Aos 20 anos de idade, um jovem universitário de classe média alta, que cursa engenharia agrícola na Unicamp, resolve fazer uma brincadeira inocente pulando em uma lagoa no interior de São Paulo. Mas a lagoa é rasa demais, então, ele fratura uma vértebra e fica tetraplégico.
Esta é a história resumida de “Feliz Ano Velho”, de Marcelo Rubens Paiva, livro indicado por Rodolfo Amstalden, sócio-fundador da Empiricus, no episódio #53 do Puro Malte.
Lançado em 1982, “Feliz Ano Velho” se tornou um best-seller, mas, mais do que isso, consolidou Marcelo como um dos principais porta-vozes de uma geração.
Utilizando-se de uma linguagem coloquial, cheia de gírias e palavrões, o autor relata sua vida pós-acidente, os meses no hospital, as inúmeras consultas médicas, as chateações e arrependimentos. Ele também revisita memórias da infância e juventude, vividas durante a ditadura militar, em uma narrativa que mescla suas experiências pessoais com o contexto político do país.
O livro relata os dois grandes traumas da vida de Marcelo. O primeiro, quando tinha 11 anos, e viu seu pai, o político Rubens Paiva, sendo levado de casa pelos militares por ser um opositor do regime. O deputado foi morto e seu corpo nunca foi encontrado. O segundo, aos 20 anos, com o acidente que mudou pra sempre sua vida.
“Feliz Ano Velho” não se resume aos acontecimentos traumáticos da vida do autor e não é um livro sobre superação. Como o próprio narrador diz: “Não sou herói, sou apenas vítima do destino, dentre milhões de destinos que nós não escolhemos.”
Por vezes, o autor se assume um jovem arrogante e egocêntrico. Em outros momentos, revela ter pensamentos suicidas e se indignar com Deus. O livro também é recheado de histórias de travessuras da juventude, com toques de erotismo, humor e ternura.
Sem apelar para lições morais ou se afogar nos arrependimentos, “Feliz Ano Velho” acaba ensinando muito sobre a vida e suas peripécias. Como escreve Marcelo Rubens Paiva: “o futuro é uma quantidade infinita de incertezas.”
“O negócio é o seguinte: o passado aconteceu, foi bom, mas não volta mais. Agora a gente tá noutra. Você está na beira de uma escada e tem muitos degraus pra subir. Cada degrau é uma tremenda vitória que tem que ser muito comemorada. Olhar pra trás não adianta. Aconteceu.” — Trecho do livro “Feliz Ano Velho”, de Marcelo Rubens Paiva.
A obra de Marcelo Rubens Paiva venceu o Prêmio Jabuti em 1983 e foi adaptada para o teatro e cinema. Recentemente, houve o anúncio de que a história se tornará uma série televisiva, produzida por Diane Maia e Joana Mariani. O livro também compôs a lista de leituras obrigatórias do vestibular da UFRGS.
“Feliz Ano Velho” está disponível por R$ 32. Compre aqui.
Veja as outras dicas culturais do Puro Malte #53:
- Série “Lupin”, disponível na Netflix. Indicação de Roberta Scrivano;
- Pré-venda do livro “Pele de Homem”, do ilustrador francês Hubert. Indicação de Roberta Scrivano;
- Doação em apoio aos moradores de rua de São Paulo, através do site O Arcanjo. Indicação de Roberta Scrivano;
- Perfil do médico Peter Attia, que fala sobre os princípios da longevidade. Indicação de Rodolfo Amstalden;
- Próxima novela da Globo, “Nos Tempos do Imperador”, com Selton Mello e Alexandre Nero. Indicação de Felipe Miranda.