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Uma vitória temporária: safra de resultados dá fôlego às bolsas americanas, mas virão ajustes de preços com aperto monetário nos EUA

Agora, mercado está de olho na divulgação dos dados inflação dos Estados Unidos nesta quinta-feira (10/02) e já tem agentes colocando um cenário de 6 ou 7 aumentos na taxa de juros americana, diz analista da Empiricus. Aqui no Brasil, IPCA subiu 0,54% em janeiro

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Data de publicação
9 de fevereiro de 2022
Categoria
Investimentos

Um fôlego às bolsas americanas. De forma geral, a safra de balanços das companhias no quarto trimestre vem se mostrando positiva.

Os resultados da maioria das empresas vieram acima do esperado, apesar de algumas frustrações em relação a guidance – projeções sobre os negócios apresentadas ao mercado.

A grande decepção ficou por conta da Meta Platforms, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, cuja ação teve uma queda impressionante de mais de 30% após a divulgação do seu resultado há poucos dias.

Até o momento, no S&P, 311 de 500 companhias divulgaram os balanços do 4T21, sendo que 76% deles ficaram acima do esperado. Na Nasdaq, 662 de 3.143 empresas apresentaram os resultados, 66% acima das expectativas.

Contudo, o efeito positivo nas bolsas americanas, que leva um ar de otimismo também às bolsas europeias, deve ceder espaço para revisões, com o iminente ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos.

“De maneira geral, a temporada de resultados nos Estados Unidos é boa e começamos ver isso convergir para os preços, mas não é um sinal definitivo de vitória. Isso porque estão na iminência os apertos monetários nos EUA e no mundo”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus, que atua na série Palavra do Estrategista e na carteira Oportunidades de Uma Vida, nesta quarta-feira (9/02).

O comitê de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) anunciou após sua reunião no final de janeiro a manutenção da taxa de juros no intervalo entre 0% e 0,25% ao ano, mas sinalizou que haverá aumento em breve.

Em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que está atento aos riscos de uma inflação persistente e ressaltou que a economia não precisa mais dos fortes níveis de suporte, pois o mercado de trabalho segue forte.

“Por enquanto o mercado precifica algo entre 4 ou 5 aumentos da taxa de juros nos Estados Unidos, mas alguns agentes já colocam a possibilidade de 6 ou até 7, ou seja, ajustes em todas as reuniões que o Fed vai fazer ao longo deste ano”, comenta Spiess.

Portanto, espera-se um movimento consideravelmente agressivo do BC americano. “É um ‘cavalo de pau’ praticamente, considerando os altos patamares de estímulos que foram dados até então. Quando começar o movimento de alta da taxa de juros, assim como a redução de balanço pelo Fed, sabemos que haverá revisões no mercado, até precificar de maneira concreta e material o aperto monetário nos mercados desenvolvidos” explicou o analista.

Por isso, toda a atenção dos agentes do mercado estará voltada para a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA referente ao mês de janeiro de 2022, nesta quinta-feira (9/02).

No ano passado, os preços ao consumidor saltaram 7% na maior economia do mundo, sendo que a meta da inflação no país é de apenas 2% ao ano.

Enquanto isso, no Brasil…

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), segundo Spiess, teve um tom levemente hawkish, indicando que o ciclo de aperto pode durar para além de março. “Algumas pessoas precificavam o fim do aperto em março em 1 ponto percentual para 11,75%. A ata não contratou a intensidade do aumento, mas deu a entender que a Selic pode ir para 12% ou 12,25% ao ano”, avalia Spiess.

E hoje saiu um dado relevante que reforça essa trajetória.

A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,54% em janeiro. “Veio um pouco abaixo do que o mercado esperava. A mediana era de uma alta de 0,55%”.

Contudo, nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 10,38%, acima dos 10,06% dos 12 meses imediatamente anteriores.