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Investimentos

Resultado da Petrobras (PETR4) vai sustentar o Ibovespa hoje? Veja os destaques desta sexta-feira (7)

Veja o que deve ficar no radar dos investidores hoje no Ibovespa após o balanço da Petrobras e mais notícias.

Por Matheus Spiess

07 nov 2025, 09:22

Atualizado em 07 nov 2025, 09:39

petrobras dividendos PETR4

Imagem: iStock/KanawatTH | Montagem: Canva

As bolsas asiáticas encerraram a semana no campo negativo, pressionadas pela realização de lucros nas empresas ligadas à inteligência artificial e pela volatilidade crescente nos mercados globais. O movimento reflete a piora recente em Wall Street, onde levantamentos privados mostraram o maior número de demissões em mais de duas décadas, provocando forte correção em ações de tecnologia e criptoativos. Somou-se a isso a desaceleração das exportações chinesas em outubro, que vieram abaixo do esperado e evidenciaram tanto o impacto das tarifas americanas quanto a demanda internacional mais fraca. Para completar o quadro, o payroll dos EUA foi novamente suspenso devido à paralisação do governo, deixando o Federal Reserve e os investidores com pouca visibilidade sobre o ritmo da economia no curto prazo.

Na Europa, o tom também é de cautela nesta manhã. Os principais índices recuam e caminham para fechar a semana no negativo, em meio à análise de resultados corporativos, sinais de valuations esticados das empresas de IA e incerteza sobre a trajetória da política monetária. O petróleo tenta recuperar parte das perdas recentes, favorecido pelo dólar mais fraco, mas ainda sente o peso de estoques elevados e do risco de superoferta. No campo político, Donald Trump indicou que não pretende anunciar novas tarifas até a decisão da Suprema Corte, embora já trabalhe em um “plano alternativo” caso o resultado seja desfavorável (o desfecho da questão, porém, deve demorar). Com dados econômicos fracos, a incerteza fiscal nos Estados Unidos e a volatilidade persistente, o ambiente global segue defensivo — e qualquer sinal sobre juros, inflação ou atividade segue capaz de movimentar preços com intensidade.

· 00:54 — Ibovespa resiste ao Copom duro e renova recordes

No Brasil, o Ibovespa encerrou a quinta-feira (6) praticamente estável, com leve alta de 0,03%, permanecendo acima dos 153 mil pontos e registrando seu nono recorde consecutivo dentro da sequência de 12 pregões positivos. O índice até chegou a superar 154 mil pontos ao longo do dia, mas perdeu fôlego acompanhando o recuo das bolsas americanas e digerindo o tom mais duro adotado pelo Banco Central. Na quarta-feira à noite, o Copom manteve a Selic em 15%, como amplamente esperado. O ponto central, no entanto, não era a decisão em si — ninguém projetava um corte, como já explorei —, mas sim a expectativa de um ajuste no discurso, que acabou não vindo. O BC reforçou que os juros permanecerão em nível “contracionista por um período bastante prolongado”, frustrando quem esperava algum sinal de suavização.

Com essa leitura mais restritiva e percepção de maior diferencial de juros, o dólar recuou para R$ 5,35. Os investidores também ajustaram a curva de juros, postergando as apostas para o primeiro corte da Selic: a maioria passou a trabalhar com março, embora janeiro ainda não esteja descartado — tudo dependerá da evolução dos indicadores até lá e, em paralelo, do ritmo de flexibilização monetária nos EUA. Para uma sinalização mais concreta, o mercado aguarda a ata do Copom na próxima terça-feira (11), que deve detalhar as projeções de inflação para 2026 e para o segundo trimestre de 2027, horizonte relevante da política monetária. Um ponto importante: parte do problema dos juros elevados segue associado à ausência de uma âncora fiscal crível. Nesse contexto, o Congresso deve apresentar uma proposta de redução gradual das isenções fiscais até 2033, alinhada ao fim da transição da reforma tributária, buscando uma solução menos paliativa. Ainda assim, a iniciativa não resolve o avanço contínuo dos gastos públicos — um debate que, tudo indica, ficará apenas para depois das eleições de 2026, ainda que seja inevitável pela escala do problema.

