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“Começa a fazer sentido a montagem de uma pequena posição em Petrobras (PETR4)”, diz Felipe Miranda – confira este e outros assuntos discutidos na live dele.

Em live no seu perfil do Instagram, o estrategista-chefe da Empiricus, atualizou a conjuntura macro, falou sobre o temor da alta da inflação nos Estados Unidos e discutiu os resultados da Direcional Engenharia (DIRR3), Eneva (ENEV3) e Cosan (CSAN3). Ele também disse que pretende entrevistar Lula e Bolsonaro. Veja os melhores momentos.

Por Daniela Rocha

18 de maio de 2021, 14:40

Todo domingo, às 18h30,  Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, faz uma live no Instagram dele

Desta vez, ele fez uma atualização do cenário macroeconômico, destacando os fatores que precisam ser monitorados em relação à inflação nos Estados Unidos e comentou sobre os resultados do primeiro trimestre e as perspectivas de várias empresas listadas na Bolsa. 

Sem dúvida, essa é uma forma dinâmica e descontraída de acompanhar assuntos relevantes do mercado. 

Dois pontos me chamaram a atenção. Um deles é que, segundo Felipe, agora faz sentido uma pequena posição na carteira em Petrobras (PETR4). 

O outro é a intenção que ele tem de entrevistar Lula e Bolsonaro. 

 Estes foram os melhores momentos da live: 

Inflação e commodities – o que esperar?

Retomando um pouco o contexto, Felipe Miranda comentou que a maior parte da semana passada foi ruim para os mercados em função da preocupação com a alta da inflação dos Estados Unidos e da disparada dos preços das commodities metálicas como cobre, alumínio minério de ferro, assim como de alguns produtos agrícolas. 

Inclusive, foi divulgado o índice de preços ao consumidor americano, que subiu 0,8% em abril e 4,2% nos últimos 12 meses – acima das expectativas – e a maior alta em um período de 12 meses desde setembro de 2008, quando esse indicador avançou 4,9%.   

Com isso tudo, as techs apanharam muito, suas ações tiveram fortes quedas nas Bolsas. 

Porém, a partir da quinta-feira, o mercado foi reagindo ao digerir os dados e diante de uma queda dos preços das commodities metálicas – uma mudança abrupta, “um cavalo de pau”, como disse o Felipe. Especialmente o minério de ferro teve uma queda expressiva na sua cotação – o que amenizou temporariamente o temor inflacionário. 

Olhando adiante, o estrategista-chefe da Empiricus avalia que o cenário continua positivo para as companhias produtoras de commodities no curto e médio prazo, ainda que com correções para baixo. “O preço do minério de ferro em torno de US$ 230 a tonelada não é razoável. Então, acredito que irá se estabilizar em patamares mais baixos, mas ainda muito bons para a geração de caixa da Vale (VALE3)”, ressaltou. As ações da mineradora brasileira seguem na carteira Oportunidades de Uma Vida, conduzida pelo Felipe e sua equipe de analistas.  

Ele explicou que a sobrevalorização das commodities tinha sido provocada, em grande parte, por antecipações de compras com receio de disrupção das cadeias de suprimentos pela frente, porém, o fluxo tende a se normalizar. Ainda de acordo com ele, tinha voltado à tona de forma exagerada a preocupação com a tensão na relação comercial entre a China e a Austrália – que já não era um fato novo para os agentes de mercado. 

As peças do quebra-cabeça 

Em sua live, o estrategista-chefe da Empiricus disse que a grande questão do momento é saber se a inflação nos Estados Unidos – país que dita muito na economia global, é transitória ou não. “Esta é a pergunta de US$ 1 bilhão. Estamos navegando em mares nunca dantes navegados”. 

No entanto, Felipe colocou na mesa alguns fatores importantes que precisam ser monitorados. 

Segundo ele, em um processo de retomada pós-crise é normal que a demanda reaja de maneira acelerada com tantos estímulos, enquanto a oferta – as cadeiras produtivas e de suprimentos – levam mais tempo para se reorganizar, então, é preciso observar esse timing de ajustes. 

