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Eu quero o meu bull market

“O gigantesco hit pop/rock “Money for Nothing” foi um dos maiores sucessos da música internacional dos anos 80 […]”.

Por Caio Mesquita

24 de julho de 2023, 09:46

Imagem: FreePik

“Now look at them yo-yo’s that’s the way you do it
You play the guitar on the MTV
That ain’t workin’ that’s the way you do it
Money for nothin’ and chicks for free”
Gordon Sumner / Mark Knopfler

O gigantesco hit pop/rock “Money for Nothing” foi um dos maiores sucessos da música internacional dos anos 80.

A música, que fazia parte do premiado álbum Brothers In Arms da banda britânica Dire Straits foi lançada como single em 28 de junho de 1985, tendo figurado três semanas em primeiro lugar na principal parada de sucesso norte-americana, a Billboard Hot 100.

A obra foi uma colaboração da banda com o músico Sting, conterrâneo do nordeste da Inglaterra do seu líder/vocalista/guitarrista Mark Knopfler.  O falsetto do ex-baixista do The Police, “I want my MTV”, acabou se tornando o slogan do canal, e o clipe da música foi o primeiro a ser tocado na estreia da MTV na Europa.

Knopfler diz que a letra da música veio da observação de dois carregadores que trabalhavam em uma loja de eletrodomésticos que ele visitara em Nova York. Várias frases da letra da música vieram diretamente da boca desses dois personagens que, enquanto entregavam pesadas caixas de geladeiras e afins, comentavam um clipe musical que passava nos televisores da loja.

Vindo trabalhar hoje, a música do Money for Nothing tocou na rádio do carro. Assim que ouvi a voz do Sting me veio à cabeça a imagem do investidor pessoa física que, corretamente animado com a melhoria do cenário, aguarda ansiosamente o esperado bull market que fará as ações do seu portfólio finalmente decolarem.

Frustrado como os carregadores de Money for Nothing, o investidor sonha com dias mais sorridentes, quando finalmente poderá desfrutar de melhores retornos em suas carteiras.

É inegável a evolução dos preços desde o final de março, todavia. Desde então, com o macro mais desanuviado, o Ibovespa engatou um alta até os 120 mil pontos em meados de junho.

Apesar da boa performance recente, o índice parece incapaz de romper essa linha de resistência.

Apesar disso, o entusiasmo dos gestores e analistas com as perspectivas para as ações brasileiras segue em alta. Como exemplo, basta conferir alguns dos títulos dos episódios mais recentes do Market Makers:

“Como encontrar ações baratas e 8 boas oportunidades para comprar”

“Por que a bolsa de valores pode subir ainda mais e o risco do petróleo no Brasil”

“As melhores ações para investir agora”: como aproveitar o rali de alta da bolsa”

Uma pesquisa recente do Bank of America mapeou o entusiasmo dos gestores profissionais, mostrando uma propensão coletiva à maior tomada de risco.

Apesar da boa vontade generalizada, a alta de 10% no Ibovespa parece tímida quando comparada à performance dos índices bursáteis americanos para o mesmo período.

Se ampliarmos o intervalo temporal, a comparação com os índices americanos é mais desfavorável ainda. Em janeiro de 2020, pré-pandemia, o Ibovespa estava nos mesmos níveis de hoje, enquanto o S&P e o Nasdaq têm acumulado uma alta desde então de 37% e 52% respectivamente. Isso para não falar do CDI, que também deu uma surra da Bolsa, rendendo 29% no mesmo período.

Como os trabalhadores braçais de Money for Nothing, os investidores de ações brasileiras invejam a vida boa dos que investiram em ações americanas ou mesmo na renda fixa local.

E assim como Sting clamava por sua MTV, esses mesmos investidores também almejam, só que, neste caso, o objeto de desejo é o tão esperado bull market que todos acreditam merecer.

Mas se as condições para um bull market estão se apresentando, o que nos falta para chegarmos lá?

O Felipe trouxe uma perspectiva interessante no seu Day One desta segunda. Para ele, a primeira fase de recuperação, de março até junho, foi fruto da expansão de múltiplos, derivada da perspectiva do início do corte de juros. Fatores técnicos, como cobertura de posições vendidas, também contribuíram para a alta.

Daqui em diante, uma boa temporada de resultados seria necessária para apoiar uma segunda fase de alta, consolidando o bull market. Uma maior clareza sobre os juros nos EUA também contribuiria para um cenário mais benigno.

Com ambas condições satisfeitas, abre-se a possibilidade de um segundo semestre animado como os solos de Mark Knopfler.

Deixo você agora com os destaques da semana.

Boa leitura e um abraço.

Sobre o autor

Caio Mesquita

CEO da Empiricus