Entre as grandes ações, Petrobras (PETR4) contribuiu para sustentar o índice: os papéis subiram antes da divulgação do balanço, que veio forte, com lucro líquido de US$ 6 bilhões, superando com folga as expectativas, além do anúncio de R$ 12,16 bilhões em dividendos. Apesar do desempenho financeiro robusto, o mercado permanece atento ao aumento da dívida e ao ritmo acelerado de investimentos, que já somam US$ 14 bilhões neste ano, concentrados principalmente em exploração e produção. De todo modo, as ADRs da petroleira avançam nesta manhã no pré-market de Nova York.

· 01:41 — Mercado de trabalho fraco

Os indicadores privados divulgados na quinta-feira reforçaram a percepção de enfraquecimento do mercado de trabalho americano, provocando aversão a risco. Diante dos números, investidores migraram de ações para a segurança dos títulos do Tesouro. A Revelio Labs apontou uma perda líquida de 9.100 vagas em outubro, enquanto a consultoria Challenger, Gray & Christmas registrou mais de 153 mil anúncios de demissões no mês — o maior volume desde 2003, concentrado principalmente nos setores de armazenagem e tecnologia (relação com guerra comercial e IA). No acumulado do ano, os cortes já somam quase 1,1 milhão, o maior nível desde 2020. A reação foi imediata: o Nasdaq chegou a cair 1,9%, o S&P 500 recuou 1,1%, e os yields dos Treasuries cederam, refletindo a corrida por proteção.

Embora automação e inteligência artificial apareçam como fatores crescentes de modernização das empresas, economistas ressaltam que o ajuste ainda está muito mais ligado à queda de demanda e ao esforço de redução de custos. Como a paralisação do governo já impede, pelo segundo mês seguido, a divulgação dos dados oficiais de emprego, o mercado precisa recorrer a fontes privadas — que nem sempre convergem entre si. Um dia antes, por exemplo, a ADP estimou criação de 42 mil vagas no setor privado. Enquanto isso, o shutdown, prestes a completar 40 dias.

· 02:37 — A paralisação continua

Sobre este tema, a paralisação do governo dos Estados Unidos completou 38 dias e já é a mais longa da história. Mesmo que haja expectativa de solução até o Dia de Ação de Graças, os efeitos começam a se intensificar: a partir de sexta-feira, a autoridade de aviação deve reduzir a capacidade de voos em aeroportos movimentados, o que tende a gerar atrasos e transtornos generalizados. O impacto econômico também é significativo. Cerca de 1,4 milhão de funcionários públicos estão sem receber ou afastados, milhões de americanos podem perder benefícios do programa de assistência alimentar e projeções indicam que o PIB do quarto trimestre pode recuar até 1 ponto percentual, elevando a taxa de desemprego para acima de 4,5%.

Além do custo econômico, cresce o componente político. Embora mercados de previsão apostem no fim do impasse já na próxima semana, parlamentares democratas podem adotar uma postura mais firme após recentes vitórias eleitorais, condicionando qualquer acordo à manutenção de subsídios de saúde. Enquanto isso, controladores de tráfego aéreo continuam trabalhando sem salário, o que aumenta o risco de atrasos e restrições operacionais em um dos períodos de maior movimentação do ano.

