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Investimentos

Juros mais altos, por mais tempo: o que fazer com investimentos em bolsa? 

Analistas defendem visão de longo prazo em episódio do Podca$t

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Data de publicação
22 de abril de 2024
Categoria
Investimentos
Imagem representando o ticker, um código usado na bolsa de valores para identificar e negociar um determinado ativo.

As recentes notícias que envolvem as expectativas de corte de juros não são animadoras. Neste cenário, ressurge a tese de Howard Marks de que as taxas ficariam “higher for longer”, ou seja, mais altas por mais tempo, em tradução livre.

A declaração emblemática foi feita em um memorando pelo megainvestidor americano em dezembro de 2022 e volta a popular novas previsões de que os juros podem permanecer elevados por mais tempo do que se esperava. 

Com esta ideia em pauta, o último Podca$t reuniu a analista de ações, Larissa Quaresma, o head da Empiricus Gestão, João Piccioni, e o CIO da Empiricus Research, Felipe Miranda, para discutirem como investir nesse cenário.

Visão de longo prazo 

Sobre a declaração de Marks, Felipe concorda, mas pontua que a pergunta de um milhão de dólares, na verdade, é “por quanto mais tempo os juros permanecerão altos?” e analisa a situação:

“O juro é mais alto sim. Isso requer, primeiro, que as coisas vão demorar um pouco mais para acontecer. Aquele cenário de seis, sete cortes de taxa de juros parece que não está mais na conta agora.” 

Ele reflete que “o jogo de curto prazo é um jogo difícil” e que não visualiza um gatilho em breve para que essas taxas caiam. 

Felipe alerta os investidores sobre a importância de manter uma visão de longo prazo e de não deixar que oscilações momentâneas no mercado influenciem suas estratégias de investimento. 

Ele sugere que “o curtíssimo prazo ainda é muito desafiador, mas, por outro lado, é nessas horas que você forma posições de longo prazo em empresas de altíssima qualidade”

Mesmo com os juros altos, João mostra otimismo com os investimentos em bolsa. Ele destaca como as empresas americanas estão operando com níveis historicamente baixos de endividamento, o que pode impulsionar o crescimento dos lucros e justificar a alta nos preços das ações, mesmo com taxas de juros mais altas.

Além disso, sugere que, se as taxas de juros caírem, isso poderia impulsionar ainda mais o mercado de ações, indicando que um ambiente econômico favorável:

“Parece que o ambiente é bom, independente dos juros. Se os juros vierem para baixo, eu acho que tem muitas chances da bolsa ir muito além do que a gente está vendo.“

Sobre as ações brasileiras, Larissa destaca o surpreendente desempenho do setor varejista brasileiro em fevereiro, que superou as expectativas. Ela também observa que a inflação no Brasil está diminuindo, o que pode indicar uma melhoria nas condições econômicas.

‘É hora de atravessar’

Ao discutirem os desdobramentos da inflação e a possível reflação nos mercados globais, os analistas ofereceram suas perspectivas nos mercados globais.

João sugere que “dada a arquitetura do nosso mercado financeiro, é mais provável que as ações fiquem mais baratas”. Para ele, as pressões do mercado podem levar a quedas nos preços das ações, tornando-as mais acessíveis para os investidores.

Felipe comenta que o investidor pessoa física está avesso aos ativos de risco, mas que “é um momento de atravessar. Não tem que vender nada, porque está tudo muito barato. Os lucros vão subir cedo ou tarde. Se o negócio vai bem, as ações, no final, seguem”.

Dinâmica mutável do mercado

Larissa destaca que está acontecendo uma mudança na dinâmica do mercado, onde setores cíclicos domésticos estão caindo enquanto as ações ligadas a commodities, particularmente o petróleo e o minério, e ações mais defensivas do setor financeiro estão indo melhor. Ela questiona se é hora de voltar para estratégias mais ligadas ao dólar e exportadoras para proteger-se da volatilidade.

João concorda, mencionando que o reflation trade — a expectativa de um reaquecimento econômico — pode ser rápido demais: 

“Me parece que esse reflation trade é bom e faz sentido, mas é um movimento que pode ser rápido demais. Você pode ter que entrar rápido e ter que sair rápido.” 

Ele também destaca o potencial das empresas locais, especialmente aquelas atreladas ao dólar, como Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e Weg (WEGE3), para apresentarem bons resultados no segundo trimestre. 

Felipe, por sua vez, prefere favorecer empresas geradoras de caixa e com foco em dividendos. Ele menciona que o reflation trade pode ser uma oportunidade, mas prefere estratégias de dividendos devido à previsibilidade e margem de segurança.

Além das ações, onde investir?

Como não só de ações vive um investidor, os analistas também opinam sobre debêntures incentivadas, fundos imobiliários e posições internacionais geradoras de renda no quadro ‘compra ou vende’. Confira o vídeo na íntegra: