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Por que preferimos Raízen (RAIZ4) à Vibra (VBBR3)?

Para analista, resultados e avenidas de crescimento da Raízen são mais atrativos que os da concorrente; entenda

Por Juan Rey

15 de maio de 2023, 15:34

Raízen (RAIZ4)
Imagem: Divulgação/ Raízen

A sucroalcooleira Raízen (RAIZ4), empresa do grupo Cosan (CSAN3), divulgou seus resultados referentes ao 4º trimestre da safra 2022/2023 na última sexta-feira (12). Os números não foram bem recebidos pelo mercado e a ação cai mais de 4% no pregão desta segunda. 

Mas por que o mercado não aprovou um lucro líquido ajustado de R$ 2,52 bilhões, resultado de aproximadamente 12 vezes o lucro obtido no mesmo período do ano anterior? 

Isso ocorreu porque o número foi impulsionado por R$ 3,7 bilhões de créditos fiscais de PIS e Cofins. A prática, no entanto, não é incomum. A concorrente Vibra, inclusive, fez o mesmo reconhecimento de créditos tributários um trimestre antes. 

Ao ajustar o efeito no resultado, a Raízen teria um Ebitda em linha com o do mesmo período anterior, o que, na opinião da analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma, “é melhor que o resultado entregue por Vibra, que teve uma queda de 37% no Ebitda”.

Por que preferimos Raízen à Vibra?

A divisão própria de açúcar e etanol da Raízen, produzida a partir da cana de açúcar plantada pela própria empresa, é um diferencial competitivo que ajuda a explicar a diferença de desempenho do Ebitda das duas companhias. 

Justamente por conta desse diferencial, as expectativas em torno dos resultados da Raízen eram superiores às da Vibra. “Com isso estamos vendo as ações da Raízen performarem pior, por conta dessa decepção”, aponta Larissa.

A analista também explica a diferença de estratégia das duas companhias na divisão de distribuição de combustíveis, onde competem. 

Enquanto a Vibra optou por reduzir os preços dos combustíveis para ganhar volume, a Raízen praticou preços mais altos e perdeu volume. Em termos mais simples, a Raízen optou por preservar os preços, e a Vibra optou por ganhar participação de mercado.

O resultado, como apontou o balanço, mostrou a Vibra perdendo 37% do Ebitda, enquanto a Raízen manteve o número (ajustado) no mesmo patamar. A analista vê a estratégia da empresa do grupo Cosan como mais eficiente e com maior possibilidade de lucros no longo prazo.

“A avenida de crescimento da Vibra é expandir a rede de distribuição de combustível. A Raízen tem essa mesma avenida, além da avenida do etanol de segunda geração. As duas estão a um valuation muito parecido, de 9 vezes lucro para 2023, mas preferimos Raízen como tese e como fundamento de longo prazo”, explica.

Perspectivas para a Raízen

A Raízen projetou uma redução de 11,7% no Ebitda ajustado para o ano que vem. No entanto, de acordo com a analista, essa diminuição é com base no Ebitda reportado com o benefício fiscal. 

“Se tirar o benefício e o crédito fiscal de PIS e Cofins, chegamos em um crescimento de mais ou menos 20% no Ebitda projetado para o próximo ano safra, o que é muito bom”.

A analista elencou alguns motivos que devem sustentar o patamar do Ebitda da Raízen:

  • Maior produtividade dos canaviais por conta do clima mais favorável;
  • maior produtividade por conta da renovação dos canaviais que a companhia tem feito e que começa a gerar efeitos a partir do próximo ano safra;
  • ganho de volume nas vendas de etanol e de açúcar por conta da maior produtividade;
  • preço maior do açúcar (que já pode ser observado);
  • redução da pressão inflacionária, que atrapalhou a divisão de produtos de fabricação própria no ano passado. 

“Ano passado estourou a guerra e quase todos os nossos fertilizantes eram importados da Ucrânia. Isso acabou pressionando a margem de quem operava no agro e não foi diferente no caso da Raízen. Com a suavização dessas pressões, devemos ver um Ebitda maior da Raízen para o ano que vem”, analisa.

Por fim, a analista destaca que, por conta da fase de autoinvestimento em várias iniciativas – principalmente nas plantas de etanol de segunda geração -, o case tem grande potencial para o longo prazo, com crescimento substancial no lucro.

“Vemos o case como uma tese estrutural de infraestrutura no país, um bom alocador de capital estruturalmente e como uma companhia que protege a rentabilidade dos acionistas”, finaliza.

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Confira a entrevista completa com Larissa Quaresma sobre o desempenho de Raízen no Giro do Mercado:

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br