Outro ponto importante é a dinâmica do mercado de trabalho. Hoje, vigora uma situação de alto índice de desemprego e inflação. Porém, o mercado de trabalho está reagindo e é preciso ver se ele se tornará catalisador de uma espiral de preços e salários. A lógica é a seguinte: quanto mais o mercado vai ficando apertado, mais próximo do pleno emprego, os salários vão aumentando. E quanto maior a renda, mais as pessoas gastam e os preços se elevam no mercado.

Por outro lado, ele destaca que há dois elementos deflacionários estruturais no horizonte – o avanço das tecnologias, que barateiam os serviços, e o envelhecimento da população, que implica em uma tendência de poupar mais para ter qualidade de vida no futuro. 

“É preciso acompanhar todos esses aspectos e, no curto prazo, ainda vamos conviver com incertezas. Na minha visão, eu não acredito que o FED será tão leniente com a inflação, porém, não acho que haverá uma coisa louca de subida da taxa de juros como acreditam muitos no mercado – não será uma sangria desatada. Provavelmente, a economia assumirá uma dinâmica de mais crescimento, mais inflação, porém, com juros não muito altos”, analisou. 

Bolsa deve sair do marasmo dos 120 mil

Apesar dos desafios, a vacinação contra a Covid avança no país e há um processo de reabertura.

Felipe destacou alguns sinais positivos de recuperação, entre eles, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que registrou em maio a primeira alta desde o início da pandemia do coronavírus. O indicador cresceu 1,31% na comparação dessazonalizada com abril. 

Além disso, diversas instituições financeiras revisaram as suas projeções de crescimento do PIB ao redor de 4% em 2021. 

 “Temos um cenário de avanço das atividades e mais inflação. As ações devem andar nominalmente. Sobre esses 120 mil pontos da Bolsa, teremos um ganho com a correção da inflação e, somando o crescimento real, será ainda melhor. Essa história dá samba”, ressaltou Felipe na live dele. 

O estrategista-chefe da Empiricus aproveitou para ressaltar que as sinalizações do Banco Central de que não existe um compromisso com o ajuste parcial e que os juros podem subir o que for preciso para controlar a inflação, acabaram fazendo o dólar recuar – levando a um efeito favorável. “Com um dólar não tão elevado, pode ser que o BC não precise subir tanto os juros. Assim, os juros longos que estavam acima de dois dígitos, deram uma voltada”, comentou.

Ações em pauta

Direcional Engenharia (DIRR3): boa pagadora de dividendos

Para Felipe Miranda, o resultado da Direcional Engenharia no primeiro trimestre de 2021, foi espetacular. O lucro saltou 170% para R$ 27 milhões sobre o mesmo período do ano passado.

De acordo com ele, as despesas gerais e administrativas da companhia tiveram redução de 4% em relação ao quarto trimestre de 2020 e de 3% na comparação com comparação com igual período do ano passado. 

Outro ponto que chamou a atenção foi a margem bruta de 36% no primeiro trimestre deste ano. “A margem é enorme e como a empresa é pouco alavancada, gera elevados dividendos. Esse negócio pode pagar mais de 15% de dividendos esse ano”, afirmou. Ele lembrou que nesta semana, a companhia pagará 5,5% de dividendos e ficará  data ex. 

Ainda, conforme o estrategista-chefe da Empiricus, a Riva, uma empresa da Direcional, especializada em empreendimentos residenciais voltados ao público de média e baixa renda, que representa hoje um quarto da operação, tem potencial para dobrar de tamanho.  

Eneva (ENEV3) apanhou, mas empresa tem bons fundamentos

Na live, o Felipe foi questionado sobre as ações da Eneva (ENEV3), companhia de geração termelétrica a gás e fotovoltaica, que “apanharam” nos últimos dias.  

“A Eneva voltou a ficar barata. Isso porque estavam falando sobre a possível saída do BTG, mas nós comentamos mais de 200 vezes que o banco não estava desinvestindo. A empresa tem muito potencial, principalmente nesse momento de pressão hídrica – porque não está chovendo – ao mesmo tempo que a economia está crescendo. É uma das empresas que vai nos salvar do apagão”, respondeu. Ele destacou ainda que o Roberto Sallouti, presidente do BTG, confirmou em teleconferência a manutenção da fatia da instituição na companhia.

