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Tesouro Direto negativo: o investimento ‘mais seguro do país’ caiu mais de 6% só em janeiro – o que aconteceu?

Quem optou pelo IPCA+ 2045 para se proteger da inflação de maneira conservadora perdeu dinheiro em janeiro

Por João Escovar

6 de fevereiro de 2023, 12:07

Investidor do mercado preocupado com a queda do tesouro direto ipca+
Imagem: Freepik

Pense na seguinte situação: com o início de um novo ano, você decidiu que era o momento certo de começar a investir. Como é um iniciante, optou por um investimento mais seguro e que proteja o dinheiro da inflação.

A resposta mais natural? O Tesouro IPCA+, obviamente, título público com o menor risco de crédito do país, já que é emitido pelo governo federal – e que garante ganho real, ou seja, acima da inflação. Você, então, investe R$ 1.000.

Ao fim de janeiro, você decide observar quanto possui agora na sua carteira e toma um susto: você agora tem R$ 935,10, ou seja, perdeu dinheiro com apenas 1 mês de investimento. Como isso é possível?

Tesouro IPCA+ 2045 registrou perdas de 6,49% no mês

A situação acima, com maior ou menor precisão, foi a realidade de muitos brasileiros que investiram no Tesouro Direto em janeiro.

Os papéis atrelados ao IPCA apresentaram rendimentos muito divergentes entre si, de acordo com o prazo de vencimento de cada título.

O Tesouro IPCA+ 2045, por exemplo, registrou perdas de 6,49% no mês, enquanto o IPCA+ 2026 subiu 1,64%.

Mas o que explica essa variação negativa, se a ideia dos títulos IPCA + é remunerar o investidor pela inflação, além de um percentual de ganho real que, para os títulos comprados hoje, estão na casa dos 6%?

Marcação a mercado: o responsável pelo desempenho ruim do Tesouro IPCA

A justificativa para o desempenho negativo do Tesouro IPCA é um fenômeno chamado “marcação a mercado”.

Basicamente, ele consiste em contabilizar o valor dos títulos de acordo com o que eles valeriam se negociados naquele exato momento.

Um Tesouro IPCA+, por exemplo, quando é vendido pelo governo, carrega consigo uma expectativa de IPCA para o fim do período. Caso essas expectativas se modifiquem, o valor pelo qual um segundo comprador esteja disposto a renegociar o título também é modificado.

O mesmo vale para o componente prefixado do título (juro real), que pode ser mais ou menos valorizado conforme a variação dos juros do país.

Como os títulos têm um valor de face (preço a ser pago em seu vencimento) e seu valor de momento é “descontado” pelas projeções de mercado, se as expectativas de juros e inflação sobem, o preço desses títulos tende a cair.

Claro, se você carregar o título até o fim, não perderá dinheiro e receberá exatamente a rentabilidade indicada. O problema é quando o investidor usa esse tipo de investimento como reserva de emergência…

CONHEÇA UMA RESERVA DE EMERGÊNCIA QUE NÃO OSCILA

Uma boa reserva precisa de segurança, liquidez e não pode variar

Além de ser seguro em termos de crédito, um investimento para reserva de emergência precisa ter liquidez (possibilidade de sacar a qualquer momento) e não deve oscilar conforme as condições de mercado.

Veja o que aconteceu com os clientes do fundo Mais Reserva do Nubank: aplicado em títulos da Americanas, as cotas do fundo perderam valor com o escândalo contábil da varejista.

Existe uma modalidade de investimento, contudo, que reúne todos esses atributos:

  • Segurança (menos risco de crédito do Brasil);
  • Liquidez (saque no mesmo dia);
  • Não oscila (na grande maioria das situações, tem rendimento positivo e constante);
  • Renda bem mais do que a poupança.

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Sobre o autor

João Escovar

Jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Finanças.