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Stone (STNE): vale a pena comprar?

Entenda os prós e contras da ação que ganhou a confiança de Warren Buffett

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Data de publicação
29 de março de 2021
Categoria
Investimentos

As ações da Stone (NASDAQ: STNE) são indicadas por Rodolfo Amstalden, co-fundador da Empiricus, na série PRP desde setembro de 2020.

De lá para cá, a ação se valorizou mais de 40%.

Neste artigo, vamos explorar o perfil da empresa, suas vantagens competitivas para se destacar nesse mercado, e os cuidados que o investidor deve ter se pensa em incluir STNE no portfólio.

O que é a Stone (STNE) e o mercado sobre o qual edificou a sua marca

Para Rodolfo, “em poucas palavras, a Stone é a mistura de uma visão única, com foco no cliente (como todos dizem praticar, mas poucos conseguem implementar) e uma coragem que beira a loucura”.

E para se tornar o que veio a ser hoje, não poderia ter sido diferente.

O mercado de adquirência consiste na intermediação de pagamentos com cartões de crédito e débito, o que o tornava — sim, no passado — muito ligado ao segmento bancário. Este, por sua vez, era, e ainda é, altamente concentrado, ou seja, composto por poucos players de porte nacional.

Assim, as empresas de adquirência também eram poucas e, por consequência, quase não havia concorrência: bastava que as líderes (Cielo, Redecard e Getnet) estabelecessem contratos de longo prazo com os bancões — o que, claro, era feito — e pronto, não sobravam clientes que garantissem escala aos novatos que decidiam se aventurar nesse nicho.

O único jeito de prosperar fora desse clube de elite, portanto, era fazer o que a concorrência não fazia.

Assim nasce a PagSeguro (2006) e a Stone (2012).

A estratégia da PagSeguro (NYSE: PAGS) era atender um público que não era atendido: os desbancarizados. Para isso, criou a Moderninha com a proposta de eliminar o conceito de aluguel, ainda que equilibre esse corte de receita com uma taxa mais salgada nas transações.

Deu certo e a PagSeguro se consolidou como o meio de pagamento dos informais.

A estratégia da Stone (NASDAQ: STNE), por outro lado, era atender áreas que não eram atendidas: as pequenas e médias cidades do Brasil. A ideia, aqui, era levar a qualidade oferecida nos grandes centros urbanos para o país inteiro.

Estamos falando, portanto, de um movimento de democratização dos serviços de adquirência, que deixou de ser uma exclusividade dos bancões e grandes negócios e entrou na vida dos informais, pequenos e médios negócios.

Em 2014, a solução da Stone tomou forma pela maquininha da empresa, que foi inaugurada por Geraldo, também conhecido como “mineiro”. Tratava-se de um vendedor de queijos que ia, com frequência, ao escritório da Stone para oferecer seus produtos.

A oportunidade de ouro apareceu em 2016: o Citibank iria vender a Elavon, sua empresa de adquirência, para focar em clientes corporativos e institucionais.

A Elavon era a quarta maior adquirente do mercado e comprá-la, para a Stone, seria um divisor de águas. A venda se concretizou para a fintech e, de fato, a partir daí o crescimento foi exponencial.

Em 2018, abriu seu capital na Bolsa de Valores de tecnologia dos EUA, a Nasdaq.

Na cerimônia do IPO, quem tocou o sino foi “mineiro”, o primeiro cliente da Stone (STNE)

Atualmente, a Stone (STNE) atende uma base com mais de 600 mil clientes, tem um valuation de US$ 16 bilhões e representa cerca de 5% do market share de adquirência no Brasil.

Na prática, ela conquistou isso por meio de três frentes de negócio: i) offline; ii) online; e iii) gestão do ponto de vendas.

Assim, os softwares desenvolvidos pela Stone tomam forma em maquininhas de pagamento voltadas para os pequenos e médios negócios (i); em APIs voltadas para o e-commerce e outras plataformas digitais (ii); e numa plataforma completa — que inclui conta digital, crédito e controle de custos — voltada para negócios de todos os portes (iii).

Antes de prosseguirmos, vamos garantir que estamos alinhados e explicar a sigla API.

Trata-se da interface de programação de aplicações, nome que compõe, em inglês, a sigla citada. É um mercado emergente que abre uma porta até então inacessível aos negócios de pequeno e médio porte.

Isso porque desenvolver um software é caro e requisita, na maioria das vezes, um especialista no assunto. Os APIs chegam para resolver isso ao conectar duas aplicações digitais.

