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Fiagro do setor sucroalcooleiro entra na carteira de Renda Imobiliária: conheça o Kinea Crédito Agro (KNCA11)

Fundo de recebíveis com alta exposição ao setor sucroalcooleiro passa a ser recomendado na Carteira Alternativa da série Renda Imobiliária; veja mais detalhes

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Data de publicação
26 de maio de 2022
Categoria
Investimentos
cultura de cana-de-açúcar
Fiagro do setor sucroalcooleiro entra na carteira de Renda Imobiliária: conheça o Kinea Crédito Agro (KNCA11). Fonte: File Creative Commons

Em novo relatório da série Renda Imobiliária, do analista Caio Araújo, uma nova recomendação de Fiagro: o Kinea Crédito Agro (KNCA11)

Os Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) são um novo segmento que vem ganhando notoriedade nos últimos meses.

Em especial, os fundos de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), que é o caso da maior parte do portfólio do KNCA11, visto que estes acompanham o atual cenário de alta da inflação e dos juros.

KNCA11: veja as principais características do fundo

O Kinea Crédito Agro (KNCA11) realizou IPO em janeiro deste ano e é gerido pela Kinea Investimentos, gestora bem consolidada no mercado.

O fundo tem por objetivo gerar rendimentos mensais, por meio de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais, em especial, através de CRAs.

Segundo Araújo, esse fiagro chama atenção por sua alta exposição ao setor sucroalcooleiro, segmento em que o Brasil se destaca como o maior produtor em escala global.

Atualmente, o KNCA11 possui mais de 5 milhões de cotas distribuídas em uma base de aproximadamente 4.800 cotistas, totalizando um patrimônio líquido (PL) de R$511,9 milhões (valor patrimonial de aproximadamente R$ 100 por cota).

Sua liquidez diária gira em torno dos R$ 840 mil, um volume considerável, mas que exige certa cautela para grandes movimentações, afirma Caio.

Portfólio atual: cenário atual é favorável para sucroalcooleiros

O KNCA11 conta atualmente com cerca de 97,5% do seu portfólio posicionado em títulos do agronegócio, mais precisamente em CRAs, e o restante em caixa.

CRAs (Certificados de Recebíveis Agrícolas) são títulos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades do setor agrícola.

Seu portfólio é composto por apenas seis operações, com somente dois tomadores, concentração comum entre fundos em fase de maturação. Essas empresas são Usina Itamarati (UISA) e Rio Amambai Agroenergia (RAA).

O analista ressalta que, até o momento, o portfólio se encontra 100% adimplente.

Em geral, tratam-se de empresas de porte médio no setor agro, que já apresentam números relevantes.


“Devido à dinâmica de financiamento no setor, aliada à sua baixa penetração no mercado de capitais, temos poucos players ‘high grade’ nos portfólios de crédito atualmente. Em compensação, observamos taxas mais elevadas para as operações”, descreve Caio.

As operações são realizadas por companhias que atuam no segmento sucroalcooleiro. As usinas são capazes de produzir tanto açúcar como etanol ao mesmo tempo, sendo a produção variável de acordo com as projeções do mercado.

Em relação a isso, Araújo explica: “Atualmente, o Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, e o momento, apesar de desafiador por conta da alta dos insumos, tem sido interessante para os usineiros”.

Ele complementa, ainda, que isso se deve à valorização de ambos os produtos nos últimos meses, principalmente do etanol, visto que este possui forte correlação com o preço do barril de petróleo.

Quanto à localização, as duas operações são situadas na região Centro-Oeste (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), bastante tradicional no setor agrícola, mas nem tanto no sucroalcooleiro, configurando um diferencial favorável.

Surfando a onda da alta dos juros: indexação em CDI tem efeito positivo

De modo geral, a gestão dá preferência para operações estruturadas pela própria Kinea, o que permite o acompanhamento mais próximo dos devedores e a inclusão de cláusulas favoráveis ao fundo nos termos de securitização.

Essa decisão também proporciona a implementação de garantias robustas, aumentando significativamente a segurança das operações.

O loan-to-value (LTV) médio é de 61,8%, valor que, segundo Caio, é bem interessante.

Conforme citado anteriormente, 100% dos CRAs são indexados ao CDI, com uma taxa média de aquisição de 6,23%.

“Essa alta exposição ao CDI é interessante para o atual ciclo de alta da taxa de juros e tende a beneficiar o resultado do fundo no médio prazo”, avalia o analista.

Risco e retorno: por que vale a pena investir

Com apenas 4 meses de existência, o KNCA11 apresentou um retorno de 8,62%, contra 0,62% do IFIX e 3,57% do CDI.

“Notamos que o fundo supera o retorno do IFIX durante todo o período, apesar da volatilidade um pouco acima da média, promovida pela liquidez instável no início das negociações”, afirma Caio Araújo.

Segundo o analista, esse resultado se deve em grande medida à forte distribuição do KNCA11. 

Seu último rendimento foi de R$ 1,17 por cota, gerando um yield anualizado de 13,4% no patamar de preço atual. 

A carteira de CRAs do fundo se beneficia da elevação do CDI, que alcançou 12,65% ao ano recentemente.

Não há taxa de gestão para o KNCA11, mas é cobrada uma taxa de administração de 1,2% ao ano sobre o patrimônio líquido do fundo, um pouco acima da média de seus pares.

O fundo também não possui taxa de performance, o que tira um pouco o alinhamento de interesses entre a gestão e os cotistas, mas não causa desconforto, segundo Araújo.

Por fim, o risco da carteira é totalmente corporativo. Segundo Araújo, isso é interessante pela facilidade para analisar a saúde financeira do devedor, pois o risco é concentrado no balanço de um único tomador por operação.

Concluindo, ele afirma: “O KNCA11 possui uma carteira com retorno bem interessante, exposta a um segmento que passa por um momento favorável e um nível de risco moderado”.