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Amazon, Apple, McDonald’s e outras gigantes divulgam seus resultados nesta semana; veja o que é destaque

Além disso, está prevista para quarta e quinta-feira a reunião do Federal Reserve, que não deve alterar as taxas de juros dos Estados Unidos.

Por Matheus Spiess

29 de abril de 2024, 09:13

Imagem representando a agenda de resultados do 3T23, a temporada de balanços das empresas agenda econômica da semana mercado
Agenda de resultados do 3T23

Bom dia, pessoal. A última semana foi concluída com uma redução nas preocupações do mercado acerca da política monetária do Federal Reserve (Fed), após a divulgação do índice PCE de março, que veio conforme as expectativas e apresentou um cenário mais ameno do que o aumento observado no trimestre, relatado juntamente com o PIB na quinta-feira anterior.

Embora o panorama geral permaneça desafiador, com a reunião do Fed prevista para esta semana (quarta e quinta-feira) projetando um tom mais contracionista (“hawkish“), iniciamos esta nova semana em uma base relativamente mais estável.

No Brasil, a reação a essa reunião será avaliada apenas na quinta-feira (2), devido ao fechamento dos mercados na quarta por conta de um feriado nacional.

Além disso, o foco desta semana incluirá o relatório de emprego dos EUA, a ser divulgado na sexta-feira (3), que fornecerá indicativos adicionais sobre a direção futura da política monetária americana. Espera-se que os dados mostrem mais um mês de robusto crescimento no emprego, o que não simplifica a situação.

Paralelamente, a temporada de resultados financeiros continua tanto no Brasil quanto internacionalmente.

Em um contexto global, é importante observar os resultados de duas das empresas do grupo das “Magnificent Seven“, com a Amazon anunciando seus resultados amanhã, terça-feira (30), e a Apple na quinta-feira (2). Outras empresas notáveis como Eli Lilly, Conoco, Phillips, Pfizer, Coca-Cola, McDonald’s e Starbucks também divulgarão seus resultados nesta semana. As ações asiáticas tiveram uma performance positiva nesta segunda-feira, um movimento que se reflete também nos mercados europeus e nos futuros americanos nesta manhã.

A ver…

· 00:55 — Dando mais municação para o BC

Na última sexta-feira, o otimismo que permeou os mercados internacionais, especialmente após os resultados encorajadores no setor de tecnologia dos EUA e um índice PCE alinhado com as expectativas (menos alarmante do que se temia), reverberou também nas bolsas ao redor do mundo. No Brasil, o principal índice da bolsa, após três semanas de quedas consecutivas, registrou um ganho semanal de 1,12%. Além disso, atraiu atenção o IPCA-15 de abril, que, ao registrar 0,21% na comparação mensal, ficou abaixo do previsto pelo mercado. Essa desaceleração, em comparação aos 0,36% de março, foi primordialmente influenciada pela redução nos preços de alimentos no domicílio e da gasolina. Esta conjuntura poderia abrir margem para o Banco Central brasileiro prosseguir com um corte de 50 pontos-base na próxima reunião de maio, antes de uma possível pausa no ciclo de ajustes, aguardando desenvolvimentos sobre cortes de juros nos EUA.

Esta semana, que será mais curta devido ao feriado de quarta-feira, será marcada pela divulgação de resultados financeiros significativos, com Santander na terça-feira e Bradesco na quinta. Outras métricas relevantes a serem observadas incluem o IGP-M, o Caged, a Pnad Contínua, dados do setor externo e a produção industrial. No tocante ao mercado de trabalho, espera-se a criação líquida de 230 mil postos de trabalho, com a taxa de desemprego de março estimada em 8,1%. Um resultado conforme ou inferior ao esperado poderia sustentar a possibilidade de um corte de 50 pontos na Selic na próxima semana. Entretanto, esse movimento ainda dependerá de outros fatores, como o cenário internacional e o ambiente fiscal. Nesse sentido, o Tesouro Nacional divulgará hoje o resultado primário do governo central de março. Estaremos atentos para verificar se a arrecadação continua a superar as expectativas, ainda que de forma menos expressiva que nos primeiros meses do ano. Dados robustos nesse aspecto poderiam aliviar as pressões sobre a curva de juros.