Vamos dar dois exemplos.

Imagine que um empreendedor cria um site e quer colocar, neste, um mapa com o endereço do seu negócio. Antes dos APIs, ele precisaria se virar para construir esse tipo de software, mas, agora, basta que ele integre o Google Maps ao seu site.

No caso da Stone, a fintech desenvolve toda a infraestrutura, que passa por serviços bancários e crédito até soluções como split de pagamentos — o que custaria uma fortuna para o pequeno e médio empreendedor desenvolver — e, com apenas algumas linhas de código, seus clientes podem adicioná-la às suas lojas virtuais de forma bem mais simples e econômica.

A Stone tornou-se tão robusta em seu segmento que passou pelos crivos de um dos maiores investidores de todos os tempos, evento que nos aprofundaremos na próxima seção.

A aposta de Warren Buffett

Em novembro de 2018, o megainvestidor Warren Buffett comprou 11% das ações da Stone (STNE), ainda que elas estivessem sendo negociadas, como aponta Max Bohm, sócio e analista da Empiricus, “a um múltiplo estratosférico de 79 vezes preço/lucro”.

Max faz a provocação, em seu relatório: será que Buffett perdeu o juízo?

Ninguém está duvidando da capacidade analítica desse tubarão; na verdade, é o contrário: a aplicação generosa de Buffett na fintech reforça a necessidade de desvendarmos, com urgência, uma forma objetiva e mais precisa de entendê-las.

Trata-se de “algo diferente e com grande potencial disruptivo, um mundo que não conhecemos”, destaca Max.

Ele aponta que fintechs como “Banco Inter e Stone, Square, TransferWise, Wirecard e tantas outras por aí podem, sim, duplicar ou até triplicar seu lucro em um ano e negociar a múltiplos muito mais atrativos”.

Até agora, a expectativa — que muitos consideram surreal — é um dos principais drivers de vários investidores quando investem nessas empresas, dentre os quais podemos citar Warren Buffett e até o conglomerado chinês Tencent, que investiu US$ 180 milhões por 5% do Nubank.

Não que a decisão seja embasada exclusivamente no potencial das fintechs, é claro. Existem, por trás desses movimentos, análises absurdamente técnicas.

A questão levantada por Max, no entanto, é se estamos considerando as métricas corretas.

Passando a palavra para ele: “na minha opinião, ninguém sabe, ainda, avaliar precisamente essas companhias porque estamos diante de algo que pode ter um crescimento exponencial”.

Qual métrica deve ser utilizada ao avaliar uma fintech? Crescimento de receita, número de clientes, potencial para novos serviços, participação de mercado?

Por ora, como bons investidores, temos a humildade de reconhecer que ainda não sabemos e, dessa forma, aplicamos a análise técnica tradicional. No mais, o tempo e a prática nos revelará.

Há mais motivos para acreditar na Stone daqui para frente?

Por meio de estratégias alternativas às dos grandes players (“comer pelas beiradas”), a Stone se tornou uma presença relevante no mercado de adquirência e, como era de se esperar de uma fintech, ainda possui muito potencial para ser explorado.

Agora que sua estrutura é robusta e bem distribuída pelo país, com uma marca forte e capitalizada, chegou a hora de tomar o próximo passo: bater de frente com os líderes do mercado.

Para isso, ela precisaria expandir sua área de atuação para contemplar, além das pequenas e médias empresas, as grandes redes de varejo também.

O método escolhido para abraçar essas Key Accounts foi o crescimento inorgânico, que se deu por maior da compra da Linx (LINX3).

A Linx oferece soluções de software para e-commerces e era uma grande consolidadora do seu mercado, com mais de 30 aquisições nos últimos 12 anos. Só que, dessa vez, ela foi o alvo (houve uma disputa entre a Stone e a Totvs, onde a primeira saiu vencedora).

Mais do que seus produtos tecnológicos, a Linx tinha uma base de clientes muito valiosa: as Key Accounts que a Stone queria alcançar.

A aquisição, que aconteceu em novembro de 2020, foi um ingresso para a Stone se conectar com “50% dos maiores peixes do aquário do varejo nacional (essa fatia é o market share da Linx no segmento de softwares para gestão de pontos de vendas)”, aponta Rodolfo.

Dentre eles, podemos destacar gigantes como Tok&Stok, Arezzo, Alpargatas, Hering.

Isso significa uma via de crescimento enorme para a Stone (STNE) e, consequentemente, para o seu capital investido nas ações da companhia.

