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Ibovespa na máxima histórica, tecnologia impulsiona bolsas internacionais e resultados do 1T25 com Eletrobras (ELET6), Cosan (CSAN3) e mais: veja destaques desta quarta-feira (14)

Copasa (CSMG3), Cosan (CSAN3), Eletrobras (ELET6) são destaques entre os balanços trimestrais do dia.

Por Matheus Spiess

14 maio 2025, 09:10 - atualizado em 14 maio 2025, 09:10

BOLSA DE VALORES IBOVESPA mercado (1) europa

Imagem: iStock/ solarseven

Os ativos de risco têm atravessado dias auspiciosos — até mesmo no Brasil, sempre lembrado pelos solavancos, o Ibovespa atingiu ontem (13) uma nova máxima histórica. O gatilho? A divulgação do núcleo da inflação nos EUA, que veio abaixo do esperado e reforçou a leitura de que as pressões inflacionárias por lá continuam perdendo força. Em um mundo ainda digerindo o protecionismo barulhento de Washington, a sinalização de que o Fed poderá manter os juros onde estão — ou até cortá-los em algum momento mais à frente — tem funcionado como um bálsamo para os mercados globais.

É verdade que a guerra comercial segue pairando como uma nuvem, e que o Federal Reserve, pragmático como sempre, continua na sua posição preferida: de espera. Mas o alívio inflacionário, ainda que parcial, aumenta a probabilidade de um cenário de juros americanos mais benignos — e isso tem efeito direto sobre o apetite por risco, especialmente em mercados emergentes. O Brasil, nesse contexto, tem deixado de ser o patinho feio da história para se tornar um destaque curioso no radar de investidores.

Nesta quarta-feira, as bolsas asiáticas fecharam em alta, impulsionadas por ações de tecnologia e do setor financeiro, num ambiente que mistura certo otimismo após conversas produtivas na Suíça com a já habitual incerteza sobre se, e como, um acordo de fato será alcançado. No radar macro, os olhos se voltam hoje para o relatório mensal da Opep+ e para a bateria de dados de inflação na zona do euro.

A grande questão, especialmente para os investidores brasileiros, é: há fôlego para mais? A resposta, ao que tudo indica, é sim — com a ressalva de que haverá tropeços no caminho, como sempre houve (a volatilidade faz parte). Mas em termos relativos, o Brasil oferece hoje uma combinação rara de valuations atrativos, bom crescimento, moeda fortalecida e uma curva de juros que já precifica um cenário mais benigno.

Nesse ambiente, os nomes de menor capitalização de mercado — as small caps, muitas vezes negligenciadas — surgem como protagonistas em potencial. São empresas mais sensíveis ao ciclo doméstico, com maior beta e capacidade de reagir mais intensamente a movimentos de reprecificação. Em um cenário em que o investidor volta a olhar para dentro e a premiar histórias de crescimento, esse segmento pode ser o próximo a surpreender positivamente. A Temporada Microcap pode estar prestes a começar. E o momento de se posicionar pode ser agora!

· 00:57 — Recorde histórico: talvez o Brasil não seja só sorte, afinal

No Brasil, seguimos surfando a onda da rotação global de ativos. O movimento de realocação regional continua favorecendo os mercados emergentes — e, no caso brasileiro, esse fluxo encontra um terreno fertilizado por bons resultados corporativos. A atual temporada tem revelado, em boa parte, empresas robustas, com fundamentos saudáveis e margens preservadas, o que oferece sustentação adicional para a bolsa. Somam-se a isso dois fatores-chave: a percepção de que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim e a expectativa de que, a partir de 2026, o pêndulo da política econômica possa se mover em direção a maior responsabilidade fiscal. Esse pano de fundo levou o Ibovespa a cravar ontem não apenas uma nova máxima de fechamento — alta de 1,76%, aos 138.963 pontos —, mas também o maior nível intraday da história, atingindo 139.419 pontos. O dólar, por sua vez, recuou para a faixa dos R$ 5,60, coroando um dia em que o mercado operou embalado por otimismo: a inflação abaixo do esperado nos EUA fortaleceu as apostas em cortes de juros.

Na agenda local, o mercado acompanha hoje mais divulgações corporativas, como a de Eletrobras (ELET6), além de dados de atividade, como o volume de serviços de março — número que, se vier fraco, tende a reforçar a leitura de que o ciclo de aperto monetário se encerrou e que a discussão sobre cortes na Selic pode ganhar força. O retrato, portanto, é construtivo. Mas a trajetória não será linear. A política fiscal segue como fonte de ruído persistente. O governo Lula vem insistindo em um modelo preocupante: o crescimento dos gastos obrigatórios — Previdência, saúde, educação — está acima do limite proposto pelo novo arcabouço, comprimindo o espaço para despesas discricionárias e investimentos em infraestrutura. Se mantido, esse caminho pode levar o Brasil a flertar com uma crise política semelhante àquela vivida em 2015, durante o governo Dilma, caso não haja mudança de curso nas eleições de 2026.

