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Investimentos

Quais as perspectivas de Hapvida (HAPV3) para o final do ano e para 2024?

Veja como a companhia tem conseguido aumentar o ticket médio de seus planos, sua verticalização e reduzir sinistralidade.

Por Fernando Ferrer

20 de setembro de 2023, 13:38

Prédio da Hapvida (HAPV3)
Imagem: Divulgação

Na última semana conversamos com a equipe de Relação com Investidores da Hapvida (HAPV3) para nos atualizarmos sobre o case. Depois de um bom Hapvida Day e um resultado referente ao 2T23 que surpreendeu positivamente o mercado, como será que está a expectativa da companhia para o final do ano e 2024?

Dada a complexidade da operação e para facilitar o entendimento do leitor, separamos a conversa pelos principais tópicos que afetam diretamente o desempenho da empresa.

Reajuste de preço nos planos

Conforme demonstrado no 2T23, a Hapvida tem conseguido aumentar o ticket médio dos seus planos. Além do reajuste definido pela ANS para os planos individuais, os planos PMEs, coletivos por adesão e empresariais também têm passado por reajustes importantes.

No último trimestre, o aumento do ticket médio foi de 12,2% na comparação anual e de 3,8% na comparação trimestral, conforme demonstrado no gráfico abaixo. Para frente, é esperado que o ticket médio vá avançando sequencialmente até atingir algo próximo a 15% no primeiro semestre do ano que vem.

 

ticket médio dos planos de saúde e odontológico de Hapvida
Figura 3 — Fonte: Hapvida

Importante destacar que a companhia avalia cada região para verificação do volume de desenquadramento e consequente necessidade de reajuste. Nesse caso, os contratos das regiões Norte e Nordeste necessitam muito menos de um reajuste mais intenso do que os contratos das regiões Sul e Sudeste, onde existe um maior percentual de desenquadramento.

Intensificando a verticalização

Outro assunto de suma importância para a companhia é a verticalização. Embora a companhia já tenha um grau de verticalização bastante intenso no consolidado, algumas regiões ainda deixam a desejar, o que acaba fazendo com que o nível de utilização na rede aberta seja mais alto e, consequentemente, a sinistralidade também.

Nessa linha, a companhia tem sido bastante firme na verticalização de unidades de pronto atendimento, laboratórios, diagnósticos e terapias. Em hospital, existem três projetos em andamento que possibilitam à companhia aumentar o nível de verticalização em cidades que hoje ainda estão insuficientes nesse quesito.

No 2T23, a verticalização dos contratos HMO se encontrava acima de 70% para consultas e internações, enquanto acima de 65% para exames. Embora não esteja claro qual é a meta a ser perseguida, é possível notar que ainda existe espaço para melhoria nessa frente.

Figura 4 — Fonte: Hapvida

Importante dizer que, em um primeiro momento, o processo de verticalização é negativo para a sinistralidade. Pode parecer estranho, mas faz todo sentido. As empresas prestadoras de serviço não podem (e nem querem) desligar a rede credenciada e ligar a própria de uma hora para outra. É preciso conviver com as duas ao mesmo tempo em um primeiro momento. Em média, após a inauguração da rede própria, o descredenciamento ocorre 60 dias depois. Na sequência, mesmo após a efetivação do descredenciamento, existe o “runoff” de chegada de contas da rede credenciada por mais um período.

Sinistralidade de Hapvida vive ponto de inflexão

Por fim, mas não menos importante, a sinistralidade. Depois de alguns trimestres muito desafiadores para a indústria como um todo, já é possível ver que o processo de inflexão já começou.

Figura 5 — Fonte: Hapvida

Especificamente sobre Hapvida, considerando o forte processo de reapreçamento dos contratos (demonstrado na seção do reajuste de preço) e a manutenção do processo de verticalização, já é possível notar uma melhora importante na sua sinistralidade. Veja que, na comparação anual, que exclui efeitos de sazonalidade, a companhia já apresentou uma melhora de 1 ponto percentual no 2T23 e deverá seguir avançando.

Sinistralidade de Hapvida tem melhorado
Figura 6 — Fonte: Hapvida

De acordo com as nossas premissas, e considerando as mais de 50 iniciativas que a companhia tem feito no sentido de estabilizar a sinistralidade, acreditamos que em 2024 já será possível voltar ao patamar histórico dos 68% que, somado aos esforços de ganho de eficiência, auxiliarão no processo de recuperação de margem ebitda.

Lei do Piso da Enfermagem e PL dos Planos de Saúde

Em nossa visão, os maiores riscos para a tese hoje e, que precisam ser monitorados de perto são: a Lei do Piso da Enfermagem e o PL dos Planos de Saúde.

Em relação ao primeiro, embora o acórdão do julgamento já tenha sido publicado pelo STF, ainda há espaço para pedidos de revisão da decisão. Se considerarmos que nenhum ajuste será realizado, estimamos que a empresa tenha um gasto extra de R$ 350 milhões anuais, o que implicaria em um aumento aproximado de 1 ponto percentual de sinistralidade, o que naturalmente atrasaria o processo de trazer a sinistralidade de volta ao patamar histórico, como apresentado no item anterior.

Sobre o PL dos Planos de Saúde, existe ainda bastante espaço para debate. Em tramitação há 17 anos, a proposta absorveu quase 300 outros projetos até a sua apresentação. Como ainda haverá muito debate e possivelmente muitas mudanças na proposta, ainda é difícil estimar os possíveis impactos nas empresas do setor e na Hapvida. Contudo, os pontos que nos pareceram mais relevantes, como: a necessidade de pedido de anuência da ANS para reajuste dos planos coletivos por adesão, a impossibilidade de rescisão unilateral dos contratos coletivos e a ampliação do escopo dos planos PME parecem ter efeito bastante limitado sobre a companhia.

Por fim, seguimos confiantes de que o ponto de inflexão já ficou para trás e que a companhia está no rumo certo para que ocorra estruturalmente a melhoria da rentabilidade das suas operações. Negociando por 10 vezes o valor da firma sobre o Ebitda para o ano que vem, a Hapvida (HAVP3) segue como uma sugestão do nosso Book de Ações.

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Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.