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Ethereum (ETH): vale a pena investir? Saiba o que é e como funciona essa plataforma

Ethereum é uma plataforma que hospeda uma série de funcionalidades e serviços criptografados e descentralizados. Saiba como funciona o Ethereum.

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Data de publicação
9 de fevereiro de 2023
Imagem representando o Ethereum, mostrando a criptomoeda

Criada em 2013, a rede Ethereum é considerada por muitos uma evolução do Bitcoin, uma vez que se utiliza da tecnologia blockchain para expandir as funcionalidades desse universo. 

Além da sua criptomoeda de origem – denominada Ether (ETH) – a plataforma permite a criação de diversos aplicativos descentralizados (dApps), além de tokens e NFTs.

O que é Ethereum?

O Ethereum vai muito além de uma simples criptomoeda: trata-se de uma rede blockchain, criada em 2013 pelo programador Vitalik Buterin. O objetivo principal do projeto era se tornar um berço para a produção de diferentes tipos de ativos. E foi exatamente o que aconteceu.

A rede foi a responsável direta por dar “corpo” ao mercado cripto, permitindo a criação de milhares de ativos e aplicações. Ao se utilizar da tecnologia blockchain, a plataforma possibilita que desenvolvedores e usuários trabalhem de maneira coletiva no desenvolvimento de criptoativos, bem como de aplicações descentralizadas (dApps).

Em comparação à principal cripto do mercado, o foco do projeto é um pouco diferente: enquanto o Bitcoin é utilizado como moeda, o Ethereum proporciona uma série de funcionalidades que expandem o conceito inicial de criptomoedas, abrindo espaço para o surgimento de diversos serviços descentralizados.

Além de ser uma blockchain completa, a Ethereum também possui o seu próprio ativo: o Ether (ETH). Desde a sua criação, a cripto é tida como a segunda mais negociada e valorizada do mercado – atrás apenas do Bitcoin (BTC).

O token Ether (ETH) e suas diferentes funcionalidades

É comum que muitos investidores confundam a rede Ethereum com o token nativo que costuma ser chamado pelo mesmo nome. Porém, é preciso separar a blockchain do seu ativo em si.

Apesar de ser uma criptomoeda com a mesma funcionalidade do Bitcoin, o Ether tem funcionalidades a mais. Dentro da plataforma Ethereum, a cripto ETH é amplamente utilizada com duas finalidades principais: financiar os mineradores e pagar os contratos inteligentes da rede. Todas as taxas envolvendo a criação de um token ou uma aplicação são pagas com essa criptomoeda de origem.

Além de ser essencial para o funcionamento da blockchain, o Ether pode ser negociado por usuários e investidores comuns em uma estratégia de investimento – como ocorre com o Bitcoin. Assim, você pode comprar ETHs tanto de maneira direta (pelo mecanismo peer-to-peer), como por intermédio das exchanges (corretoras) especializadas.

Por que o Ethereum é mais do que uma criptomoeda?

O Ethereum transcende a classificação de criptomoeda porque não se limita à função de troca de valores entre os usuários. Estamos falando de uma plataforma que expande duas tecnologias que o bitcoin popularizou e inaugurou, respectivamente, sendo elas a rede peer-to-peer (ou P2P) e o blockchain.

A rede P2P permite que cada ponto (computador) funcione como cliente e como servidor, dispensando a necessidade de um servidor central. Eis a origem do adjetivo “descentralizado” que você tanto ouve quando o assunto é relacionado a criptoativos.

O blockchain, por sua vez, é como um livro-razão digital e blindado, que registra todas as transações de forma imutável. Para que esse sistema seja invadido (hacking), seria necessário invadir 51% de todos os computadores da rede que possuíssem uma cópia do blockchain, ou seja, contar com uma capacidade computacional surreal.

Assim, aliando essas duas tecnologias, temos um sistema financeiro independente de qualquer governo ou instituição privada — portanto, sem as taxas que eles cobram — de forma altamente robusta e confiável.