Pelo menos no curto prazo, temos sinais de alívio. O governo prometeu anunciar contingenciamentos na próxima semana e autoridades como o presidente da Câmara, Hugo Motta, vêm reiterando publicamente a necessidade de manter a disciplina fiscal — o que ajuda a manter alguma âncora. Assim, desde dezembro de 2024, as alocações em bolsa brasileira vêm subindo, mesmo com uma leve retração por parte dos fundos globais em março. Ainda assim, o nível atual segue muito abaixo da média histórica, o que abre espaço para um re-rating relevante — especialmente se o ambiente global continuar colaborando. Nesse contexto, ganham destaque os nomes de pequena capitalização de mercado, tradicionalmente mais sensíveis ao ciclo doméstico. A combinação de possível corte de juros com um cenário político mais racional à frente pode dar início a um novo rali. Após anos de esquecimento, as microcaps parecem, enfim, sair da hibernação. E, como de costume nesse segmento, quem espera demais corre o risco de ver o bloco passar sem subir no trio.

· 01:45 — Sinais de alívio

Nos Estados Unidos, os mercados voltaram a respirar com alívio — e certa empolgação. Após uma semana marcada por bons sinais, os principais índices subiram embalados por um relatório de inflação mais benigno do que o esperado e pela recuperação das ações ligadas à inteligência artificial. O movimento foi suficiente para empurrar o S&P 500 de volta ao campo positivo no acumulado do ano, ainda que timidamente: +0,08% desde 31 de dezembro. Um feito simbólico, mas relevante, sobretudo após semanas em que o humor oscilava entre cautela e frustração.

Como de costume, os nomes de peso em tecnologia puxaram a fila: Nvidia, Super Micro Computer e Palantir lideraram os ganhos e impulsionaram particularmente a Nasdaq, que segue sendo a vitrine da nova economia. Mas, justiça seja feita, o rali não se resume à IA — o movimento de recuperação já estava em curso, alimentado por uma combinação de alívio macroeconômico e expectativas políticas.

É curioso como sete dias são suficientes para redesenhar o cenário. A mudança de tom na política comercial dos EUA, acompanhada por uma retórica mais pró-mercado da Casa Branca — com promessas de desregulamentação, cortes de impostos e estímulos fiscais — caiu como música para os ouvidos de Wall Street. De repente, o governo Trump parece ter lembrado que o mercado existe.

Enquanto isso, a inflação abaixo do esperado só reforça o otimismo. O dado de abril mostrou o menor ritmo de alta dos preços em quatro anos — um refresco bem-vindo para investidores e, quem sabe, para os dirigentes do Federal Reserve. É verdade que os impactos das tarifas de Trump ainda não apareceram nos números — esses devem surgir com mais clareza entre junho e julho —, mas o suficiente já foi posto na mesa para reacender as apostas em cortes de juros ainda neste ano.

Em resumo: ações em alta, inflação em queda e uma guinada política que agrada ao mercado. Por ora, o roteiro é favorável. Mas como sabemos, nos EUA, os capítulos mudam rápido — e os riscos, quando retornam, não costumam bater à porta.

· 02:39 — Horizonte relevante

A mais recente reviravolta nas tensões comerciais globais veio acompanhada de uma pausa estratégica: os Estados Unidos recuaram — ainda que parcialmente — da ameaça de tarifas de três dígitos sobre a China, e Pequim, num movimento espelhado, também suavizou o tom. Para completar o quadro, o governo americano divulgou uma nova leitura da inflação, novamente abaixo do esperado. O resultado foi imediato: Wall Street devolveu à gaveta as apostas mais otimistas de cortes de juros no curto prazo.

O movimento de reversão pôde ser observado com clareza no mercado de opções de juros, que reagiu pontualmente logo após o anúncio da trégua temporária entre Washington e Pequim. A chamada “incerteza tóxica” — gerada por meses de ameaças tarifárias erráticas por parte do presidente Donald Trump — vinha contaminando expectativas e mexendo com a confiança de consumidores e investidores. E embora o risco tenha diminuído, ele ainda paira no ar, como uma nuvem incômoda, pronta para voltar a crescer a qualquer sinal de nova provocação.

Paralelamente, os números da inflação nos Estados Unidos surpreenderam positivamente pelo terceiro mês consecutivo. O problema é que esses dados ainda não refletem os impactos das tarifas já em vigor — efeitos que devem começar a aparecer, com mais clareza, a partir do segundo semestre. Em outras palavras, o alívio inflacionário atual pode ser apenas uma calmaria temporária.

