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SLC Agrícola (SLCE3): por que o pior momento para o setor parece ter ficado para trás

Pós-El Niño, o clima melhorou, as chuvas normalizaram e o tom agora é de que a produtividade da SLC Agricola pode ser até melhor do que o previsto.

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Data de publicação
26 de abril de 2024
Categoria
Investimentos
produção de grãos SLC Agrícola SLCE3
Imagem: Unsplash

Nos reunimos com a equipe de RI da SLC Agrícola (SLCE3) em busca de atualizações sobre essa história e saímos com o sentimento de que o pior momento para o setor parece ter ficado para trás. 

El Niño acabou, mas chuvas ainda devem pressionar preços de grãos

Apenas recapitulando, no fim de 2023, tivemos o El Niño o Centro-Oeste. As ondas de calor e a falta de chuvas provocaram quebras e colocaram em risco a produtividade da safra durante 2024 – a SLC inclusive reduziu em -5% a área destinada à soja. 

Mas desde o início de 2024 o clima melhorou, as chuvas normalizaram e o tom agora é de que a produtividade pode ser até melhor do que a previsão da Conab.

Isso é boa notícia, em termos de volume, mas deve continuar pressionando os preços de grãos, dado o cenário de sobre oferta de soja e milho

No entanto, não vemos muito mais espaço para quedas, dado que as cotações já estão abaixo do preço de custo de muitos produtores.

Produtividade de SLC Agrícola acima da média protege sua rentabilidade

Além disso, é bom lembrar que a SLC tem uma produtividade (e portanto, uma receita por hectare) maior do que a média. Essa característica protege sua rentabilidade. E os gastos com fertilizantes e insumos também têm caído, e proporcionado uma redução de -10% no custo/ha. 

Para o algodão, o cenário é bem melhor porque, além da boa produtividade, a atividade global segue forte e induzindo o consumo de produtos têxteis, que tem relação direta com o crescimento do PIB.

Com isso, a diferença entre o consumo e a produção (GAP, no gráfico abaixo) deve continuar pequena e sustentando os preços. Se o La Niña chegar, o que parece cada vez mais provável, aumentam as chances de seca no Texas (Estados Unidos), o que deve ajudar ainda mais os preços dado que o estado norte-americano é o maior produtor da commodity no país. 

Fonte: SLC

Menor produção de soja abre espaço para exportação de algodão

Outra boa notícia para o algodão é a redução do volume de soja produzida no Brasil. Isso deve liberar espaço para a exportação de algodão e eliminar os gargalos logísticos que vimos ao longo de 2023. Esse atraso inclusive afetou o Ebitda da companhia no ano passado. Mas também significa uma transferência de parte da geração de caixa para este ano.

Dito tudo isso, com o consenso estimando algo em torno de R$ 2,2 bilhões de Ebitda em 2024, ficamos com a sensação de que há boas chances de essa “meta” ser superada, o que certamente agradaria o mercado. 

Sobre o negócio de sementes, a SLC Sementes tem crescido a taxas bastante interessantes e deve continuar em um ritmo que leve a operação a dobrar em três ou quatro anos. Mas com grande parte da produção de sementes sendo consumida pela própria SLC, nos parece que a companhia deve priorizar o aumento da qualidade e da rede de clientes nestes primeiros anos, enquanto “azeita” a operação.

Fonte: SLC
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Arrendamento barato de terras pode beneficiar a SLC Agrícola

Outra avenida de crescimento que pode começar a ajudar os resultados é o arrendamento barato de terras, aproveitando as quebras de safra recentes e os preços baixos dos grãos. Nenhum negócio foi fechado até agora, mas existem oportunidades sendo avaliadas e podemos ter novidades em breve. 

Lembrando que a área plantada da SLC está praticamente estagnada há 3 anos, justamente pela falta de oportunidades quando o mercado estava em alta. Quem sabe não estamos diante de um novo ciclo de crescimento pela frente? 

Por fim, a equipe disse que há outras possíveis avenidas de crescimento e diversificação, como frutas ou culturas destinadas à produção de combustíveis “verdes”, que seguem sendo avaliadas. 

A nossa percepção foi de que o pior em termos de produtividade e preços realmente parece ter ficado para trás. E, ainda que a recuperação das cotações de soja e milho não seja tão iminente, o downside também parece bastante limitado neste momento. 

Por apenas 6x Valor da Firma/Ebitda e um dividend yield interessante de 6%, a SLC Agrícola (SLCE3) segue como uma recomendação da Empiricus Research.