Da máquina a vapor ao bitcoin
Conta a história que a primeira máquina a vapor foi idealizada por Heron de Alexandria no ano I d.C. No entanto, naquela época, a mão […]
Conta a história que a primeira máquina a vapor foi idealizada por Heron de Alexandria no ano I d.C.
No entanto, naquela época, a mão de obra era escrava e, por isso, não valia a pena investir em algo mais caro que fosse substituí-la.
E assim essa invenção foi deixada de lado por vários anos, até que em algum momento da história ela passou a fazer sentido.
Numa realidade em que a mão de obra passou a ser paga e não era mais tão barata quanto anteriormente, a empreitada da máquina a vapor passa a ser mais atraente.
Com certeza, um dos primeiros casos de solução certa na hora errada – ou fora de timing.
Semelhante a esse momento da história, temos a tese do bitcoin como reserva de valor, que é amplamente defendida por alguns bitcoin-maximalistas, mas ainda não está provada.
Na verdade, os fatos ainda mostram que estamos falando de um ativo de risco. Digo isso baseado no fato de que uma reserva de valor é como o ouro, que em momentos de crise é o porto seguro dos investidores, depois do dólar.
E o bitcoin recentemente se revelou um ativo mais semelhante, em correlação, a uma ação do que ao ouro.
Em sua última queda mais abrupta, essa criptomoeda se mostrou muito correlacionada com ações de tecnologia do mercado americano, como Google, Facebook e as fintechs.
Mas isso mata toda a tese de reserva de valor?
Não apostaria nisso, pois minha principal definição do bitcoin é que ele é um ativo transmorfo: foi criado com a proposta de ser um dinheiro digital P2P, criou uma nova classe de ativos e hoje testa a tese de ativo de risco e de reserva de valor.
E, como temos muita assimetria de informação, poucas pessoas entendem de fato que essa tecnologia que acaba de completar uma década funciona melhor que o ouro.
Inclusive aqueles que deveriam de fato entender bem, como os advisors de investimento, pouco sabem da tecnologia e do seu potencial – quem dirá conseguirem entender e transmitir a tese de investimento para seus clientes sobre a semelhança com o ouro.
É por causa desse cenário que acredito que essa nova classe de ativos não passaria bem por uma próxima crise mundial, da qual as pessoas já começam a falar que poderá ter início nos Estados Unidos.
A compreensão de semelhança entre ouro e bitcoin não está largamente espalhada pelo globo.
É exatamente o contrário: as pessoas ainda olham com maus olhos para esse dinheiro digital e ainda não o compreendem bem.
O futuro não chega para todo mundo ao mesmo tempo e, até hoje, em São Paulo, existem pessoas que não acreditam que aplicativos de marketplace funcionem, mesmo que a geração Y não saiba nem ir às compras sem aplicativos.
Mesmo assim, não deixaria as criptomoedas de lado pelo ouro.
Não é proibido ter os dois, e é saudável tê-los em uma carteira diversificada.
Seja pela tese de ativo de risco, seja por reserva de valor – ou, até mesmo, por historicamente não ter correlação com ativos tradicionais.
E parece que algumas pessoas estão percebendo isso por conta própria. Em 2018, o número de investidores de cripto dobrou e atingiu 35 milhões, segundo a Cambridge Centre for Alternative Finance.
Além disso, não podemos cravar que, em uma crise, todo mundo correrá para o ouro e, se o dinheiro correr marginalmente para o bitcoin, já pode causar um boom nesse mercado.
Por isso, não tenha medo de comprar uma pequena posição em cripto hoje. No Crypto Alert, te ajudamos a fazer isso.
Aquele abraço,
André Franco