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Aprovação do arcabouço fiscal e tendência de alta nos mercados europeus e americano podem impulsionar Ibovespa hoje; veja os destaques desta quarta (23)

Mercado também está de olho na divulgação de PMIs na Europa e no desempenho das commodities, que estão em baixa nesta manhã

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Data de publicação
23 de agosto de 2023
Categoria
Investimentos
Imagem de um gráfico para representar os scalpers, investidores que assumem um alto risco no mercado em busca de lucros rápidos mercado.

Bom dia, pessoal. Nos mercados asiáticos, o fechamento desta quarta-feira trouxe uma mistura de resultados, enquanto a expectativa se concentra no aguardado discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, programado para o final desta semana. Powell tem previsão de discursar na sexta-feira em um evento realizado em Jackson Hole, Wyoming, local historicamente associado a anúncios políticos significativos por parte do Fed. Adicionalmente, a atenção também está voltada para os próximos passos que o Banco Popular da China pode adotar em relação à política monetária, considerando que o banco central já surpreendeu ao reduzir sua taxa básica de juros, sinalizando uma urgência em manter o crescimento sustentável.

Os mercados europeus estão apresentando uma tendência de alta nesta manhã, assim como os futuros do mercado americano. Nos Estados Unidos, houve uma queda nas ações dos bancos ontem, após a S&P Global Ratings rebaixar vários bancos regionais do país em um nível, citando “condições financeiras desafiadoras”. Na agenda do dia, destaca-se a divulgação dos índices de gerentes de compras (PMIs) dos setores industrial e de serviços em diferentes regiões da Europa. No que diz respeito às commodities, elas estão apresentando uma performance em baixa nesta manhã, o que pode impactar o desempenho relativo do Brasil no contexto internacional.

A ver…

· 00:49 — Sonho de uma noite de verão

No cenário brasileiro, as últimas semanas testemunharam um aumento na incerteza fiscal, refletida de maneira evidente na curva de juros. Essa preocupação não se centra tanto na insatisfação em relação à própria regra fiscal, mas sim na execução do orçamento. De fato, o governo necessita de novas fontes de receita e, apesar das estruturas estabelecidas, os gastos no Brasil continuam a crescer em ritmo superior à média dos mercados emergentes, gerando uma dose de apreensão.

A boa notícia veio na noite passada, com a aprovação do framework fiscal pela Câmara dos Deputados, obtendo um total de 379 votos a favor e 64 contra. O texto aprovado manteve o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e os recursos destinados ao Fundo Constitucional do Distrito Federal fora dos limites estabelecidos. Entretanto, a emenda que permitiria ao governo incluir as chamadas “despesas condicionadas” no orçamento foi retirada.

A proposta agora segue para a etapa de sanção presidencial, sendo que essa etapa ocorre dentro do prazo para que o Orçamento de 2024 seja encaminhado ao Congresso até o dia 31. É importante lembrar que, de acordo com a nova regra, os gastos poderão aumentar até 70% do crescimento da receita, situando-se no intervalo de 0,6% a 2,5% acima da inflação.

Já ontem, foi possível observar uma reação positiva nos mercados em relação à condução das negociações. No entanto, além das despesas condicionadas, o Ministério da Fazenda enfrentou outras derrotas, como a exclusão da tributação offshore. Além disso, a votação da urgência e do mérito da desoneração da folha de pagamento foi adiada para a próxima semana, um movimento que prorroga até 2027 os benefícios para os 17 setores econômicos que mais empregam. Também foi aprovado um reajuste de 9% para os servidores públicos.

Manter todos esses compromissos financeiros é uma tarefa complexa. Alcançar um déficit zero no próximo ano parece um sonho de uma noite de verão. De fato, os mercados já não têm grande confiança de que o governo conseguirá cumprir essas metas ousadas. No entanto, ter um plano estruturado já é um passo significativo, ao menos para um horizonte de tempo mais imediato. Mesmo sabendo que as estruturas provavelmente serão ajustadas nos próximos anos, pelo menos por ora, as preocupações fiscais parecem estar encaminhadas.

· 01:48 — Aquecendo os motores para as primárias

Nos Estados Unidos, a noite de hoje será marcada pelo debate entre a maioria dos candidatos presidenciais do Partido Republicano, embora o candidato mais notório, Donald Trump, tenha optado por não participar, o que acaba por tirar um pouco do destaque do evento. No entanto, esse debate evidencia como os americanos já estão entrando em clima de preparação para as primárias, que precedem a eleição presidencial do próximo ano.

No cenário dos mercados, o encerramento do mês de agosto se caracterizou por um volume de negociações relativamente reduzido. Os dois principais fatores a serem observados serão os resultados da Nvidia hoje e o aguardado discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira.

O setor varejista continua a ganhar destaque, exibindo um desempenho positivo. Esse movimento não é tão surpreendente, considerando que os gastos dos consumidores têm se mantido robustos ao longo do ano. No entanto, é interessante notar que os americanos ainda tendem a privilegiar os serviços em detrimento dos produtos (vide os elementos da inflação.

