Investimentos

Nova troca na presidência da Petrobras: “Há um esforço sistemático para alteração da política de preços dos combustíveis”, avalia Felipe Miranda

Para o CEO e estrategista da Empiricus, há risco de intervenções e quebra da paridade internacional do preço do petróleo

Por Daniela Rocha

24 maio 2022, 11:01 - atualizado em 26 maio 2022, 18:15

Fachada do prédio sede da Petrobras
Foto da fachada do Edise, o prédio sede da Petrobras, no Rio de Janeiro Flávio Emanuel /Agencia Petrobras/Divulgação

A nova troca de presidente da Petrobras (PETR4) em pouco tempo é negativa e levanta sinais de possíveis intervenções do governo na política de preços de combustíveis adotada pela companhia. Essa é a avaliação de Felipe Miranda, CEO e estrategista da Empiricus.

“Parece que agora há um esforço mais sistemático e institucionalizado no sentido de caminharmos para algum tipo de alteração na política de preços”, disse o analista nesta terça-feira (24/05) em seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, canal exclusivo de comunicação com os assinantes da casa.

O governo federal anunciou ontem, em uma nota oficial do Ministério de Minas e Energia, a demissão de mais um presidente da Petrobras. Após somente 40 dias no cargo, José Mauro Ferreira Coelho foi dispensado. Ele foi o terceiro a comandar a estatal no governo de Jair Bolsonaro, depois de Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna.

Para o comando da petroleira, o governo decidiu indicar agora Caio Mário Paes de Andrade, auxiliar do ministro Paulo Guedes no Ministério da Economia, onde era secretário de Desburocratização.

“Embora ele seja alinhado ao Guedes e ao liberalismo, pode haver mudança. Tendo que escolher, Paulo Guedes é mais bolsonarista do que liberal, por isso mesmo, poderia também aventar algum tipo de alteração na política de preços. Tudo isso cria algum desconforto e as ações podem cair com algum vigor”, ressalta Felipe.

Segundo ele, o petróleo é uma commodity e faz sentido que acompanhe as cotações internacionais. Contudo, o que se comenta no mercado é que poderá entrar em vigor um modelo diferente, com atualizações a cada 100 dias no preços dos combustíveis pela Petrobras.

Esse é um ponto a se monitorar de perto, pois poderá afetar os negócios da companhia. Apesar dos indícios, essa mudança não seria tão fácil de ser implementada, na base de ‘canetada’. Isso porque houve avanços nos últimos anos tanto em relação à governança corporativa da Petrobras quanto à lei das estatais.

O Preço de Paridade Internacional (PPI) é uma metodologia resgatada em 2016, durante o governo de Michel Temer. A variação do dólar e do barril do petróleo tem influência direta no cálculo dos combustíveis da Petrobras.

ICMS e IPI em jogo: medidas para controlar inflação

Entre as iniciativas para conter a pressão inflacionária, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que pretende colocar em votação em breve o projeto de lei complementar que limita a 17% o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrado sobre os combustíveis e energia elétrica. A ideia é que esses itens sejam classificados como bens e serviços essenciais. Segundo Felipe Miranda, também é preciso acompanhar esse assunto de perto.

O fato é que o governo está disposto a controlar a escalada de preços no país. Ontem, o Ministério da Economia anunciou novo corte de 10% no Imposto de Importação cobrado sobre itens como feijão, carne, massas, biscoitos, arroz e materiais de construção. “A medida pode trazer alívio para a inflação de alimentos, o que pode dar alívio para inflação de alimentos e setor de construção”, conclui.

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI. 

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