Para reforçar as expectativas, enxergamos um management competente para aproveitar essa oportunidade e um mercado financeiro perspicaz que já recompensou STNE pelo crescimento até aqui e, portanto, não deixará de fazê-lo desde que os resultados continuem consistentes.

Vamos colorir esse cenário com alguns números.

No princípio, em meados de 2012, a Cielo era uma adversária dificílima para qualquer player que se arriscasse no mercado de adquirência. Mas hoje, precisamos ser francos e admitir que ela foi esmagada pela Stone e PagSeguro.

Felipe Miranda, CIO da Empiricus, explica que “a agressividade de alguns players como a Stone (Nasdaq: STNE) fez com que os lucros da Cielo caíssem de aproximadamente R$ 4 bilhões em 2018 para cerca de R$ 490 milhões em 2020”.

Os últimos anos da Cielo foram marcados pela queima de caixa, numa tentativa de se reposicionar urgentemente no segmento.

E tudo isso aconteceu enquanto a Stone “comia pelas beiradas”, como explicado anteriormente. Agora, STNE disputa pelos mesmos clientes da incumbente, o que faz do embate ainda mais frontal e perigoso para a Cielo.

Assim, analisando a competência histórica do management até o momento e considerando que um novo patamar se abriu para a Stone (STNE) por meio da Linx, o que poderá retardar seu crescimento?

Vamos entender isso na próxima seção.

Alertas sobre a fintech

Ainda que os gestores da Stone (STNE) tenham feito um excelente trabalho até aqui e superado substancialmente a incumbente (o valuation supera em mais de dez vezes o da Cielo), o novo nicho de Key Accounts se mostrou tão desafiador quanto se mostrava promissor.

Essa nova linha de clientes representou, na comparação anual, uma queda de 10% na receita, mesmo com a alta de 28% no 3T20. Ao analisarmos o desempenho das pequenas e médias empresas, vemos um ritmo mais positivo: um crescimento de 94% na receita se comparada anualmente.

Isso demonstra que a competência da Stone joga a seu favor num cenário que ela já está familiarizada, mas nem tanto em novos contextos.

Quanto tempo vai levar para ela se adaptar?

Essa incerteza é amenizada pelos gestores da empresa, que prometem um crescimento acelerado em 2021 — postura que era de se esperar, claro. Ainda assim, não foi o suficiente para convencer o mercado financeiro, que puniu o papel:

STNE enfrenta um momento de baixa em março de 2021

Não que os fundamentos da empresa tenham sido abalados, mas é um caso de quebra de expectativas que gerou essa consequência desfavorável para STNE. Nos próximos relatórios, a empresa precisa mostrar que deu a volta por cima na rentabilidade das Key Accounts para reconquistar a confiança que o mercado depositou após a aquisição da Linx.

Veredito: comprar ou vender STNE?

A Stone chegou silenciosamente no mercado de adquirência e, atualmente, se tornou uma das principais companhias do ramo. Ela apresenta os principais fatores que nos levam a indicar uma ação: um management que dá conta do recado, mercado endereçável enorme, capacidade exponencial intrínseca ao modelo de negócios tecnológico e, acredite se quiser, é uma fintech que dá lucro trimestre a trimestre.

Rodolfo destaca, categoricamente, que “de todas as empresas presentes na Carteira PRP®, nenhuma conta com uma natureza de crescimento tão exponencial quanto a Stone (Nasdaq: STNE)”.

Para seus assinantes e você, que lê este artigo, ele já bateu o martelo: “não deixamos e não deixaremos passar essa oportunidade”.

Mas, como o leitor mais atento pode ter reparado, STNE é uma ação negociada no exterior e, ainda que seja brasileira e tenha o cliente como foco, não há ativos da empresa aqui na B3 (nem mesmo BDRs)…

Na próxima seção, portanto, vamos te ensinar, passo por passo, o processo de compra de STNE.

Como comprar/vender STNE?

A nossa recomendação para você, investidor brasileiro que deseja ter acesso ao mercado internacional, é que abra uma conta na Avenue Securities, uma corretora que oferece atendimento e suporte em português.

Tudo que você precisa fazer é selecionar a sua nacionalidade/idioma no site dela e criar a sua conta. Depois disso, você terá acesso ao pit de negociação usual e, então, basta decidir quanto espaço você vai reservar para STNE no seu portfólio.

Se você estiver com dificuldades, esse vídeo pode te ajudar.

Assim, concluímos este artigo com nossa indicação: compre Stone (STNE) e surfe na fintech que impressiona o mercado há alguns anos.