O cenário político e econômico nos Estados Unidos segue movimentado, com eventos que influenciam tanto a dinâmica interna do país quanto os mercados globais. O debate das primárias presidenciais, a atenção em relação aos resultados corporativos e a política monetária do Federal Reserve são apenas alguns dos elementos que estão moldando o panorama atual.

· 02:41 — Completou um ano e ninguém percebeu

Na semana passada, completou-se um ano desde a implementação da Lei de Redução da Inflação (IRA). Apesar do nome sugerir um foco na contenção inflacionária, a verdadeira intenção da IRA é canalizar uma soma sem precedentes de financiamento federal para impulsionar a adoção de tecnologias limpas (Ciro Gomes, é você?).

O plano desencadeou a liberação de 394 bilhões de dólares em fundos governamentais e 367 bilhões de dólares em empréstimos para projetos ambientais. Isso inclui subsídios para empresas envolvidas na produção de baterias para carros elétricos, equipamentos de energia solar e eólica, assim como tecnologia de armazenamento de energia, entre outras coisas.

Essa legislação já motivou os principais players da indústria de energia renovável a investirem 271 bilhões de dólares em projetos em todo o país e gerou a criação de 29.780 empregos no último ano, conforme apontado pela American Clean Power Association. Os Estados Unidos também estão se consolidando como um centro de produção de baterias para veículos elétricos, com montadoras anunciando planos para estabelecer novas fábricas em estados como Michigan, Carolina do Sul e Nova York.

No entanto, como é comum em políticas abrangentes, haverá impactos adversos para alguns setores. Embora a IRA já tenha impulsionado inúmeras iniciativas na área de tecnologias limpas, será necessário mais tempo para determinar se a lei efetivamente inaugura uma verdadeira revolução nas energias renováveis, algo que só será evidenciado com o passar do tempo e a acumulação de mais experiências.

· 03:38 — O que está acontecendo na China?

O ano de 2023 estava previsto para marcar o retorno vigoroso da economia chinesa após o término da sua estratégia de “zero-Covid”. No entanto, todos os indicadores estão apontando em direção oposta. Os dados estão revelando um desaceleramento do crescimento, um aumento no desemprego entre os jovens e há indícios de que a deflação pode ser um problema mais significativo do que inicialmente previsto. A mais recente divulgação de dados revela que as exportações chinesas tiveram a maior queda desde o início da pandemia, ao mesmo tempo que os preços no setor produtivo entraram em declínio.

Mas o que está de fato acontecendo? A China encerrou suas medidas pandêmicas quando já estava sofrendo os efeitos do aumento da inflação global, o que impactou negativamente as demanda por suas exportações. Além disso, em comparação com as nações industrializadas, a China não dispunha de um excedente significativo de poupança para ser gasto após a reabertura. A autoridade monetária até reduziu as taxas de juros na tentativa de estimular o consumo, porém, adotar estímulos adicionais se torna um desafio diante do problema substancial da dívida no país e da fragilidade da moeda chinesa, o yuan.

As bolhas no mercado imobiliário também estão levando muitos a reavaliarem seu patrimônio líquido, enquanto o aumento das tensões comerciais resultou na realocação da produção de empresas multinacionais para países como Índia e Vietnã. Paralelamente, as medidas de repressão adotadas nos últimos anos deixaram o setor privado em uma situação delicada. Resta agora saber se o governo chinês possui alguma estratégia não revelada para evitar os piores cenários econômicos.

· 04:36 — Catástrofes que custam caro

A indústria de seguros enfrentou prejuízos segurados de US$ 50 bilhões nos primeiros seis meses de 2023, marcando o segundo valor mais alto desde 2011, em decorrência de uma série de eventos catastróficos naturais. Devido a anos de perdas relacionadas a catástrofes, as companhias de seguros estão elevando as taxas e restringindo a cobertura oferecida.

De um modo geral, dependendo da perspectiva adotada, as perdas econômicas decorrentes de desastres naturais podem chegar a US$ 120 bilhões ao redor do mundo, um aumento de 46% em relação à média dos últimos 10 anos. O crescimento da população em regiões propensas a desastres, como a costa da Flórida e a Califórnia, contribui para o aumento dos custos de recuperação.

As perdas acima da média registradas este ano reafirmam uma tendência de crescimento anual entre 5% e 7% nas perdas seguradas, impulsionada tanto pelas mudanças climáticas quanto pelo aumento do valor econômico em áreas urbanas.

Recentemente, o mundo experimentou o julho mais quente já registrado, ultrapassando o recorde global de temperatura média mensal estabelecido em julho de 2019. Isso veio logo após o junho mais quente já registrado. Esses custos representam um ônus significativo para a economia global, que está atualmente enfrentando um processo de aperto na política monetária.