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Multilaser (MLAS3) atinge R$ 5 bi de faturamento com lançamentos rápidos e preços acessíveis

Empresa de eletrônicos faz, em média, cinco lançamentos por dia e mostra resiliência em cenários desafiadores com seus produtos ‘bons, bonitos e baratos’; confira os bastidores do negócio neste Papo Exponencial com Alexandre Ostrowiecki, CEO da Multilaser

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Data de publicação
16 de fevereiro de 2022
Categoria
Investimentos

Em uma janela de menos de 20 anos, a Multilaser (MLAS3) passou de um faturamento anual de R$ 30 milhões para o patamar de R$ 5 bilhões. Esse é o valor estimado para 2021, cujo balanço sairá em 24 de março.  

O ‘segredo’ desse avanço estrondoso foi ‘não colocar todos os ovos em um único cesto’. A empresa que atuava com a reciclagem de cartuchos de impressoras passou a apostar fortemente na diversificação. 

A evolução disso se deu da seguinte forma: fundada em 1987, a Multilaser tinha foco unicamente no ramo de cartuchos de impressoras, que eram distribuídos em papelarias. No entanto, no início do anos 2000, começou a enfrentar dificuldades para avançar nesse mercado e seus executivos também perceberam que esse tipo de produto entraria em uma fase de declínio. Assim, abriram o leque de atuação.

“Iniciamos a estratégia de alavancagem de canal, que consistiu basicamente em perguntar aos clientes o que eles queriam comprar além dos cartuchos. Daí começamos com acessórios para computador como mouses, teclados, cabos e, assim, fomos crescendo”, contou Alexandre Ostrowiecki, CEO da Multilaser, no Papo Exponencial, uma conversa com Henrique Florentino e Marcos Queiroz, analistas da Empiricus.

Ele disse que decidiu trabalhar com o pai na empresa, após ter tido uma experiência em multinacionais, com passagens pela consultoria Accenture e pela companhia de variados bens de consumo Unilever. 

E a virada de chave na tática da Multilaser aconteceu pouco depois, a partir de 2003, em um momento difícil da vida do empresário. Alexandre acabou assumindo o comando da empresa, com apenas 24 anos de idade, após a morte do pai, que desapareceu ao fazer um mergulho no Oceano Pacífico. 

Hoje, a operação conta com cerca de 6 mil produtos e 30 marcas. Fazem parte desse mix gigantesco PCs, notebooks, acessórios de computadores, smartphones, tablets, drones, bicicletas elétricas, equipamentos de rede e roteadores, monitores cardíacos, produtos de papelaria, pet shop e eletroportáteis. A empresa tem construído parcerias com marcas globais como Nokia, Microsoft, Toshiba e Sony.

Os pilares: novidades rápidas e preços acessíveis 

Alexandre Ostrowiecki destacou que a Multilaser trabalha intensamente para ser assertiva em lançamentos. “Somos fast followers, isto é, seguidores rápidos de tendências e de grandes marcas globais”. De acordo com ele, as equipes ficam de olho em novidades no cenário internacional, sobretudo nos Estados Unidos, Europa e Japão. “Lançamos, por exemplo, um aspirador de pó robô muito mais em conta do que as marcas gringas”, contou.  Conforme ele, com engenharia reversa, foi possível oferecer um produto de qualidade e bastante acessível bem na fase crítica da pandemia, facilitando a vida das famílias, quando muita gente aderiu ao home office. 

Para se ter uma ideia, considerando os lançamentos feitos a cada ano, dá uma média de 5 novos produtos por dia. “Esse é o nosso DNA, a Multilaser é uma máquina de novidades e de distribuição, com rápida entrega aos varejistas e consumidores finais”, destacou o empresário. 

Ele revelou que a companhia está iniciando sua internacionalização, entrando no Uruguai, Argentina, Colômbia, México e Angola. Recentemente, começou a negociar com um distribuidor nos Estados Unidos. 

Alexandre enfatizou que a expansão internacional se dá com os ‘pés no chão’, de forma gradual, inclusive, porque ainda há muito espaço para conquistar no Brasil.

Questionado sobre o momento desafiador no país com inflação elevada e juros em ascensão, que se traduzem em aumento dos custos envolvidos nos negócios, ao mesmo tempo em que retiram o poder de compra da população, o CEO da Multilaser comentou que a companhia tem sido resiliente. O motivo disso está na oferta de linhas de produtos ‘bons, bonitos e baratos’. 

“Temos produtos competitivos de entrada e ainda existe um fenômeno chamado trade down, que é a compra de algo similar gastando menos. Por exemplo, um consumidor que ia comprar um celular de R$ 3 mil de determinada marca e compra outro de R$ 1 mil parecido. Ele vai na loja atrás de um celular bom, bonito e barato. Isso é Multilaser na veia.”

Apesar de entregar, queda nas ações 

A Multilaser realizou seu IPO em julho do ano passado, levantando R$ 1,9 bilhão. De lá para cá, suas ações têm sofrido quedas. 

Alexandre Ostrowiecki avalia que esse movimento se dá por fatores exógenos à companhia e não por uma percepção negativa do mercado em relação ao negócio. “Tenho conversado com investidores institucionais, temos fundos long (posições compradas na companhia) e gringos que mantiveram a posição. Entendo que é uma situação de Brasil, até porque a gente entregou um lucro consistente e tudo o que tinha prometido de receita nos últimos trimestres que foram reportados”, comentou. 

Os dados de balanço mais recentes que foram divulgados apontam que, de janeiro a setembro do ano passado, o Ebitda (lucro antes de impostos, depreciação e amortização), que representa geração de caixa operacional da companhia, foi de R$ 663,3 milhões, um avanço de 97,7% em relação ao mesmo período de 2020. E a margem líquida chegou a 15,4%, um aumento de 200 pontos-base. 

Conforme ele, a Multilaser está inserida no varejo, onde as ações de outros players chegaram a cair muito mais, em função do quadro macro de alta inflação e aumento da Selic no país. 

Raio X da Multilaser – Grandes números

  • Faturamento estimado para 2021: R$ 5 bilhões
  • Crescimento de receita líquida: 27,5% ao ano entre 2016 e 2020
  •  Captação em IPO: R$ 1,9 bilhão 
  • Funcionários: 4 mil 
  • Capacidade de produção anual: quase 90 milhões de produtos
  • Portfólio: 6 mil produtos e 30 marcas próprias
  • Produtos enviados por dia: 425 mil

Nos bastidores da operação

Os analistas Henrique Florentino e Marcos Queiroz, que conduzem a série Ações Exponenciais da Empiricus, visitaram recentemente a unidade da Multilaser no município de Extrema (MG). 

De acordo com eles, a operação é bastante complexa, porém, os processos foram estruturados de forma muito eficiente e são altamente automatizados. 

“A gente viu a ‘cereja do bolo’, que é a integração dos sistemas de vendas e de estoques, com diversos produtos que estão com giro baixo, giro alto, fornecendo as informações necessárias para os vendedores até mesmo em relação às comissões”, explicou Florentino.

Como a operação é toda rastreada, tem sido possível otimizar o capital de giro, o que costuma ser um dos principais desafios para uma empresa que tem ciclo de operação longo, inúmeros pedidos de itens importados e a logística sofisticada. 

 

Como você pôde notar, esse Papo Exponencial no canal da Empiricus no YouTube foi muito legal. Te convido para assistir ao vídeo na íntegra e saber muito mais sobre a Multilaser (MLAS3) e a atuação de seu CEO Alexandre Ostrowiecki: clique aqui