Por definição teórica, cisnes negros são eventos raros, com impacto extremo e previsibilidade retrospectiva: algo que não acontece sempre, que tem grandes consequências e você não consegue prever.
Então, você deve estar se perguntando, por que preciso ler e aprender sobre eles?
O livro, Cisne Negro, de 449 páginas responde esta pergunta logo no começo, com a explicação da raridade do Cisne Negro. Antes da descoberta feita na Austrália, as pessoas do Antigo Mundo estavam convencidas de que todos os cisnes eram brancos. Esta era uma crença inquestionável por ser absolutamente confirmada por evidências empíricas – até alguém avistar o primeiro cisne negro.
Essa história ilustra uma limitação severa no aprendizado por meio de observações ou experiências, mostrando a fragilidade do nosso conhecimento.
E para tentar entender essa fragilidade, o autor prefere trabalhar com o modelo de Sir Karl Popper, que, em vez de focar incessantemente nos modelos clássicos de previsão, devemos buscar evidências que contradigam nossas premissas. Ao contrário de pensar em como agregar mais informações nos sistemas de previsão, é necessário buscar suas falhas. Não existe um número próprio de cisnes brancos que possa confirmar que todos eles sejam brancos, mas a evidência de que existe apenas um cisne preto torna falsa a premissa.
Por exemplo, qual das histórias abaixo é a mais provável de acontecer?
João parecia ter um casamento feliz com Maria. Logo em seguida, ele mata a esposa.
João parecia ter um casamento feliz com Maria. Logo em seguida, ele mata a esposa para ficar com a herança dela.
Em um primeiro momento, a segunda história parece mais provável já que tem mais detalhes. Mas na verdade, a primeira história é mais provável, pois abrange um número maior de situações.
Afinal, na primeira história, João poderia ter tido muitos outros motivos. Essa é a falácia narrativa.
Taleb propõe um exercício interessante para resolver essa questão.
Dividido em três partes, o livro traz na primeira parte um conteúdo extremamente rico em metáforas sobre a cegueira platônica no que diz respeito à tomada de decisão; na segunda, o autor introduz uma série de exemplos explicando por que não podemos prever o futuro, buscando convencer o leitor de que não podemos conduzir a história, mas apenas sermos conduzidos por ela; na terceira, Taleb propõe um antídoto para o problema do Cisne Negro e do mundo que foge das distribuições normais.
Se não ficou claro até aqui, é preciso colocar em mente que cisnes negros acontecerão, para o bem e para o mal. Mais do que isso, eles são muito mais frequentes do que os modelos teóricos pressupõem. E você não conseguirá antecipá-los, menos ainda impedi-los.
Ainda assim, podemos nos aproveitar do fato de eles existirem, usando o conceito de antifragilidade. Mesmo com a impossibilidade de prever o futuro, conseguimos ter uma boa ideia do quanto eventos de cauda podem nos afetar.
Por isso, evite se expor a negócios ou investimentos que sejam muito suscetíveis a cisnes negros negativos, ou seja, que ganham pouco no melhor cenário, e que perdem muito no pior cenário. Ao mesmo tempo, esteja exposto ao máximo a negócios ou investimentos sujeitos a cisnes negros positivos. Nestes casos, na pior das hipóteses você perderá pouco. Na melhor, ganhará muito.
Adotando a antifragilidade como filosofia de investimentos, não precisamos ficar reféns de previsões certeiras, até porque isso é impossível. Com a assimetria e a probabilidade ao nosso favor, ganharemos muito mais do que perderemos, e tendemos a sair vitoriosos no final.
Isso não quer dizer que não podemos fazer previsões, que precisamos nos abster de tentar imaginar o que pode acontecer. Isso é inerente à nossa existência, e talvez, aliada à aleatoriedade, uma das principais responsáveis por nos ter feito chegar até aqui.
Gravamos um vídeo, com Matheus Spiess, analista da Empiricus, para falar mais sobre o tema e entender como cisnes negros impactam, não só os seus investimentos, como a sua vida como um todo.
Também falamos sobre o livro de Taleb e como a sua leitura é imprescindível para qualquer investidor.
Essa foi apenas uma das indicações de leitura da Empiricus Books, além disso nossa curadoria escolhe a dedo livros de economia, finanças e empreendedorismo e envia para nossos assinantes a cada dois meses. Não fique de fora desta. Assine já!
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