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Arcabouço fiscal é suficiente para BC discutir corte na Selic?

A analista Lais Costa, da Empiricus Research, comenta os desdobramentos do novo arcabouço fiscal e indica títulos de renda fixa para a semana; confira

Por Lais Costa

4 de abril de 2023, 13:57

arcabouço fiscal Haddad
Imagem: MF/Diogo Zacarias

A semana passada foi marcada pela apresentação das linhas gerais do novo arcabouço fiscal. Apesar do aumento de volatilidade, a reação do mercado foi de um certo alívio.

Entre diversas possibilidades (e muitas dúvidas ainda sobre as hipóteses usadas nas projeções apresentadas), a sensação é de que poderia ter sido muito pior. Certamente, a expectativa bastante deprimida em relação à matéria explica grande parte a reação do mercado.

O texto final só deve ser apresentado aos parlamentares na próxima semana, porém, já ficou claro que o plano proposto depende de um aumento considerável de receita. O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que é necessário um aumento de algo em torno de R$ 150 bilhões para zerar o déficit no ano que vem e viabilizar a nova regra fiscal.

Nessa linha, várias medidas já foram ventiladas como taxação de apostas eletrônicas e de e-commerce, tributação de fundos exclusivos, e a principal seria a mudança da base de cálculo da CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido).

Mesmo sendo consideradas “jabutis” pelo próprio governo, o caminho de aprovação de aumento de impostos é indiscutivelmente antipopular e, portanto, sensível no âmbito político. Mesmo a tributação de fundos exclusivos, que afetaria uma pequena minoria muito abastada da população não deve ter um caminho fácil, como já visto em tentativas de governo anteriores.

Em linhas gerais, a aprovação de um plano que limite o gasto do governo em 70% da receita não deveria gerar pressão sobre a demanda. Sendo assim, considerando a trajetória de queda da inflação e indicadores de atividade mais fracos em todo o mundo, aumentamos o nosso viés de inflação mais baixa no horizonte de um ano.

BC deve esperar queda nas expectativas de inflação para discutir queda da Selic

Em termos de política monetária, contudo, ainda não esperamos mudanças na Selic nos próximos meses. Ao contrário, apesar dos diretores do banco central reconhecerem os esforços da Fazenda em relação ao novo arcabouço fiscal, ainda existe um longo caminho a ser percorrido até que a discussão de corte de juros seja trazida a público.

Nesse sentido, a diretora Fernanda Guardado reafirmou ontem (3), em uma entrevista bastante dura, a mensagem de que “não há relação mecânica entre a convergência da inflação e a apresentação do arcabouço”. A nossa leitura é de que o banco central deve esperar que as expectativas de inflação cedam para discutir um ciclo de queda de juros.

Sendo assim, considerando que hoje o mercado precifica uma inflação de cerca de 6,3% para dois anos, enquanto temos um viés de baixa para o índice nesse horizonte, continuamos vendo uma relação de risco retorno muito mais favorável de títulos pós-fixados para o curto prazo.

Confira o cardápio de renda fixa da semana

Todas as recomendações abaixo são títulos que contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos, contudo, o investidor precisa se certificar de que não ultrapassou o limite de R$ 250 mil por instituição, incluindo os juros a receber do investimento.

O investimento na taxa líquida indicada da LCA pós-fixada do Banco BTG Pactual equivale a uma aplicação com taxa bruta aproximada de 112,2% do CDI. 
O investimento na taxa líquida indicada da LCA pós-fixada do Banco Daycoval equivale a uma aplicação com taxa bruta aproximada de 124% do CDI.

Por fim, é importante lembrar que, para a sua reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar no curtíssimo prazo e que precisa estar disponível imediatamente, recomendamos o Tesouro Selic, disponível na plataforma do Tesouro Direto, ou fundos DI taxa zero.

*O trecho do relatório e as indicações acima pertencem à série Super Renda Fixa, da Empiricus, comandada por Lais CostaOs assinantes da série têm acesso aos relatórios completos, com informações a respeito do mercado brasileiro e internacional, além das tradicionais recomendações.

Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira elétrica com certificação CNPI. Analista de renda fixa na Empiricus Research.