Tudo isso, quando aplicado na troca de valores — como o bitcoin faz — constitui uma criptomoeda e, no caso da plataforma Ethereum, há a criptomoeda Ether (ETH).

Como a rede Ethereum foi criada?

A ideia por trás do Ethereum surgiu em 2013 pela mente do programador Vitalik Buterin. O russo-canadense defendia a expansão do universo cripto por meio da tecnologia blockchain, já que acreditava ser funcional para muitos tipos de aplicações.

Buterin utilizou a rede do Bitcoin como base para traçar estratégias de otimização e ampliação desse universo. Assim, criou a sua própria blockchain, incentivando que outros programadores e cientistas da computação se envolvessem no projeto a fim de colaborar – seja por financiamento, seja por melhorias em seu código aberto.

Em julho de 2014, a plataforma lançou a sua própria ICO (Initial Coin Offering ou Oferta Inicial de Moedas) – uma espécie de IPO do mercado cripto –, e arrecadou mais de US$ 18,5 milhões em pouco mais de um mês. A blockchain, porém, só ganhou vida em julho de 2015.

Hoje, a Ethereum é considerada a “casa” de inúmeros criptoativos que se utilizam do protocolo ERC-20, como as stablecoins Tether (USDT) e USD Coin (USDC), e tokens como Chainlink (LINK) e DAI Stablecoin (DAI). Além disso, impulsionou o mercado das finanças descentralizadas (DeFi), dos tokens não fungíveis (NFTs) e dos games do metaverso.

Como funciona a Ethereum?

Agora que você já compreende a diferença entre Ethereum e Ether, fica mais fácil visualizar como funciona a plataforma e a sua cripto nativa.

A rede Ethereum funciona sem o controle de nenhuma entidade: todo o trabalho é feito de forma colaborativa entre os usuários, e executados sob o mecanismo de smart contracts. Assim, suas transações são validadas por uma sequência de códigos criptografados únicos e de forma automatizada.

Já o Ether é a criptomoeda nativa da rede, que pode ser utilizada tanto como token de governança como para fins de investimento. Ao final de 2021, havia cerca de 118,8 milhões de ETHs em circulação no mercado. Diferentemente do Bitcoin, o Ether não tem um limite de distribuição, podendo ser emitido infinitamente.

The Merge: a grande atualização do Ethereum

A mineração de Ethereum passou por uma grande atualização em 2022 – o chamado The Merge. Essa mudança deve impactar diretamente na valorização do Ethereum no longo prazo. Até então, a atividade era feita de maneira restrita, uma vez que se utilizava do mecanismo de prova de trabalho (PoW), exigindo grande força computacional.

Graças à atualização The Merge, o Ethereum passou a se utilizar do mecanismo de prova de participação (PoS) – processo mais sustentável e acessível. Agora, os mineradores que desejam participar do processo de emissão de ETHs devem contribuir com a quantia de 32 ETHs como processo de garantia.

Características da Ethereum

A Ethereum foi feita com o intuito de abranger diversos tipos de aplicações descentralizadas, desde a emissão e controle de criptomoedas até a criação de universos de jogos online e NFTs. Por isso, ela se difere de outras blockchains e desponta como a mais completa do mercado.

Por meio de  todas as suas funcionalidades, o Ethereum nos concede o poder de criar o que quisermos e entregar nossos projetos ao mundo, deixando que ele decida se essa criação faz sentido ou não. Isso significa, por exemplo, que você pode criar uma moeda digital própria”.

Essa dinâmica garante uma infinidade de possibilidades, todas com potencial de prosperar e, com o aumento da complexidade, cria-se uma economia descentralizada que utiliza as mais diversas aplicações financeiras e moedas digitais.

Confira algumas de suas principais particularidades, que fazem da Ethereum – e seu token Ether (ETH) – o segundo mais valioso do criptomercado.

Ethereum nos smart contracts

Além do Ether (ETH), também foram criados os smart contracts (ou contratos autônomos), que proporcionam a descentralização e a blindagem antes mencionadas, porém no mundo dos contratos.