· 01:51 — Aguardando a reação dura do Fed

Na última sexta-feira, nos Estados Unidos, a publicação do índice de preços PCE, que é a medida de inflação preferencial do Federal Reserve, revelou persistência na elevação dos preços, um dado que, embora teimoso, foi recebido com certa indiferença pelo mercado de ações, uma vez que correspondeu às expectativas e mitigou temores exacerbados sobre o futuro da inflação. Além disso, contribuições positivas de gigantes como Alphabet e Microsoft, que superaram as previsões com seus resultados, também ajudaram a sustentar o ânimo do mercado, conforme antecipamos aqui no M5M+.

A semana também começa com novidades no setor bancário: reguladores americanos estão à beira de assumir o controle do Banco Republic First Bancorp, localizado na Filadélfia, com planos avançados para sua venda a outra instituição financeira. Este é o quarto incidente de colapso bancário nos EUA desde o ano passado, com problemas semelhantes aos enfrentados por outros bancos regionais: depreciação de ativos devido ao aumento das taxas de juros e alta proporção de depósitos não garantidos que podem ser rapidamente retirados. Apesar de séria, essa situação não deve causar grande alarde, considerando que outras preocupações predominam no cenário.

Esta semana é marcada pela reunião do Federal Reserve, que não deve alterar as taxas de juros, mas cujo tom adotado pelo presidente Jerome Powell em sua coletiva de imprensa será crucial para decifrar o rumo futuro dos juros. Esta coletiva está programada para ocorrer na tarde de quarta-feira, após o anúncio da decisão sobre as taxas. Além disso, a semana ainda reserva a divulgação de mais resultados corporativos significativos e o relatório de emprego de abril. O mercado de trabalho permanece robusto, mas qualquer sinal de enfraquecimento, mesmo que leve, poderá ser suficiente para melhorar o cenário econômico vigente.

 · 02:47 — Um impulso em semicondutores

Em 2022, o Congresso dos EUA, com apoio dos dois partidos, aprovou o CHIPS and Science Act, uma iniciativa audaciosa para impulsionar a produção doméstica de um componente crítico para a segurança nacional: os semicondutores. Dois anos após a promulgação, mais da metade dos US$ 39 bilhões em incentivos já foi distribuída.

O programa está mostrando resultados positivos: empresas do setor de semicondutores e seus fornecedores anunciaram investimentos de cerca de US$ 327 bilhões nos Estados Unidos para a próxima década. Essa iniciativa também levou a um aumento de quinze vezes na construção de instalações de fabricação de dispositivos de computação e eletrônicos. Até 2030, estima-se que os Estados Unidos serão responsáveis pela produção de aproximadamente 20% dos chips mais avançados.

Os semicondutores são essenciais para uma ampla gama de produtos cotidianos, incluindo automóveis, cuja produção global caiu 26% em 2021 devido à falta desses componentes. No entanto, é o uso de semicondutores em setores críticos como as forças armadas, centros de dados e telecomunicações que motivou o Congresso a agir para assegurar que os EUA mantenham sua superioridade tecnológica sobre a China. Assim, é crucial manter uma cadeia de suprimentos robusta e eficiente.

Este é um exemplo de nearshoring, que discutimos frequentemente. Parte dessa estratégia se concretiza nos próprios Estados Unidos, enquanto outra se estende a parceiros como o México. Esse aumento significativo em investimentos capitais pode também ter um impacto inflacionário, sugerindo que, nos próximos anos, tanto a inflação quanto as taxas de juros poderão ser mais elevadas do que anteriormente. É também interessante notar que muitas das novas fábricas estão sendo construídas em estados indecisos nas eleições, os chamados swing states (as fábricas planejadas são vastas e têm o potencial de transformar economias regionais).

