Investimentos

A passos lentos, indicadores do 1T23 demonstram evolução de Eletrobras pós-privatização

Apesar de um turn around um pouco mais lento após a privatização, companhia segue apresentando sinais de melhora e expectativas são favoráveis

Por Ruy Hungria

05 maio 2023, 10:33 - atualizado em 05 maio 2023, 10:45

Eletrobras (ELET3, ELET6)
Imagem: Divulgação

A Eletrobras (ELET6) reportou resultados mistos no 1T23, com crescimento interessante nos números operacionais recorrentes, mas com o lucro afetado pelo aumento da dívida e menor ajuda da variação cambial na comparação com o 1T22. 

A receita líquida recorrente cresceu 14% vs 1T22, ajudada principalmente pela consolidação da Santo Antônio Energia (Saesa), o que mais do que compensou a queda nos preços de energia no período. No segmento de transmissão, apesar de a receita IFRS ter permanecido estável, é importante ressaltar que a receita regulatória (que tem maior correlação com o fluxo de caixa) cresceu 17%, ajudada pelos reajustes tarifários. No consolidado, a receita atingiu R$ 9,26 bilhões no 1T23.

No trimestre, os custos e despesas recorrentes cresceram 18%, impactados principalmente pela consolidação da Saesa e investimentos em projetos de transmissão da Chesf, o que torna a base de comparação um pouco injusta. Ainda assim, e mesmo tendo visto uma queda nas despesas com pessoal, por exemplo, entendemos que o mercado gostaria de ver avanços um pouco mais acelerados nos cortes de despesas após a privatização, o que explica parte do mau humor recente com os papéis. 

Por outro lado, depois de muitos trimestres com impactos negativos por conta de provisões bilionárias, o 1T23 foi bem mais limpo, com provisões de “apenas” R$ 576 milhões ante quase R$ 2 bilhões no 1T22.

Considerando apenas os efeitos recorrentes, o Ebitda ajustado atingiu R$ 5,6 bilhões, uma alta interessante de 10% no período, mesmo com o cenário ainda desfavorável para os preços de energia. 

Sobre esse assunto, vale a pena mencionar que a situação do portfólio de venda de energia da Eletrobras evoluiu no trimestre, também ajudado pela consolidação da Saesa. A energia descontratada caiu mais de -10 p.p. em cada um dos próximos três anos, com os preços médios de venda se mantendo acima de R$ 200. 

Apesar da melhora dos resultados operacionais, o resultado financeiro piorou no período. As dívidas assumidas da Saesa e o aumento da Selic trouxeram um crescimento de mais de R$ 1 bilhão nas despesas com juros. Além disso, o 1T22 tinha mostrado um ganho de R$ 1 bilhão decorrente da variação cambial, o que não se repetiu neste trimestre. 

Eletrobras talvez não seja a melhor elétrica para sua carteira: esta outra ação com negócio bilionário em andamento pode valorizar entre 25% e 40% e deixar ELET6 ‘para trás’. Clique aqui para saber o nome gratuitamente. 

O posicionamento da Empiricus Research

Por isso, o lucro líquido ajustado recuou na comparação anual, para R$ 1,8 bilhão, mas não é algo que nos preocupa. Apesar de um turn around um pouco mais lento após a privatização, a Eletrobras segue apresentando sinais de melhora. Por 5 vezes o Ebitda esperado de 2024 e com um dividend yield esperado de 6%, entendemos que a relação de risco vs retorno permanece bastante favorável. 

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.

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