram em torno de 0,7% a 0,8% do PIB. Sua postura parece buscar sintonia com o governo, especialmente após as iniciativas para aprovar a PEC que expande a autonomia do Banco Central. Embora exista resistência por parte de alguns setores políticos, a esfera econômica, incluindo Fernando Haddad, parece coesa em torno dessa meta.

Contudo, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, enfrenta outros desafios imediatos. A exigência por resultados fiscais favoráveis e a necessidade de evitar cortes substanciais no orçamento de 2024 têm intensificado as tensões e desacordos entre os ministérios da Fazenda e do Planejamento. Com Simone Tebet à frente do Planejamento e responsável pela revisão orçamentária, conflitos com a administração a qual faz parte são esperados. Paralelamente, as atenções se voltam para o resultado da Petrobras, a ser divulgado na quinta-feira, após recentes declarações de seu presidente sobre dividendos que causaram repercussão negativa, já que se antecipava a possibilidade de um anúncio sobre a distribuição de até R$ 8 bilhões.

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· 01:31 — Super Terça

Nos Estados Unidos, o índice Nasdaq rompeu uma estagnação de 27 meses ao registrar novos recordes em dois dias consecutivos, marcando um avanço de 1,1% na sexta-feira e solidificando sua posição no ápice do setor tecnológico. Paralelamente, o S&P 500 também atingiu novos máximos, com um aumento de 0,8%. A cena política promete ser ruidosa nesta semana, principalmente com as primárias da “Super Terça” que definirão os candidatos presidenciais dos principais partidos, uma dinâmica que, até o momento, não impactou significativamente o mercado, mas que está prestes a receber mais atenção. Além disso, a temporada de balanços caminha para o fim e os olhares se voltam para os dados de emprego de fevereiro, que serão divulgados na sexta-feira.

Outro evento de grande interesse é o testemunho do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, perante o Congresso. Recentemente, Powell indicou uma possível desaceleração no ritmo de redução das taxas de juros, contrastando com os aumentos anteriores. Durante os anos 1990, período de taxas de juros elevadas, o mercado acionário experimentou uma expansão significativa, com o S&P 500 apresentando um retorno anual médio de 18,2%. Naquela época, a taxa dos fundos federais alcançou o pico de 8,25% e manteve-se acima de 3%. Atualmente, a taxa situa-se entre 5,25% e 5,5%, com expectativas do mercado de uma redução para 4,4% até o final do ano. A perspectiva de alinhamento dos investidores com essa projeção cresce progressivamente.

· 02:25 — Novos cortes no horizonte

No último fim de semana, a Rússia declarou que reduzirá sua produção de petróleo em 471 mil barris diários durante o segundo trimestre deste ano, em um movimento alinhado às decisões da Opep, que optou por estender as restrições de oferta atuais até o término do segundo semestre. Essa medida representa um corte conjunto na produção de aproximadamente 2 milhões de barris por dia.

Este prolongamento nos cortes de produção visa prevenir um possível superávit global e sustentar a elevação dos preços do petróleo. Com essas ações, o preço do petróleo, que já ultrapassou a marca de US$ 83 por barril, tem a possibilidade de se manter em níveis elevados por um período estendido, o que é uma notícia positiva para a balança comercial do Brasil.

· 03:19 — Ventos vindos da China

Esta terça-feira marca o início do Congresso Nacional do Povo na China, um momento crucial em que Xi Jinping delineará seus planos para o futuro econômico do país em 2024. Recentemente, a economia chinesa enfrentou vários desafios, incluindo turbulências no mercado de ações, redução nos preços, e uma queda notável no investimento estrangeiro, que atingiu seu nível mais baixo em três décadas em 2023. Durante este evento político de grande importância, espera-se que a China estabeleça suas metas de crescimento para 2024 e apresente estratégias para revitalizar sua economia em desaceleração.

A situação econômica da China tem sido preocupante, com indicadores recentes mostrando dificuldades contínuas e o crescente temor de um colapso iminente de outro gigante do setor imobiliário, a Country Garden, sinalizando mais desafios pela frente. O grande desafio para Xi é evitar que as preocupações econômicas se transformem em descontentamento popular generalizado. Com o Partido Comunista Chinês valorizando o poder dos slogans, a reunião legislativa deste ano está sob os holofotes, especialmente com a expectativa de reforço das “novas forças produtivas”. Para o governo, parece crucial intensificar os esforços para modernizar a infraestrutura industrial do país e promover o avanço das novas forças produtivas, como meio de superar a potencial estagnação econômica enfrentada por modelos asiáticos similares.

· 04:12 — A poderosa economia indiana

O desempenho econômico da Índia em 2023 capturou a atenção global, com o país registrando um crescimento impressionante de 8,4% em seu Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre do ano, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. Esta expansão superou as expectativas dos analistas e se destacou como o crescimento mais rápido entre as maiores economias mundiais para esse trimestre, excedendo o aumento de 7,6% observado de junho a setembro.

Essa aceleração econômica tem alimentado um crescente otimismo em relação ao futuro econômico da nação mais populosa do mundo. Em resposta a esses dados animadores do PIB, o mercado acionário indiano alcançou patamares recordes na sexta-feira. Ao longo do último ano, o entusiasmo dos investidores tem impulsionado consistentemente as ações, elevando o valor total das empresas listadas nas bolsas de valores da Índia para ultrapassar a marca dos 4 trilhões de dólares ao final do ano.

· 05:08 — Um novo nome internacional: aguardando o resultado do trimestre

Tenho frequentemente destacado a relevância de diversificar investimentos, incluindo ativos internacionais na carteira, sugerindo que estes representem entre 15% a 30% do total investido, abrangendo várias categorias de ativos. Embora tenha enfatizado os setores ligados à tecnologia, os quais proporcionaram bons retornos aos seguidores desta newsletter, desta vez, meu foco se volta para o setor de varejo, antecipando o grande potencial de um específico ativo no contexto do iminente anúncio de resultados da empresa, previsto para o final de março.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.