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· 03:42 — Bolsa 24 horas?

A New York Stock Exchange (NYSE), parte do grupo Intercontinental Exchange (ICE), iniciou uma consulta com os participantes do mercado acionário sobre a viabilidade de operações 24 horas por dia. Esta consulta ocorre ao mesmo tempo em que reguladores avaliam detalhadamente uma proposta de uma startup que pretende criar a primeira bolsa de valores a operar 24 horas por dia, 7 dias por semana. O interesse da NYSE em explorar a negociação de ações de grandes empresas como Nvidia ou Apple durante a noite, especificamente entre 20h e 4h no horário da costa leste dos EUA, reflete uma crescente curiosidade por parte dos investidores.

Atualmente, plataformas de corretagem de varejo como Robinhood e Interactive Brokers já possibilitam acesso contínuo ao mercado de ações dos EUA, permitindo negociações que ocorrem tanto internamente quanto através de locais de negociação alternativos, conhecidos como “dark pools”. Esses locais são populares especialmente entre investidores de varejo asiáticos, que operam fora do horário convencional das bolsas. A implementação de uma bolsa que funcione continuamente durante a noite representaria uma transformação significativa, devido ao rigoroso controle regulatório ao qual as bolsas estão sujeitas, diferentemente dos dark pools. Apesar do fascínio por essa ideia, sou cético quanto à sua realização prática.

· 04:33 — Um novo motor de crescimento do mundo

No passado, eu já discuti o notável potencial da Índia. Atualmente, enquanto a China ocupa o posto de segunda maior economia global, a Índia, que está em quinto lugar, ainda apresenta uma escala econômica consideravelmente menor. No entanto, com uma taxa de crescimento do PIB superior a 7%, a Índia está em uma trajetória que poderá levá-la a ultrapassar tanto a Alemanha quanto o Japão nos próximos anos. Alguns analistas do setor de Economia projetam que a Índia poderá superar a China como a principal força motriz do crescimento econômico mundial já em 2028. Vale ressaltar que, mesmo nesse cenário, a economia indiana ainda seria menor que a chinesa em tamanho total; estou me referindo ao país como um catalisador do crescimento do PIB global. Atualmente, esse papel é desempenhado pela China, mas isso pode não durar muito mais tempo.

A competição entre Índia e China não é apenas uma questão regional asiática, mas sim um tema de relevância global. Isso é evidenciado pelo fato de a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, ter visitado a Índia quatro vezes em menos de um ano, uma demonstração de apoio dos EUA para deslocar parte das cadeias de suprimentos globais para fora da China.  Ao mesmo tempo, ambos os países enfrentam seus próprios desafios, é verdade. A Índia lida com problemas sociais significativos decorrentes de sua vasta população, enquanto a China enfrenta um mercado imobiliário problemático que tem sido um obstáculo ao seu crescimento e à confiança do consumidor. Neste contexto geopolítico, a Índia tende a alinhar-se mais estreitamente com os EUA do que com a China. Neste cenário, até mesmo o Brasil poderia beneficiar-se ao expandir o comércio com esses países.

· 05:26 — Mais problemas no varejo brasileiro

Os últimos tempos têm sido desafiadores para o varejo no Brasil, marcados por uma delicada situação financeira. No final de semana, o Grupo Casas Bahia solicitou a recuperação extrajudicial, uma alternativa menos complexa que a recuperação judicial tradicional. Essa abordagem permite à empresa estender o prazo de suas dívidas e diminuir os encargos financeiros associados. O pedido já vem com um acordo com seus principais credores, Bradesco e Banco do Brasil, que juntos detêm 66% das dívidas incluídas nesta reestruturação, detalhando os termos do procedimento.

O montante total da dívida em renegociação é de R$ 4,1 bilhões. Essa reestruturação financeira trará…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.