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Intelbras (INTB3): por que a ação cai tanto em 2023? Ainda vale a pena investir?

Em um ano que já era ruim, Intelbras viu suas ações despencarem 13% na quarta-feira (11), dias depois de anunciar a aquisição da Allume

Por Richard Carboni Camargo

13 de outubro de 2023, 14:00

intelbras intb3

Desde a aquisição fracassada da Renovigi, falar de M&A em Intelbras (INTB3) é trazer o elefante para o centro da sala

Nessa semana, depois de muito tempo, a empresa anunciou uma nova aquisição: a empresa colombiana Allume, que assim como a Intelbras é uma das maiores distribuidoras de equipamentos eletrônicos do país em nichos como segurança e comunicações.

O business é basicamente o mesmo, mas o fato deste ser um passo rumo à internacionalização nos deu um frio na barriga.

A melhor maneira que a Intelbras poderia mitigar riscos neste caso seria investindo pouco. Felizmente, foi isso o que eles fizeram. 

Em 2022, a Allume faturou R$ 102 milhões e, apesar de não termos maiores detalhes, os executivos deram a entender que as margens são positivas.

A fatia adquirida foi de 55% do capital, pelo valor total de R$ 24 milhões, o que avalia a Allume em aproximadamente 0,43x vendas dos últimos 12 meses.

A própria Intelbras, que consideramos inequivocamente barata aos patamares atuais, vale 1,2x vendas e cerca de 11x lucros.

Além do valor ser baixo, apenas 30% dele foi pago à vista, enquanto 60% serão pagos em parcelas mensais ao longo dos próximos 12 meses e 10% restantes em parcelas anuais ao longo de três anos.

Aquisição da Allume pela Intelbras é ‘imaterial’

Como a Intelbras possui atualmente um valor de mercado de R$ 5,7 bilhões, podemos dizer que aquisição é imaterial, com contornos muito mais de uma opcionalidade, do que um elemento central ao futuro da tese de investimentos.

Ou seja, há dois caminhos possíveis para o futuro da Allume sob o guarda-chuva da Intelbras: se ela se tornar um sucesso comercial em termos de crescimento e penetração de mercado, voltaremos a ouvir falar nela em dois ou três anos e ela servirá como uma forma de aprendizado para a companhia sobre como expandir para além das fronteiras brasileiras.

Já se a aquisição não for bem sucedida, o mais provável é que nunca mais voltemos a ouvir falar da Allume, que ficará escondida atrás dos resultados muito maiores da Intelbras no Brasil.

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Por que as ações caíram tanto em 2023?

Nos últimos 12 meses, as ações da Intelbras sofreram desproporcionalmente com a piora nos resultados da divisão de energia e o fracasso da aquisição da Renovigi.

A retirada dos subsídios no segmento solar acabou provocando um impacto maior na divisão do que estimamos inicialmente.

Na última quarta-feira, um research publicou uma prévia de resultados bastante pessimista para Intelbras no 3T23; isso levou a ação a cair -13% num pregão já pesado, tendo negociado mais de 9 milhões de ações no dia (quase 10x a média diária).

Entenda por que seguimos construtivos com INTB3

Mas os elementos que nos levaram a avaliar inicialmente o futuro potencial de Intelbras se tornar uma grande pagadora de dividendos seguem todos presentes.

Atualmente negociada a apenas 10x lucros esperados para 2024, Intelbras nos parece muito descontada para uma empresa sem dívidas, rentável e que historicamente sempre foi capaz de encontrar novos mercados e se manteve crescendo dois dígitos mesmo nos momentos mais difíceis.

Mantemos nossa recomendação de compra para INTB3.

Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.