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Felipe Miranda: ‘China pode estar saindo de seu pior momento e beneficiar o Brasil’

Em live do Instagram, o CIO da Empiricus Research comenta a força da economia chinesa e as decisões de política monetária do Brasil e dos EUA.

Por Nicole Vasselai

9 de maio de 2024, 14:39

Imagem de gráficos sobrepostos à bandeira da China em alusão ao comportamento do mercado financeiro no que se refere a esse país Vale VALE3
Reprodução: Shutterstock

Depois de um abril que não teve piedade do investidor, maio começou com um ambiente mais amigável. Para Felipe Miranda, sócio-fundador e analista-chefe da Empiricus, os seis dias consecutivos de alta do S&P 500 nesse começo de mês são um bom sinal.

“Isso é sinal de que, no curtíssimo prazo, o mercado continua atraído por ativos de risco lá fora“, afirma, na live desta quinta-feira (9), em seu Instagram.

Segundo o economista, o otimismo nas Bolsas internacionais se deve muito à reunião do Federal Reserve (banco central americano) realizada logo no primeiro dia de maio.

Por que o humor do mercado melhorou no começo de maio?

“O mercado comprou a sinalização do Powell sobre estar mais cauteloso em relação aos futuros passos, dada a preocupação com a inflação persistente. Além disso, o Fed também vai trazer um alívio pra liquidez, já que indicou que vai reduzir o ritmo de redução do seu balanço a partir de junho”, explica Miranda.

Apesar de o mercado estar bem mais animado nestes primeiros dias de maio, o analista chama atenção para o índice de preços ao consumidor (CPI), previsto para ser divulgado nos próximos dias. “Até o CPI sair, as Bolsas devem continuar em alta, mas depois que tivermos esse dado, vamos entender como vai ficar o humor do mercado a partir de então”.

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E a decisão de reduzir a Selic para 10,50% ao ano?

Além disso, o economista dedica boa parte da transmissão para analisar a decisão de ontem (8) do Comitê de Política Monetária (Copom). A reunião propôs um corte de 0,25% da Selic, taxa básica de juros, que agora cai para 10,50% ao ano.

Na visão de Miranda, a redução de apenas 0,25 pontos-base foi adequada. “Basicamente, o Copom justifica o corte com alguns fatores: deterioração do cenário externo, inflação forte e persistente e alta das taxas de mercado lá fora”, afirma o analista.

No entanto, para ele, o ponto principal da decisão sobre os juros foi a divergência dos membros do comitê a respeito da redução da Selic: cinco votaram a favor de 0,25% de corte; quatro preferiam 0,50%.

“Esse dissenso do Copom alimenta a hipótese de um problema. Isso porque os quatro membros que votaram a favor de um corte maior da Selic estão do lado do Lula e do PT. E esses votos podem significar que a preferência do BC na hora de decidir sobre o juro está mudando; estaria priorizando um juro mais baixo para não prejudicar tanto o desemprego, ainda que a inflação fique mais alta, em vez de priorizar um arrefecimento da inflação”, explica Miranda.

Ao mesmo tempo, o analista achou muito dura a mensagem do Banco Central sobre uma desancoragem integral das expectativas de inflação. Até então, a postura do BC indicava uma desancoragem parcial das expectativas, dado o cenário internacional.

“Parece que o BC começa a flertar com a ideia de que precisa diminuir o ritmo de corte, e o Campos Neto até retirou o forward guidance de 2024 e já está olhando para as decisões de juros de 2025, com uma estimativa de dois a três cortes no ano que vem, quando olha uma convergência maior da inflação para a meta”.

Nesse cenário e após a decisão de ontem de política monetária, Miranda imagina que o juro de curto prazo suba nesta quinta-feira (9) como reação ao que o BC tem comunicado.

Além disso, reforça a importância do investidor se atentar à ata do Copom, que será divulgada na próxima terça-feira (14).

Como a China pode beneficiar o Brasil neste momento

Outro tópico abordado por Miranda na live é a força da economia chinesa, após reportar números fortes de importação e ter retirado as restrições para a compra de imóveis.

A China pode estar saindo do seu pior momento e isso pode dar um momentinho [bom] para o Brasil“, afirma.

Ele explica a tese: “A correlação entre ADRs brasileiras e China é altíssima, então China indo bem é muito bom para as ações brasileiras que são negociadas nas Bolsas americanas”.

No Brasil, o investidor está ‘jogando a toalha’: por que isso é bom?

“No Brasil, vejo um clima de que o investidor está ‘jogando a toalha’. Aquela velha frase de que o Brasil ‘não tem jeito’, de que o arcabouço fiscal nunca funcionaria e etc. pode na verdade ser um momento de inflexão [de virada]”, diz Miranda.

Ele também ressalta que, se o cenário fosse positivo, a taxa do título IPCA+ 2050 não estaria no patamar de 6,3%. “Antes [diziam que] era a renda fixa que morreu, agora [dizem que] é a Bolsa que morreu”.

Onde investir neste momento?

Por ainda identificar na Bolsa ações de qualidade baratas, o analista finaliza a live listando alguns de seus papéis favoritos para investir.

Stone (STOC31) tem um momento operacional muito interessante. Itaú (ITUB4) é irritantemente bom. Direcional (DIRR3) está num momento excelente; não se surpreendam se essa ação distribuir dividendos extras. Desktop (DESK3) é uma bela empresa, tem crescimento interessante, superando em 15% o lucro líquido. Eletrobras (ELET3, ELET6) se beneficia no segundo semestre de um rearranjo operacional importante, vai discutir renovação de concessão e tem se tornado mais ‘market-friendly‘”.

Para saber a tese de investimento em cada ação de forma aprofundada, confira a live completa aqui.

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.