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Por que o fluxo financeiro está em direção à América Latina, principalmente ao Brasil?

Felipe Miranda, chefe de análise da Empiricus, explica por que o Brasil pode se beneficiar da saída de investidores da Rússia

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Data de publicação
4 de março de 2022
Categoria
Investimentos

Ao longo desta semana, algumas notícias mexeram bastante com o mercado financeiro, que tem se movimentado bastante nas alocações, principalmente geograficamente, diante do conflito entre Rússia e Ucrânia.

O que talvez surpreenda muitos investidores é que isso pode ser benéfico para a Bolsa brasileira. 

Para você entender por que, destrinchamos abaixo os motivos que têm colocado a América Latina na rota dos principais fundos do mundo, com números comentados por Felipe Miranda, CIO e sócio fundador da Empiricus.

1. As ações da Rússia foram excluídas do MSCI

A MSCI é uma importante provedora de informações financeiras e responsável pelos principais índices acionários. Nesta semana, a empresa decidiu excluir, a partir de 9 de março, as ações russas de um dos índices de mercados emergentes devido às sanções econômicas adotadas após a invasão ao território ucraniano, como explica esta matéria do Seu Dinheiro

Com isso, todos os fundos tradicionais e fundos negociados em bolsa (ETF, na sigla em inglês) que seguem os índices da MSCI deverão se desfazer desses ativos.

“Para se ter ideia, a exposição dos fundos às ações do país já caiu 25% no acumulado do ano em apenas dois meses, e a tendência é cair ainda mais com toda essa crise”, explica Felipe Miranda, chefe de análise da Empiricus.

Além disso, os fundos mútuos dedicados a mercados emergentes também diminuíram a exposição aos ADRs da China, que representam uma grande parte do índice.

2. O risco-país da Rússia disparou

O mercado também se prepara para um iminente calote da dívida pela Rússia, já que o principal indicador de risco-país, o CDS (Credit Default Swap), cresceu exponencialmente nos últimos dias. 

Para se ter uma ideia, as taxas do CDS estavam no nível de 130 pontos-base no fim do ano passado e na última segunda-feira já não eram negociadas em pontos-base após cruzarem a barreira dos 1.000 pontos.

3. Do Leste Europeu para a América Latina

Bom, ao se deparar com esse cenário nada favorável na Rússia, para onde os fundos vão migrar seus recursos, então? Como pontuado anteriormente, Felipe Miranda aposta em países como o Brasil, por ser um importante produtor de commodities, como também afirma neste outro artigo da Empiricus sobre as pressões inflacionárias provocadas por esse cenário.

“Ações brasileiras ligadas às commodities, como é o caso da Vale, que já tem um peso considerável, devem aumentar ainda mais sua relevância nos índices MSCI. O próprio Ibovespa tem sido sustentado, em boa parte, pela boa performance dessas empresas”. 

4. Quatro dos nove principais mercados do mundo são latinos

Os quatro países que têm apresentado melhor performance acionária, em dólar, são LATAM. Enquanto isso, o SPX cai 8%. 

Dá só uma olhada no acumulado do ano, em dólar, dos quatro mercados e a posição que cada um ocupa no ranking:

Peru: nº 1, +19%

Brasil: nº 3, +16%

Colômbia: n° 7, +12% 

Chile: nº 9, +11%

“O fluxo financeiro vai perseguir esse desempenho com certeza. Da última vez que os preços das commodities estiveram tão altos [índice BCOM], a exposição do Brasil era 60% maior do que é hoje, ou seja, algo como US$ 160 bilhões, sendo que estamos em um patamar de R$ 100 bilhões atualmente. Para quem não sabe onde investir em meio a esse caos, o Brasil se mostra uma excelente oportunidade”, destaca Felipe Miranda.