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Por que o mercado gostou do resultado da Netflix (NFLX)? Veja análise

Número de usuários ativos aumentou e geração de caixa é tida como positiva; confira análise do analista da Empiricus Richard Camargo

Por Richard Carboni Camargo

18 de outubro de 2022, 19:36

Netflix NFLX

A Netflix (NFLX) divulgou seus resultados trimestrais que estão de encher os olhos e que, enfim, foram muito bem recebidos pelo mercado. 

Como o resultado foi pra lá de favorável, a ação subiu cerca de 14% no pregão noturno, logo após os números se tornarem públicos.

Se você se lembrar, os últimos trimestres da Netflix foram marcados por quedas de mais de 20% da ação após a divulgação dos resultados, devido especialmente ao aumento da sua taxa de cancelamento e consequente desaceleração do número de usuários ativos. 

O resultado do 3T22 trouxe números marginalmente acima do esperado pelo mercado, como a receita de US$ 7,92 bilhões (+5,9% na comparação anual e 1% acima do consenso) e a quantidade de usuários ativos, que somou 223 milhões, um crescimento de 4,5% na comparação anual.

Como a mídia já notificou à exaustão, a Netflix passará a oferecer um novo pacote com anúncios a partir de novembro, em 12 países diferentes. Esse pacote custará entre 20% e 40% menos que o tier mais baixo atualmente oferecido pela empresa.

Com isso, a Netflix informou aos investidores no seu release que deixará dar guidance para sua métrica mais acompanhada pelo mercado: a de usuários ativos. 

Esse é um movimento interessante da empresa, e definitivamente está sendo feito no momento correto. Reforço: é comum isso acontecer quando uma empresa alcança uma escala muito grande.

Me lembrei imediatamente da Apple, que em 2019 parou de reportar a venda de unidades dos seus principais produtos, e passou a reportar apenas receitas. Os investidores não gostaram, mas obviamente superaram a perda (e a ação da Apple definitivamente não fez feio desde então). 

No trimestre, a Netflix apresentou uma margem operacional de 19,3% e geração de caixa positiva. 

Confira o vídeo com a análise de Richard Camargo:

Futuro de NFLX, no entanto, pode contar com instabilidade 

Para o próximo trimestre, a Netflix espera que sua receita seja de US$ 7,8 bilhões, uma queda frente ao número divulgado hoje. O principal vilão é o câmbio; em moeda constante, esse número representaria um crescimento anual de 9%.

Na abertura de amanhã, se nada se alterar, as ações da empresa estarão oscilando num valor de mercado próximo a US$ 120 bilhões, o que implica um múltiplo preço sobre lucros de 25x para os próximos 12 meses. 

Considerando o ritmo de crescimento baixo que a Netflix tem apresentado (e comunicado para os próximos meses), esse valuation parece embutir todo o prêmio merecido pela enorme marca e sucesso que a empresa construiu nos últimos, porém deixa pouco espaço para pensarmos em upsides relevantes.

Nas nossas carteiras internacionais da Empiricus, não temos uma exposição à Netflix. Preferimos ficar de fora aos preços atuais. 

*Autor: Richard Carboni Camargo

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Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.