O BTG Pactual (BPAC11) divulgou hoje (13), antes da abertura do mercado, seus números referentes ao 4T22, que superaram as expectativas.
O grande receio era o tamanho do impacto Americanas, que, no final das contas, foi mais suave que o esperado: o lucro líquido ficou em R$ 1,7 bilhão, com retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 17%, um patamar ainda interessante – ainda mais na comparação com os demais bancos com exposição à varejista.
Retirando esse efeito, o resultado teria superado as expectativas: R$ 2,4 bilhões de lucro líquido, com ROE de 22%.
Na área de Investment Banking, a receita líquida foi de R$ 485 milhões (-8% trimestralmente), com a queda provavelmente explicada pelas eleições e pela Copa do Mundo. Entretanto, na comparação anual, essa receita cresceu 17%, pelo maior volume de emissões de renda fixa, mais que compensando a atividade fraca de renda variável e fusões e aquisições.
Provisões do caso Americanas derrubam receita da área de Corporate & SME Lending
Já a divisão de Corporate & SME Lending foi fortemente afetada pelas provisões relacionadas às Americanas. A receita da área foi de R$ 105 milhões, queda trimestral de 89%, e queda anual de 86%.
A provisão total para Americanas, de R$ 1,2 bilhão, representou 63% da exposição líquida à varejista (de R$ 1,9 bilhão), o que consideramos adequado. A exposição bruta divulgada na lista de credores, de R$ 3,5 bilhões, foi diminuída por alguns ativos que a varejista tem junto ao BTG:
- R$ 1,2 bilhão em recursos aplicados, cujo bloqueio o BTG demanda judicialmente (e que acreditamos que deve conseguir);
- R$ 400 milhões (na nossa estimativa) em cobertura de seguros.
Com isso, a exposição líquida fica em R$ 1,9 bilhão, com a provisão de R$ 1,2 bilhão representando 63%. Excluindo a provisão extraordinária, a receita de Corporate & SME Lending teria sido de R$ 1,3 bilhão, com forte crescimento trimestral (+31%) e anual (+65%).
Área de Sales & Trading do BTG se destaca frente aos pares
Sales & Trading, por sua vez, teve mais um bom trimestre: R$ 1,1 bilhão de receita (ou R$ 1,2 bilhão excluindo um pequeno efeito de Americanas no valor de R$ 77 milhões).
Essa receita representa queda trimestral de 18%, o que é compreensível diante da abertura da curva de juros no pós-eleições; mas também uma alta anual de 24%.
A linha chama atenção principalmente na avaliação relativa: Santander e Bradesco entregaram prejuízos grandes na aqui, enquanto Itaú, que é maior que o BTG, entregou um resultado positivo, mas menor que o de BTG.
A área de Asset Management, que concentra os fundos de gestão ativa e os serviços de administração de fundos, teve uma receita de R$ 429 milhões (+5% t/t e +19% a/a). O bom desempenho foi justificado pela captação líquida de R$ 33 bilhões no trimestre, principalmente nos fundos ativos de renda fixa, alternativos e na administração fiduciária.
Por fim, a vertical de Wealth Management & Consumer Banking teve receita de R$ 686 milhões (+5% t/t e +28% a/a). O forte crescimento se deve à captação líquida de R$ 35 bilhões em recursos de clientes, além do ganho de participação de mercado no varejo de alta renda, que é mais rentável.
Na linha final, ajudou a redução de R$ 153 milhões no bônus, em decorrência da provisão da Americanas, além de uma alíquota de imposto de renda menor (6%).
Com 2022 bem avaliado e 2023 promissor, BPAC11 segue com recomendação de compra
No ano fechado, o lucro líquido foi de R$ 8,3 bilhões (R$ 8,9 bilhões sem Americanas), com ROE de 21% (22% sem Americanas), acima do soft guidance de 20%.
Para 2023, o banco sinalizou que pretende entregar um ROE melhor ainda, com o crescimento das áreas de Corporate & SME Lending, Asset Management, Wealth Management e Sales & Trading mais que compensando mais uma desaceleração no Investment Banking.
Com um resultado positivo e um cenário animador, reafirmamos nossa recomendação de compra para BTG Pactual (BPAC11).