Nesse caso, o conceito de contratos vai além dos documentos aos quais estamos acostumados, ou seja, arquivos em que colocamos nossa assinatura para permitir/concordar com algo. Aqui, os smart contracts são estruturas formadas por códigos que você pode preencher, criando o que bem entender: jogos, aplicativos, finanças descentralizadas (DeFi), etc.

Para citarmos um exemplo prático de smart contract, apontamos o Initial Coin Offering (ou ICO), parecido com os IPOs de uma empresa tradicional na Bolsa de Valores. A maioria dos ICOs são realizados por meio da plataforma Ethereum e, assim como um IPO, se trata de um mecanismo de captação de recursos para financiamento de projetos.

Mineração do Ether (ETH)

Como dito anteriormente, a mineração de ETH passou por uma atualização poderosa em 2022: graças ao The Merge, a atividade – que até então era considerada complexa –, agora é feita de forma mais prática e inclusiva.

Para minerar Ether, o usuário precisa de uma quantia em carteira e, claro, as habilidades técnicas necessárias. Anteriormente, a atividade via proof of work exigia um grande poder computacional, o que para muitos especialistas era visto como desperdício energético. Agora, a atualização deve reduzir o consumo de energia em mais de 99%.

O processo de staking do Ethereum não ficou necessariamente mais barato, já que o usuário ainda precisa desembolsar 32 ETHs para participar. Ainda assim, a tendência é de que, à medida que mais usuários sejam atraídos para a atividade, a operação se torne mais barata.

ERC-20

Outro ponto de destaque da rede Ethereum é a sua capacidade de execução de aplicativos descentralizados (dApps) e de novos tokens, isso graças ao mecanismo ERC-20. Esse padrão de desenvolvimento possibilita a criação de milhares de ativos – como stablecoins, tokens de governança e NFTs.

Assim, a plataforma é hoje a casa de mais de 500 mil tokens, que operam de maneira padronizada e sob uma forte estrutura de segurança. Alguns desses ativos fazem parte do ranking dos 10 mais valiosos do mercado, como é o caso do Theter (USDT). Além dele, destacam-se as seguintes criptos:

  • Chainlink (LINK);
  • ApeCoin (APE);
  • Chiliz (CHZ);
  • Axie Infinity (AXS);
  • Maker (MKR);
  • Binance (BNB);
  • Uniswap (UNI);
  • Aave (AAVE);
  • Matic (MATIC).

Desafios para o desenvolvimento do Ethereum

Ampliar as utilizações da descentralização e do blockchain é muito nobre e realmente abre um novo universo de possibilidades. No entanto, a magnitude da complexidade envolvida é igualmente superior, tornando-se o maior empecilho do Ethereum.

A natureza do sistema, que se propõe servir como base para inúmeras outras aplicações e funcionalidades, empurra a rede do projeto até o seu limite, em que a capacidade atual de 15 transações por segundo se mostra incapaz de servir como uma infraestrutura escalável globalmente.

Na prática, isso significa que, hoje, a tecnologia do Ethereum é incapaz de escalar.

Pode parecer paradoxal, uma vez que tecnologia e escalabilidade andam — quase que necessariamente — de mãos dadas, mas é isso que acontece com o Ethereum e trata-se da condição que se mostra como a principal fraqueza da plataforma.

A vulnerabilidade do Ethereum chegou ao ápice em 2017, quando houve uma “febre de ICOs de projetos que utilizam como base a estrada já pavimentada do Ethereum, congestionando a rede pela primeira vez”, revela André.

A boa notícia é que a comunidade que utiliza o Ethereum se compromete no desenvolvimento de uma solução para esse desafio, o que entenderemos na próxima seção.

