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Alta da Selic: quais ações serão mais (e menos) impactadas pelo ciclo de alta de juros?

BTG Pactual analisou quais setores e empresas devem sofrer mais com o ciclo de aperto monetário e onde investir neste cenário.

Por Juan Rey

02 out 2024, 15:49 - atualizado em 02 out 2024, 15:49

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Imagem: iStock/ Ong-ad Nuseewor

Desde o dia 18 de setembro, quando o Banco Central aumentou a taxa básica de juro brasileira, a Selic, em 25 pontos-base, o Brasil entrou em um novo ciclo de aperto monetário. 

O mercado projeta hoje um ciclo de alta de 200 pontos-base na Selic, que terminaria no início de 2025 com a taxa em 12,5% ao ano.

Segundo o BTG Pactual, este ciclo se deve à combinação “de uma forte atividade econômica, um mercado de trabalho robusto, um incerto apoio político às reformas econômicas necessárias para controlar as despesas e um real mais fraco, que contribuíram para a desancoragem das expectativas de inflação.”

Como a taxa repercute diretamente no desempenho das ações brasileiras, o banco de investimentos escreveu em relatório na última segunda-feira (30) quais papéis devem ser mais e menos impactados pelo novo ciclo de aperto.

O BTG destacou que as empresas alavancadas e com grande parcela das dívidas atrelada à Selic sofrem mais. Vale enfatizar que 35% da dívida das empresas da bolsa brasileira estáão vinculadas à taxa. 

“O aumento da taxa Selic impacta os resultados da maioria das empresas que analisamos. Com exceção dos bancos, seguradoras e empresas que possuem caixa líquido, os lucros de quase todas as outras empresas se reduzem devido a taxas mais elevadas.”

Ainda segundo os analistas, as empresas que vendem a maioria dos produtos e serviços no mercado interno têm mais dívidas atreladas à Selic do que as exportadoras de commodities, que, em geral, têm mais dívidas atreladas ao dólar.

“No Brasil, 48% da dívida das empresas nacionais está indexada à Selic, contra 18% dos exportadores de commodities. Alguns varejistas, locadoras de veículos e imobiliárias estão mais expostos.”

Veja alguns nomes de cada setor que devem sofrer com a alta da Selic

No setor de varejo, o segmento de alimentos, eletroeletrônicos e eletrodomésticos têm tem alavancagem relativamente elevada e atrelada à Selic.

“É o caso dos varejistas de alimentos Pão de Açúcar (3,8x dívida líquida/EBITDA; 96% indexados à Selic) e Assaí (3,4x e 91%). Entre os varejistas de eletrônicos e eletrodomésticos, Magazine Luiza (3,7x, 100% indexado à Selic) e Casas Bahia (3,3x e 91%) são os mais alavancados.”

Já no setor imobiliário, o banco enfatiza a alavancagem relativamente alta das construtoras residenciais de alto padrão. “Empresas como JHSF (5,7x; 76% vinculados à Selic) e Helbor (5,0x; 60%) estão entre as mais alavancadas do setor.”

No caso das locadoras, o BTG vê as três listadas em bolsa (Localiza, Movida e Vamos) “alavancadas” e com grande parte das dívidas atreladas à Selic.

“A alavancagem da Localiza está em 3,2x e 70% de sua dívida está atrelada à Selic, enquanto as empresas controladas pelo Grupo Simpar estão todas relativamente alavancadas – Movida está em 3,5x e tem 70% da dívida atrelada ao Selic, a Vamos está em 3,2x e 88 %, e JSL é 3,3x e 93%.”

Bancos, seguradoras e empresas com caixa líquido devem ser menos afetadas afetados pela alta da Selic

Por outro lado, bancos, seguradoras e empresas que têm caixa líquido – ou seja, companhias que têm mais caixa do que dívida em seus balanços – tendem a se sair relativamente melhor em um cenário de aperto monetário. 

“Dadas as características únicas desses negócios, bancos e seguradoras tendem a se beneficiar de uma Selic mais elevada (pelo menos no curto prazo). As empresas que possuem caixa líquida também ganham, como é o caso da maioria dos nomes de tecnologia.”

Dentre os nomes com caixa líquido, o banco destaca TOTVS, Intelbras, Locaweb, WEG, Ambev e B3.

O banco também destaca os balanços das construtoras de baixa renda. “Melhoraram enormemente.”

“Hoje, Cury e Plano & Plano têm caixa líquido, a Direcional basicamente não tem dívida e a Tenda está 1,1x alavancada, mas deve terminar 2025 com uma dívida líquida/EBITDA de apenas 0,5x.”

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Este material não tem relação com objetivos específicos de investimentos, situação financeira ou necessidade particular de qualquer destinatário específico, não devendo servir como única fonte de informações no processo decisório do investidor que, antes de decidir, deverá realizar, preferencialmente com a ajuda de um profissional devidamente qualificado, uma avaliação minuciosa do produto e respectivos riscos face a seus objetivos pessoais e à sua tolerância a risco (Suitability).

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br

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