Felipe avalia que Eneva soltou um resultado do primeiro trimestre “adequado” e está confiante com o potencial de produção de gás no Polo Urucu, na Bacia do Solimões, no Amazonas, adquirido da Petrobras no início deste ano.

Cosan (CSAN3) mostra sua eficiência 

Na avaliação do Felipe, a Cosan o resultado do trimestre de 2021, divulgado na última sexta-feira, demonstra a sua eficiência. Assim, ele espera boa reação das suas ações no início desta semana 

“Na operação de distribuição de combustíveis, eu destaco o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 112 por metro cúbico, um belíssimo nível. Qualquer nível acima de R$ 100 é excelente. Muito bom o resultado ter sido positivo às vésperas do IPO da Raízen.”

A Cosan tem uma participação de 10% na carteira Oportunidades de Uma Vida, uma das maiores posições, junto com a Vale. 

Como ele tem dito, o IPO da Raízen, com foco em bioenergia, pode ser o maior da história brasileira e deverá destravar o valor na Cosan.

Falando em combustíveis… resultado da Petrobras (PETR4) surpreende e vale uma pequena posição

Na visão do Felipe, o resultado da Petrobras foi positivo. A companhia terminou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 1, 17 bilhão, revertendo prejuízo de R$ 48,52 bilhões apurado no mesmo intervalo de 2020. A receita da petrolífera somou R$ 86,17 bilhões, uma alta de 14,2% ante a receita do mesmo período do ano passado. Por sua vez, o Ebitda ajustado teve aumento de 30,5% de janeiro a março, um aumento de 30,5% na mesma base de comparação. 

“Fiquei muito bem impressionado com o resultado da companhia, soltando um free cash flow yield – fluxo de caixa livre para os acionistas -de 25%. Começa a fazer sentido a montagem de uma pequena posição em Petrobras, junto com a 3R Petroleum (RRRP3), que é a minha favorita. Já baixou o barulho em relação às principais preocupações com a companhia. O dólar deu uma voltada e já houve reajustes dos combustíveis depois que o novo presidente Joaquim Silva e Luna assumiu”, ressaltou o estrategista-chefe da Empiricus. 

Portanto, para ele, diminuíram os riscos de intervenções políticas na companhia e o conselho de administração tem se mostrado comprometido com a geração de resultados aos acionistas. 

Quanto à 3R Petroleum, o resultado do primeiro trimestre veio marginalmente abaixo das expectativas, mas a companhia segue promissora. Recentemente, a ação da companhia sofreu um pouco com o com recente o IPO da PetroRecôncavo, porém ele vê uma tendência de recuperação. 

Convites para entrevistar Lula e Bolsonaro

O estrategista-chefe da Empiricus disse que pretende entrevistar Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possível candidato à presidência da República. Inclusive, ele já fez o convite ao ex-presidente, mas ainda não obteve resposta. 

“Quero entrevistá-lo, apesar das críticas que tenho recebido. A questão é que precisamos analisar os cenários. Gostando ou não das posições dele, o que as pessoas precisam entender é que seus investimentos serão impactados pela corrida eleitoral envolvendo Lula”, explicou Felipe. 

Felipe ressaltou que também quer entrevistar o atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro. “Eu já o convidei e levei ‘dois nãos’. Como sou brasileiro e não desisto nunca, vou tentar pela terceira vez.”

 

Quer ficar por dentro de outros assuntos quentes do mercado? Assista à live completa que está salva no IGTV e acompanhe os posts do Felipe Miranda no Instagram (ofelipe_miranda).

E marque na sua agenda: a live acontece todos os domingos às 18h30. 

Se você está interessado nas recomendações e análises do Felipe Miranda, é possível experimentar a série Palavra do Estrategista gratuitamente por sete dias.  Lá você terá acesso à lista de ações que fazem parte da carteira Oportunidades de Uma Vida.

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Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.