Investimentos

Norte Asset está short em Magazine Luiza (MGLU3)

Gustavo Salomão, sócio fundador da gestora de recursos, explica a tese da operação short em Magalu e comenta os papéis que gosta como Arezzo (ARZZ3), WDC Networks (LVTC3) e Intelbras (INTB3); confira os pontos principais do bate-papo do gestor com Felipe Miranda

Por Daniela Rocha

15 mar 2022, 19:12 - atualizado em 21 mar 2022, 14:17

A Norte Asset Management, que tem como carro-chefe o fundo Norte Long Bias, segue firme em sua aposta na queda das ações do Magazine Luiza (MGLU3)

A gestora está short em Magalu há quase 14 meses, isto é, desde a sua fundação ou da cota 1 desse seu fundo, que tem estratégia diversificada em vários mercados – seu core é ações, mas a carteira também conta com treasuries, juros e moedas.  

A tese por trás disso é a intensa competição no setor, bem como a deterioração do cenário macroeconômico, destacou Gustavo Salomão, sócio e CIO da Norte Asset, em uma live com o Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus nesta terça-feira (15/03). 

Apesar de MGLU3 ter caído significativamente nos últimos meses, o gestor é categórico ao dizer que mantém a posição vendida

“O valor de mercado que já foi de cerca de R$ 160 bilhões chegou agora a algo em torno de R$ 30 bi. Então, a pergunta que fazem é: está de graça? A gente não tem interesse de onde vem, mas para onde vai, com juro alto, crescimento baixo do PIB e competição acirrada, qual é a possibilidade de uma guinada positiva?”, comentou. 

Conforme ele, a decisão não se baseou em questões específicas da empresa. “O problema não foi micro. Magalu é uma das melhores empresas do setor”, disse. Inclusive, ele elogiou o trabalho de Fred Trajano à frente do negócio e a guinada positiva que a companhia teve depois de uma situação de alta alavancagem e problemas financeiros em 2015. De lá para cá a empresa se modernizou e fez inúmeras aquisições. 

Contudo, na visão dele, a concorrência se tornou acirrada. As grandes players são: Magazine Luiza, Americanas (AMER3), Via (VIIA3), Amazon (AMAZO34), Mercado Livre (MELI34), AliExpress (BABA34), Shein e Shopee

“Empresa de e-commerce não tem marca, o que os consumidores querem fazer é saber de preço e condições de pagamentos”, avalia Salomão. 

Ele explicou que Magalu atua muito dentro do modelo 1P, ou seja, tem desembolso de caixa na frente para comprar produtos de fabricantes e, depois, vende ao longo do tempo. 

Esse modelo de financiamento tem desafios diante do contexto macro complexo e da maior concorrência. 

 Aumentou a ‘briga’ no mercado em relação ao mix de produtos ou sortimento; às condições de frete e parcelamentos, ao mesmo tempo em que os juros avançam no país. Por sua vez, a inflação elevada corrói o poder de compra da população, impactando negativamente no desempenho de vendas. 

O sócio da Norte Asset acrescentou que o e-commerce, que tinha dado um salto na pandemia por uma necessidade das pessoas em isolamento, passou a sentir o retorno do fluxo aos shoppings e às lojas de rua.  

O resultado de todos esses fatores  é que as margens de Magalu ficaram comprimidas – porém, logicamente, esse não é um problema exclusivo. 

Gustavo Salomão chegou a comentar na live que a gestora já teve êxito com uma outra  operação de short em Stone (STOC31), empresa do setor de adquirência, também por conta da competição exacerbada no segmento – a chamada ‘guerra das maquininhas’.

Arezzo (ARZZ3) tem maior participação no fundo

A Arezzo&Co (ARZZ3) é a maior posição do fundo Norte Long Bias. De acordo com Gustavo Salomão, a ação subiu no ano passado, contrariando o Ibovespa, que registrou queda de 11,93%. E, no acumulado de 2022 até hoje, ARZZ3 sobe 6,80%. 

A companhia tem se destacado no setor varejista de moda, avalia o gestor. “Conseguiram construir uma house of brands, um conjunto de marcas fortes que têm valor. As marcas dão resiliência, são um elo de confiança e um selo de qualidade aos consumidores, além de servirem de proteção para competição”, disse no bate-papo com Felipe Miranda no canal da Empiricus no YouTube

O grupo é composto pelas marcas Arezzo, Schutz, AnaCapri, Birman, Fiever, Vans, Reserva, Baw, Troc, Carol Bass, MyShoes, ZZMall e Alme. 

Não só calçados. Salomão diz que a Arezzo tem vantagem competitiva e está se posicionando  em variadas frentes. A partir da aquisição da Reserva, está avançando na moda masculina. Já a compra da Carol Bass foi um passo importante em vestuário feminino. Em moda jovem, a Vans tem ganhado cada vez mais relevância no Brasil. “A Arezzo assumiu essa marca externa pagando quase nenhum royalty, basicamente pagando um fee. Está atraindo o público jovem, as lojas têm bom tráfego, estão vendendo”, disse. 

O gestor disse que outro ponto positivo é a capacidade de gestão de Alexandre Birman, CEO. “É um cara que está consistentemente entregando. O Alexandre tem um percentual elevado do seu patrimônio na Arezzo, está focado, isso demonstra alinhamento e comprometimento”, ressaltou. 

Não é à toa que os resultados apresentados recentemente, referentes ao 4T21 e ao acumulado do ano passado são fortes, na avaliação do sócio e CIO da Norte Asset. 

Combo de tecnologia: possível aquisição da WDC (LVTC3) pela Intelbras (INTB3)?

Gustavo Salomão revelou que o fundo investe também na WDC Networks (LVTC3), que atua em dois segmentos promissores que são equipamentos e serviços ligados ao 5G e painéis solares e na Intelbras (INTB3), conhecida por tecnologias ligadas à segurança como câmeras, fechaduras eletrônicas e também à energia solar. 

Apesar de WDC Networks ter uma operação assertiva e alto potencial de crescimento dos seus negócios, suas ações caem 50% desde o IPO, o que, segundo ele, abre espaço para que seja alvo de uma aquisição. 

Inclusive, segundo o sócio da Norte Asset, a Intelbras pode despontar como uma possível candidata a compradora. 

Para saber mais sobre o momento de mercado e sobre a atuação da Norte Asset Management, assista ao vídeo completo. 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI. 

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