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Investimentos

Cosan (CSAN3): Por que o resultado da holding no 3T25 ‘envelheceu rápido’?

Capitalização de R$ 10,5 realizada pela Cosan após o fechamento do trimestre melhorou o balanço da companhia

Por Larissa Quaresma, CFA

18 nov 2025, 09:41

Atualizado em 18 nov 2025, 09:41

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Imagem: Divulgação/Cosan

A Cosan (CSAN3) divulgou números esperadamente fracos para o 3T25, reflexo da estrutura de capital ainda pressionada, tanto no nível da holding quanto da Raízen, além do juro elevado. O prejuízo líquido foi de R$ 1,2 bilhão, e o EBITDA sob gestão foi de R$ 7,4 bilhões, queda anual de 11%.

Contudo, a capitalização de R$ 10,5 bilhões, realizada após o fechamento do trimestre, melhorou substancialmente o balanço, e isso não está refletido nos números reportados. Exatamente por isso, entendemos que esse resultado “envelheceu rápido” — daqui para frente, deveríamos esperar performances bem melhores de Cosan.

Veja o desempenho das subsidiárias da Cosan

A Rumo reportou EBITDA Ajustado de R$ 2,3 bilhões, expansão anual de 4%, puxada pelo crescimento de 8% no volume transportado. Isso mais que compensou a redução de 6% na tarifa média, tanto na Malha Norte (-7%) quanto na Malha Sul (-12%). O lucro líquido da investida foi impactado pelo aumento anual de 46% na despesa financeira, em função do juro elevado, além de um impairment de R$ 317 milhões na Malha Sul. Na visão Cosan, a equivalência patrimonial ficou em R$ 124 milhões, redução anual de 83%.

Já a Compass registrou alta anual de 6% no EBITDA Ajustado, que somou R$ 1,4 bilhão. Isso se deve à expansão de 3% no volume de gás distribuído, tanto no on-grid quanto no off-grid, também ajudado pela consolidação da Compagas. O mix de distribuição, ainda, favoreceu as margens. O juro maior, entretanto, compensou a boa performance operacional, fazendo com que a equivalência patrimonial ficasse em R$ 320 milhões na visão Cosan, redução anual de 20%.

Por sua vez, a Moove apresentou EBITDA Ajustado de R$ 360 milhões, queda anual de 7%, ainda refletindo a recuperação após o incêndio na fábrica do Rio de Janeiro, no começo deste ano. A subsidiária já recuperou seus volumes de produção (-1% anualmente); agora, trabalha para restabelecer seus níveis de eficiência históricos. A investida registrou R$ 70 milhões em equivalência patrimonial, revertendo o prejuízo do mesmo período do ano passado.

A Radar, de terras agrícolas, reportou EBITDA de R$ 106 milhões, queda anual de 59%, devido à menor venda de terras nesse trimestre. A linha final na visão Cosan (equivalência patrimonial) foi de R$ 33 milhões (-10% anualmente).

Finalmente, a Raízen entregou EBITDA ajustado de R$ 3,3 bilhões, queda anual de 14%. Pesou o desempenho de Etanol, Açúcar e Bioenergia (-27%), impactado por menor produtividade e preços de etanol. Na ponta positiva, a Distribuição de combustíveis (+7%) foi ajudada pela expansão de volume e margem no Brasil, efeito parcialmente compensado pela desvalorização  cambial na operação da Argentina. A linha final foi bastante impactada pelo elevado endividamento, de 5,1x o EBITDA dos últimos 12 meses, assim como pelo impairment de ativos colocados para venda (R$ – 1,0 bilhão). Na visão Cosan, a equivalência patrimonial foi negativa em R$ 1,0 bilhão, contra R$ -105 milhões no mesmo período do ano passado. A Raízen segue queimando caixa operacional (R$ -894 milhões neste trimestre), mas é possível notar melhoria no seu fluxo de caixa livre (redução anual de 52% na queima, que foi de R$ 1,6 bilhão), devido à redução de investimentos e primeiros recebimentos pela venda de ativos.

Cosan tem prejuízo líquido de R$ 1,2 bilhão

No nível da holding, as despesas operacionais somaram R$ 65 milhões, redução anual de 43%, e o resultado financeiro foi negativo em R$ -858 milhões, piora anual de 65% – efeito do maior endividamento e da Selic elevada. Com isso, o prejuízo líquido da Cosan foi de R$ -1,2 bilhão.

A companhia terminou o trimestre com um índice de endividamento de 3,7x o EBITDA dos últimos 12 meses, piora sequencial de 0,3x. Ademais, o índice de cobertura de juros, que relaciona os dividendos recebidos com os juros da dívida nos últimos 12 meses, ficou em 1,0x, piora trimestral de 0,2x.  

CSAN3: 3T25 “envelheceu rápido”

Muito embora a fotografia da operação seja desafiadora, enxergamos esse resultado como “antigo”, dada a capitalização realizada após o fechamento do trimestre. Com R$ 10,5 bilhões a mais no caixa e consequente redução do endividamento, os resultados tendem a melhorar substancialmente nos próximos trimestres no nível da holding. Em Raízen, os desafios operacionais e de balanço persistem, embora seja possível enxergar melhorias. 

Como próximos passos, seguiremos acompanhando a agenda de venda de ativos, especialmente na Raízen. Negociando a um desconto de holding de 19% nas nossas estimativas, mantemos recomendação de compra para CSAN3.

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.