· 03:25 — Um novo acordo bilionário

A Apple decidiu fechar um acordo bilionário com o Google para impulsionar sua estratégia de inteligência artificial. A empresa deve pagar cerca de US$ 1 bilhão por ano para utilizar o modelo de IA do Google na Siri. O diferencial é relevante: o modelo escolhido tem 1,2 trilhão de parâmetros, muito acima da capacidade dos sistemas internos da Apple, e deve servir de base para a nova versão da assistente virtual, prevista para ser lançada ainda nesta primavera no hemisfério norte. Antes de bater o martelo, a companhia também avaliou alternativas com a OpenAI e a Anthropic, mas preferiu o Google enquanto trabalha no desenvolvimento de tecnologias próprias. O acordo só foi possível porque uma decisão antitruste recente manteve válidas as parcerias entre as duas gigantes — incluindo os mais de US$ 20 bilhões anuais que o Google já paga para ser o buscador padrão nos dispositivos da Apple.

A iniciativa expõe um ponto desconfortável para a companhia: diferentemente do que aconteceu em outras viradas tecnológicas, a Apple ficou para trás na corrida da IA. Enquanto concorrentes conseguiram levar modelos avançados diretamente ao usuário final, a fabricante do iPhone precisou recorrer a uma solução externa, algo incomum para sua história de inovação proprietária. Ainda assim, a escolha é pragmática. Ao “alugar” tecnologia de quem está mais adiantado, a empresa garante competitividade no curto prazo, enquanto ganha tempo para desenvolver modelos internos mais robustos. Para os mercados, o recado é claro: a Apple pode ter demorado a entrar no jogo da IA, mas não pretende ficar de fora da corrida mais importante do mercado.

· 04:13 — Remuneração aprovada

Os acionistas da Tesla aprovaram, com ampla margem, o maior pacote de remuneração já concedido a um executivo na história corporativa mundial. A decisão garante a Elon Musk o direito de receber até US$ 1 trilhão nos próximos dez anos, por meio de aproximadamente 425 milhões de ações que só serão liberadas se a empresa cumprir metas extremamente ousadas, como elevar sua capitalização de mercado para US$ 8,5 trilhões e alcançar um EBITDA anual de US$ 400 bilhões. Com isso, a participação acionária de Musk subiria de cerca de 15% para quase 30%, ampliando de forma relevante seu poder dentro da companhia. A aprovação veio apesar da oposição de fundos e consultorias influentes que recomendaram voto contrário ao pacote. Ainda assim, prevaleceu o temor de que uma rejeição pudesse afastar Musk ou reduzir seu envolvimento, algo considerado inaceitável por grande parte dos investidores.

No mercado, há consenso de que algumas metas são atingíveis — como o valor de mercado, que exigiria um crescimento composto de cerca de 20% ao ano até 2035 —, mas a parte operacional é significativamente mais desafiadora. Para alcançar o EBITDA projetado, a Tesla teria de multiplicar seus resultados por mais de 30 vezes e avançar de forma agressiva em segmentos como robôs, robôs-táxi e serviços associados à inteligência artificial. Mesmo assim, a votação foi interpretada como um voto explícito de confiança na visão de longo prazo da companhia e na ambição de transformá-la em uma das maiores plataformas globais de IA e automação, para além de automóveis elétricos. Caso todas as metas sejam cumpridas, a fortuna de Musk ultrapassaria US$ 2,4 trilhões — o que o colocaria não apenas como o primeiro trilionário da história, mas também com riqueza superior ao PIB da maioria dos países.

· 05:06 — Insistir no investimento

A Meta continua destinando recursos expressivos ao Reality Labs — divisão responsável por óculos de realidade aumentada e dispositivos baseados em inteligência artificial — mesmo diante de resultados financeiros ruins. No último trimestre, o segmento apresentou prejuízo operacional de US$ 4,4 bilhões, frente a uma receita de apenas US$ 470 milhões. Desde o final de 2020, as perdas acumuladas já ultrapassam US$ 73 bilhões, um contraste evidente com a elevada lucratividade das demais linhas de negócio da companhia.

Ainda assim, para Mark Zuckerberg, o investimento é estratégico. A Meta não enxerga esses dispositivos apenas como…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.