Além disso, relatos de tensões comerciais entre o Reino Unido e a China, mediadas pela relação de ambos com os Estados Unidos, merecem atenção. A condução unilateral da política comercial por parte de Washington tem sido uma marca registrada desta nova fase do protecionismo americano. E se outros países decidirem entrar no jogo — ou pior, reagir na mesma moeda — o risco não será apenas bilateral: será global. O mercado, por ora, tenta equilibrar otimismo com cautela. Mas é bom lembrar: em um cenário de política externa imprevisível, o risco raramente avisa antes de voltar.

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· 03:23 — Muito além do comércio internacional

Durante a visita do presidente Donald Trump à Arábia Saudita — a primeira parada de sua turnê de quatro dias pelo Oriente Médio —, Riad anunciou a promessa de investir nada menos que US$ 1 trilhão nos EUA. O pacote, segundo a Casa Branca, inclui um acordo de defesa de US$ 142 bilhões, além da encomenda de 30 aeronaves Boeing de corredor único pelo fundo soberano saudita. Os dois países também avançaram em parcerias nos setores de energia e mineração, sinalizando que a relação histórica entre Washington e o reino ultraconservador está longe de esfriar — pelo contrário, parece caminhar para um novo grau de intimidade estratégica, ainda que à sombra de antigas tensões envolvendo direitos humanos e o eterno impasse árabe-israelense.

Enquanto isso, do outro lado do mundo, o Brasil também celebra novos acordos — embora com um parceiro que pode incomodar os americanos. O presidente Lula esteve em visita oficial à China, onde assinou uma série de parcerias com Xi Jinping, apostando abertamente que Pequim é um interlocutor mais disposto do que Washington. A estratégia é clara: atrair investimentos para transformar a economia brasileira, ainda fortemente dependente da exportação de commodities, em um elo mais sofisticado da cadeia de valor global. E a China, por ora, parece corresponder.

No agronegócio, os acordos renderam frutos. Segundo o Ministério da Agricultura, os cinco novos mercados abertos para produtos brasileiros têm potencial de gerar até US$ 20 bilhões em receitas. Paralelamente, as montadoras chinesas BYD e Great Wall Motor já estão revigorando a indústria automotiva nacional, e Lula busca ampliar esse movimento — com ênfase especial em infraestrutura, como ferrovias que encurtem a distância dos portos brasileiros até a Ásia. Um projeto ambicioso, mas com lógica econômica clara: se a China compra, por que não facilitar a entrega? 

· 04:18 — Pressionando o Google

A Perplexity AI, startup que ganhou notoriedade ao unir inteligência artificial com ferramentas de busca, está prestes a levantar mais US$ 500 milhões em uma nova rodada de financiamento. A captação não apenas eleva sua avaliação para ao menos US$ 14 bilhões — frente aos US$ 9 bilhões da rodada anterior, realizada em dezembro — como também amplia a percepção de que o reinado do Google nas buscas pode, enfim, estar sob ameaça concreta. Liderada pela gestora de venture capital Accel, a nova rodada alimenta ambições maiores da Perplexity, que agora planeja lançar seu próprio navegador, batizado de Comet — numa tentativa clara de entrar no território até então dominado por Chrome (Google) e Safari (Apple). Em um setor acostumado a poucos gigantes e muita inércia, trata-se de uma movimentação ousada, que pode acelerar uma reconfiguração da forma como consumimos informação online.

Para quem acompanha a evolução da IA generativa, a Perplexity não é uma desconhecida. Foi a primeira a integrar um índice ativo da web com modelos de linguagem capazes de resumir, cruzar e explicar conteúdo em tempo real, com base em múltiplas fontes. Não à toa, nomes como OpenAI e Anthropic seguiram o mesmo caminho, buscando transformar seus modelos em buscadores inteligentes — ainda que com valuations bem maiores: US$ 300 bilhões e US$ 62 bilhões, respectivamente.

Enquanto isso, o Google, joia da coroa da Alphabet (GOGL34), tenta conter a erosão de seu domínio histórico, enfrentando um processo antitruste do governo dos EUA justamente por práticas anticoncorrenciais em sua principal linha de receita: as buscas. Embora o próprio Google admita que a chegada da IA mudou a dinâmica competitiva do setor, o incômodo é evidente. Afinal, não se trata apenas de concorrência. Trata-se de um tipo de concorrência ao qual o Google talvez não esteja mais acostumado: ágil, capitalizada e com liberdade para arriscar onde ele hoje hesita. A Perplexity, ao que tudo indica, não quer apenas participar da conversa. Quer mudar a pergunta. E, neste jogo, quem dita o que e como se busca, dita também quem lucra com a resposta

· 05:02 — Mais um trimestre forte

A Direcional (DIRR3) divulgou seus números do primeiro trimestre de 2025 com uma mensagem direta e, para o mercado, difícil de ignorar: eficiência operacional e rentabilidade seguem como suas principais credenciais — e, até aqui, o relógio segue perfeitamente ajustado. A dúvida que fica é inevitável: após uma valorização superior a 70% desde que indicamos o papel no fim de 2023, ainda há espaço para mais?

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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