Investimentos

“Nas ações de cíclicos domésticos, vejo grandes upsides”, avalia Felipe Miranda; confira alguns tickers recomendados

Alguns fatores tendem a beneficiar ações de qualidade dos setores de varejo, consumo, educação e do setor imobiliário, avalia CIO e estrategista-chefe da Empiricus. Vale o picking

Por Daniela Rocha

27 mar 2022, 21:46 - atualizado em 16 maio 2022, 20:09

Neste mês, vem chamando atenção a intensidade das altas na Bolsa, especialmente, as reações positivas de algumas ações de setores cíclicos domésticos.

Segundo Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, isso demonstra que existem assimetrias favoráveis.

E, nesse cenário, ele alerta que os investidores devem ter sempre em mente que, em se tratando de renda variável, não existe linearidade nem gradualismo.

“Esse mês de março está dando um gostinho do que pode ser o tamanho de uma recuperação. Os movimentos sempre são mais intensos e erráticos do que a maioria imagina”, comentou em sua live semanal, neste domingo (27/03), no perfil dele no Instagram (ofelipe_miranda)

Estudos demonstram que, considerando variados índices de ações no mundo afora ao longo do tempo, se retirados os 5 melhores dias de desempenhos, as diferenças de retornos seriam enormes. Por isso, o analista ressalta que o foco nos fundamentos das companhias e a visão de longo prazo são essenciais para ter resultados consistentes das carteiras.

Ele diz que ainda vê “jogo”, isto é, espaço para as ações de commodities andarem e que não se pode deixar de lado os bons dividendos que companhias como a Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) entregam. Os bancos consistem em outra aposta interessante para o momento, inclusive Itaú (ITUB4).

Entretanto, também é preciso capturar oportunidades em small e mid caps de varejo, consumo, educação e do setor imobiliário, que estão excessivamente descontadas.

Será nas empresas de cíclicos domésticos, que possuem diferenciação de produtos e management, que poderão ocorrer grandes upsides, avalia o analista que lidera a série Palavra do Estrategista e a carteira Oportunidades de Uma Vida. “Bons ‘pickings’ devem andar bem.”

O cenário macro e político que se desenha

Uma série de fatores tendem a favorecer uma migração para ações de cíclicos domésticos, de acordo com o analista.

Apesar de ainda existirem desafios, depois de toda a discussão sobre a PEC dos Precatórios e sobre o orçamento, os dados fiscais têm vindo bons.

Outro ponto é que o fluxo de investimentos estrangeiros se intensificou – em função do carry trade (ganhos com diferencial de juros) e da atratividade do Brasil em relação aos pares emergentes, o que está causando apreciação do real. Então, por consequência, a moeda doméstica mais forte pode gerar lá na frente um alívio da inflação.

E, com a menor pressão de preços, o fim do ciclo de alta de juros, pode vir a ser antecipado. O analista lembra que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, sinalizou na semana passada que o aperto pode terminar com um ponto percentual em maio, levando a Selic a 12,75% ao ano.

Quanto ao panorama eleitoral, Felipe Miranda acredita que o acirramento da disputa entre Lula e Bolsonaro pode levar a uma dinâmica das campanhas mais ao centro, o que é outro aspecto positivo para o mercado.

O que comprar?

Entre as varejistas, Felipe Miranda indicou Guararapes (GUAR3), dona das Lojas Riachuelo. Ele mencionou mudanças interessantes na companhia, que foram, inclusive, destacadas em matéria do Brazil Journal.

Está em jogo a indicação de Nicola Calicchio para seu conselho de Administração. Além de um lugar no board, o ex-head da McKinsey e ex-chief strategy officer do Softbank Latin America Fund também irá liderar um novo comitê de transformação digital.

Flávio Rocha, presidente do conselho do Grupo Guararapes, manifestou a intenção de tornar a Riachuelo em uma house of brands no varejo de moda e também comentou sobre a possibilidade de vender o shopping Midway para melhorar a liquidez.

“São elementos importantes para um ‘rerating’ da companhia”, disse o CIO da Empiricus. Desse modo, a Guararapes pode fechar o gap, isto é, o desconto que tem em relação às Lojas Renner (LREN3).

A Arezzo (ARZZ3) é outra recomendação do CIO da Empiricus. [veja neste artigo por que ele gosta da ação]

No segmento de Real Estate, cada empresa tem uma realidade. Felipe Miranda destacou que o resultado fraquíssimo de Tenda (TEND3) no quarto trimestre do ano passado – apresentando prejuízo e margem bruta negativa, não são se trata de um problema setorial.

Na área de incorporação imobiliária, ele recomendou as ações da Mitre (MTRE3). “Acompanho a companhia e as vendas continuam fortes”, disse. Pelas projeções, as vendas líquidas podem atingir algo em torno de R$ 200 milhões no primeiro trimestre de 2022. Além disso, mudanças na área de Relações com Investidores da companhia contribuirão para atrair mais investidores para empresa.

A Direcional (DIRR3), que tem foco em empreendimentos para as classes de baixa e média renda, é outra empresa que Felipe gosta bastante. Conforme estimativas, a companhia poderá ter recorde de comercialização de imóveis no primeiro trimestre, mais de R$ 800 milhões.

Olhando para frente, os pacotes de subsídios de moradias que serão lançados pelo governo, poderão beneficiar a Direcional. No radar, também há a discussão sobre a extensão do prazo de financiamento imobiliário na Caixa, de 30 para 35 anos, o que pode impulsionar ainda mais seus negócios.

Já no setor educacional, o CIO da Empiricus recomenda Ânima (ANIM3) e Bahema (BAHI3) – quanto a esta última, ele fez disclosure de conflito de interesse, pois é sócio.

 

Vale a pena assistir ao vídeo completo: clique aqui.

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI. 

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