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Amazon (AMZO34) tem 3T23 acima das expectativas, com destaque para a alta de 235% no lucro por ação

Apesar de divulgar números muito robustos no trimestre, resultado da Amazon foi ofuscado pela fala do CFO na teleconferência com os analistas

Por Enzo Pacheco, CFA

27 de outubro de 2023, 08:02

amazon amzo34

Na última quinta-feira (26), foi a vez da Amazon (B3: AMZO34 | Nasdaq: AMZN) apresentar os seus balanços do terceiro trimestre (3T23).

Os resultados vieram melhores do que as estimativas de mercado, com especial destaque para o lucro por ação muito acima do que os analistas projetavam.

No período, as vendas da Loja de Tudo somaram US$143,1 bilhões, valor 13% maior do que o reportado no mesmo período de 2022.

Operações internacionais foram destaque de crescimento

Analisando por segmento, o destaque de crescimento foram as operações internacionais, com aumento de 16% (+11% quando desconsiderado a variação cambial) na receita, que totalizou US$32,1 bilhões.

As operações na América do Norte, principal negócio da companhia, apresentou vendas de US$87,9 bilhões (+11% vs. 3T22), e o Amazon Web Services, US$23,1 bilhões (+12%).

O lucro operacional da companhia no trimestre foi de US$11,2 bilhões, aumento de 348% na comparação anual e o representa uma margem de 7,8%.

Além da redução no nível de despesas — que um ano atrás eram o equivalente a 98% da receita, passando para 92% no trimestre atual —, é relevante demonstrar a importância da AWS para a lucratividade da companhia como um todo. 

Apesar de ser menos de 20% da receita da empresa, o lucro operacional de US$7 bilhões (+29,6% vs. 3T22) representa quase dois terços do valor total.

Por outro lado, as operações da América do Norte e Internacional rodam com margens bem mais comprimidas: enquanto a primeira apresentou um lucro operacional de US$4,3 bilhões (ante prejuízo de US$ 400 milhões um ano antes), a segunda ainda reportou prejuízo de US$100 milhões (comparado com perdas de US$ 2,5 bilhões no 3T22).

Amazon tem lucro líquido de US$9,9 bilhões no 3T23

Na linha final dos resultados, o lucro líquido da Amazon totalizou US$9,9 bilhões, ou US$0,94 por ação, crescimento de 235% na comparação anual.

Outro ponto importante reforçar é que essa melhora nos resultados realmente está ancorada na melhoria de suas operações. 

Isso pode ser analisado porque, no resultado apresentado um ano atrás, o lucro líquido de US$2,9 bilhões incluía um ganho antes dos impostos de US$1,1 bilhão com a marcação a mercado do investimento da companhia na Rivian — fabricante de veículos elétricos na qual a Amazon investiu em 2019. Já no resultado desse ano, a companhia também reconheceu um ganho contábil nesse investimento, em um montante similar (US$1,2 bilhão). 

A ideia implementada pelo fundador Jeff Bezos na sua primeira carta aos acionistas no final da década de 90, de que a companhia focaria na maior geração de caixa em detrimento de uma lucratividade imediata, parece continuar válida nos dias de hoje.

Isso porque o fluxo de caixa operacional nos doze meses encerrados em setembro totalizou US$71,7 bilhões, um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2022. Já o fluxo de caixa livre descontado as necessidades de investimentos e outras obrigações financeiras resultou em uma geração de caixa de US$20,2 bilhões, ante uma queima de caixa de US$21,5 bilhões um ano atrás.

E não parece que essa dinâmica deve ficar para trás tão cedo.

As linhas de negócio mais lucrativas, como serviços de assinaturas (por exemplo, o Prime), vendas de publicidade e a AWS reportaram aumentos (desconsiderando a variação cambial) de 13%, 25% e 12%, respectivamente. Com exceção do AWS, esse ritmo de crescimento está no nível observado nos últimos seis trimestres.

Para o quarto trimestre, a direção estima que a receita da companhia deva ficar no intervalo entre US$160 bilhões e US$167 bilhões, o que representaria um valor de 7% a 12% maior do que o reportado no 4T22. Já o lucro operacional deve ficar entre US$7 bilhões e US$11 bilhões, comparado com US$2,7 bilhões no mesmo período do ano passado.

Comentários do CFO na teleconferência tira ímpeto dos investidores

Apesar da reação inicial positiva nas ações da companhia, que chegaram a subir mais de 3% logo após a divulgação dos resultados, os comentários do CFO Brian Olsavsky de que os clientes continuam cautelosos diante do cenário macroecônomico tirou o ímpeto dos investidores — as ações passaram a operar próximo da estabilidade no after-market.

Mesmo com os bons números divulgados, o valuation esticado nas ações da Amazon (B3: AMZO34 | Nasdaq: AMZN), acima das 54 vezes seus lucros projetados para o ano, ainda me faz ter um pouco de cautela em relação à tese no momento. Caso a ação continue recuando mais dos níveis atuais — além da queda de 17% em relação aos US$144 atingidos em setembro —, olharemos o ativo com mais interesse para nossa carteira internacional.

Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Desde 2017 atua na análise dos mercados internacionais na série da Empiricus voltada a este propósito (MoneyBets).