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Eneva (ENEV3) divulga resultados da Certificação de Reservas referente ao final de 2022; veja a análise

Companhia incorporou 12 bilhões de metros cúbicos de gás às suas reservas; risco da tese passa a ser outro

Por Ruy Hungria

2 de fevereiro de 2023, 12:25

Imagem de homem com uniforme da Eneva olhando para uma máquina de extração de gás Eneva (ENEV3)
Reprodução/Divulgação Eneva

A Eneva (ENEV3) divulgou na quarta-feira (1) os resultados da Certificação de Reservas referente ao fim de 2022, com ótima expansão. 

No ano, a companhia incorporou 12 bilhões de metros cúbicos (billion cubic meters, ou bcm) de gás às suas reservas, sendo 4,5 bcm na Bacia do Parnaíba e 7,5 bcm na Bacia do Amazonas.

Como 2022 teve pouquíssimo despacho termelétrico, por conta do elevado nível dos reservatórios das hidrelétricas, a Eneva produziu apenas 1 bcm no ano. Sendo assim, o incremento líquido das reservas foi de 11 bcm – passou de 36 bcm para 47 bcm. 

Com bom nível de reservas, risco da tese em Eneva passa a ser outro

Mesmo considerando um ano de despachos elevados, como em 2021, quando faltou água e suas usinas consumiram 2 bcm, o nível de reservas atuais traz bastante segurança e reduz cada vez mais aquele que já foi o grande risco da tese: o gás acabar e a Eneva precisar comprar combustível por preços elevados no mercado.

Na verdade, o grande risco da tese agora é outro: a hidrologia permanecer favorável por um longo período e os despachos das térmicas ficarem praticamente nulos por muitos anos, como foi em 2022.

Nesse caso, ela ainda continuaria recebendo as receitas fixas pela disponibilidade de suas usinas, mas deixaria de receber as receitas variáveis pela geração. 

Para solucionar esse problema, a Eneva vem tentando – e conseguindo – encontrar outras maneiras de monetização do gás que não tem sido “queimado” pelas usinas. Os recentes acordos de suprimento de gás para a Suzano e Vale são um bom exemplo disso, e há outras iniciativas em estudo como construção de hubs para escoamento da molécula para mercados internacionais, o que pode vir a ser crucial em um ambiente de baixa geração termelétrica.

Além disso, é sempre bom lembrar que apesar das condições hidrológicas muito boas neste momento – e da crença do mercado de que elas vão continuar assim por anos a fio – sabemos que bastam um ou dois anos de clima desfavorável para que a situação mude completamente. Lembre-se que já passamos por três crises hídricas nos  últimos vinte anos.

Por 7 vezes Valor da Firma/Ebitda esperados para 2023, a Eneva (ENEV3) segue em várias séries da Empiricus Research

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.