Ethereum 2.0 e o futuro desse criptoativo

O maior desafio do Ethereum é que, diferentemente de startups, por exemplo, a solução para aumentar a escalabilidade da plataforma não é simplesmente contratar o time dos sonhos e investir numa infraestrutura melhor. Aqui, o buraco é mais embaixo e tem nome:

A complexidade do desafio gira em torno da seguinte construção lógica: ao manter o sistema descentralizado (P2P) e seguro (blockchain), a atividade se torna complexa e, portanto, inviável de se escalar; ao fragmentar o blockchain principal para aumentar a velocidade e permitir a escalabilidade, cria-se uma rede para coordenar o sistema, que inerentemente compromete a descentralização.

A resposta para o trilema da escalabilidade, segundo alguns especialistas, poderia ser encontrada ao “dimensionar um blockchain que entregue alta velocidade de transações e, ao mesmo tempo, preservar a descentralização”.

Por parte do Ethereum, a solução é audaciosa e se dá pelo nome de Ethereum 2.0, sendo uma tentativa de reconstruir-se do zero, ou seja, mudar os fundamentos sobre os quais funciona, enquanto totalmente operacional, isto é, sem paralisar a plataforma.

Em termos técnicos, a mudança consiste na transição do Proof-of-Work (ou PoW) para o Proof-of-Stake (PoS):

  • No PoW, quem dita as regras do jogo e faz a plataforma girar por meio da mineração de criptomoedas são as pessoas que contam com supercomputadores capazes de resolver equações matemáticas absurdamente complexas e exigem quantidades imensas de energia (leia-se contas de luz na casa dos quatro ou cinco dígitos); mas
  • No PoS, todos que cederem 32 ETH para a plataforma se tornarão validadores (se houver má conduta, perde-se os ETH cedidos), sem que seja necessário possuir equipamentos robustos.

A complexidade da mudança aliada ao desejo da comunidade de não interromper o funcionamento do Ethereum condicionou o lançamento do Ethereum 2.0 em etapas, divididas em Fase 0 (12/2020); Fase 1 (2021); Fase 1,5 (2022); e, finalmente, Fase 2 (2023).

A Fase 0, que já ocorreu, busca garantir que tudo dê certo nesse primeiro momento, ou seja, que qualquer pessoa possa minerar ETH usando hardwares comuns. O êxito nessa etapa permite passos mais agressivos nas próximas fases.

André avisa que “os desafios técnicos são imensos e é impossível prever os problemas que serão encontrados pela frente, sendo as datas apresentadas, portanto, apenas ambições otimistas e, possivelmente, prolongáveis”.

Imaginando a transição concluída e bem-sucedida, no entanto, vemos um impacto imensamente transformacional na sociedade: o Ethereum 2.0 inauguraria uma economia descentralizada, segura e que pode ser escalada para o mundo inteiro.

Vale a pena investir em Ether (ETH)?

É comum que muitos investidores tenham dúvidas sobre investir em criptomoedas, afinal além do fator novidade, trata-se de um mercado altamente volátil e incerto. O Ethereum, por outro lado, tem se mostrado cada vez mais sólido – assim como o seu concorrente Bitcoin.

A segunda cripto de maior capitalização do mercado é apontada por muitos especialistas como a principal aposta para os próximos anos, uma vez que a tecnologia por trás dessa blockchain permite a expansão e a otimização de todos os processos relacionados.

Outro ponto de destaque é a atualização do The Merge – processo de transição de proof of work para proof of stake –, que tende a atrair cada vez mais usuários para a plataforma. A mineração por PoS também deve tornar o Ether um ativo mais escasso, permitindo que seu valor cresça à medida que menos moedas são emitidas ao longo dos próximos anos.

Antes de investir, entretanto, é importante que você procure se atualizar sobre o histórico de preço dessa criptomoeda, bem como dos meios mais seguros de negociar. Também é importante saber armazenar seus ETHs em uma carteira digital de confiança.

Por fim, vale lembrar que o Ethereum, assim como outros ativos do criptomercado, é considerado um investimento de alto risco. Portanto, é importante que você conheça o seu perfil de investidor e avalie todos os fatores que podem influenciar nas oscilações cambiais.