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Eletrobras (ELET6) e Eneva (ENEV3): alguns sinais de melhora para as companhias

‘Tempestade perfeita’ atingiu setor elétrico e, consequentemente, as ações da Eletrobras e da Eneva, mas há sinais de melhora; entenda

Por Ruy Hungria

13 de outubro de 2023, 11:07

Taesa (TAEE11) e Eletrobras (ELET6) Eneva (ENEV3)
Imagem: Pixabay

Não é novidade que o enorme volume de chuvas que atingiu o Brasil nos últimos dois anos encheu os reservatórios e afetou negativamente duas empresas da nossa carteira de dividendos: Eneva (ENEV3) e Eletrobras (ELET6).

Num contexto de reservatórios cheios, as térmicas raramente são despachadas, o que tem sido um problema para a Eneva. 

No caso da Eletrobras, os preços de energia há mais de um ano no piso regulatório vem impedindo ela de conseguir vender a capacidade ainda descontratada das usinas renovadas no processo de privatização

Mas depois de meses de sentimento negativo, alguns eventos recentes ajudaram a melhorar a percepção do mercado. 

A onda de calor que atingiu o Brasil no fim de setembro trouxe um pico de consumo de energia fora de época (principalmente por conta de aparelhos de ar condicionado) e fez o preço da energia sair do piso regulatório pela primeira vez em mais de um ano.

Fonte: Dcide.

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  • Temperaturas devem superar média nos próximos seis meses

    Além disso, vale a pena mencionar que o Instituto de Pesquisas Climáticas de Columbia (IRI) recentemente publicou expectativas de temperaturas bem acima da média para os próximos seis meses em praticamente todo o território brasileiro, o que sugere um maior consumo de energia pela frente também. 

    Fonte: IRI Columbia Climate School.

    Mas é importante mencionar que não foi apenas o calor que provocou essa alteração. Paradas para manutenção em Angra II e uma abordagem um pouco mais cautelosa do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) após o apagão de agosto também ajudaram a elevar os preços. Aliás, sobre o apagão, as investigações da ONS também trouxeram uma notícia marginalmente positiva para as nossas elétricas. 

    Reprodução: Poder 360.

    A conclusão de que a falha se deu em usinas eólicas e solares não apenas tira a suspeita sobre falhas operacionais das redes da Eletrobras como também pode voltar a trazer um pouco mais de racionalidade, disciplina e segurança energética para o planejamento e a expansão do setor elétrico brasileiro. 

    Lembre-se que nos últimos anos vimos um crescimento desordenado de usinas eólicas e solares, pautado em incentivos exagerados que desequilibraram a oferta e a demanda, jogaram os preços lá embaixo mas ao mesmo tempo não incrementaram a segurança do sistema, dado o caráter intermitente dessas fontes de geração.

    Sobre o nível dos reservatórios, eles continuam elevados e isso ainda é um problema para os preços de energia e para os despachos termelétricos. Mas já há estiagem e falta de chuvas em alguns pontos da Região Norte, com interrupção de algumas usinas hidrelétricas inclusive. 

    Esse efeito, apesar de ainda estar concentrado na Região Norte e não afetar a operação do sistema nacional, deveria pelo menos voltar a lembrar alguns investidores que o fato de termos passado por dois anos muito bons de chuva não significa que será assim para sempre.

    ENEV3 e ELET6 seguem com recomendação de compra

    Como você pode perceber, há uma tempestade perfeita assolando o setor – sobreoferta de energia, reservatórios cheios, baixo crescimento econômico, incentivos para as renováveis, etc. 

    Por outro lado, os sinais recentes mostram que esses desequilíbrios do setor não deveriam ser extrapolados para sempre, apesar de as cotações de Eneva e Eletrobras sugerirem exatamente isso. 

    ENEV3 e ELET6 seguem recomendadas pela Empiricus Research.

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    Sobre o autor

    Ruy Hungria

    Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.