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Vale a pena participar da oferta de ações do Banco Inter (INBR32)? Fintech pretende arrecadar até US$ 184 milhões

Banco Inter surpreendeu os investidores ao anunciar o follow-on na última terça-feira (16); analista vê oferta como ‘negativa’

Por Juan Rey

17 de janeiro de 2024, 14:55

resultados do 1T23 de banco Inter&Co
Imagem: Divulgação/Inter &Co

O Banco Inter (Nasdaq: INTR | BDR: INBR32) anunciou, na última terça-feira (16), um follow-on para captar até US$ 184 milhões. Para isso, a fintech pretende emitir 32 milhões de ações, com possibilidade de um lote adicional de 4,8 milhões.

A notícia, que foi recebida com surpresa pelo mercado, parece não ter agradado os investidores: as ações caem cerca de 3% na tarde desta quarta-feira (17).

A analista Larissa Quaresma, da Empiricus Research, também vê a oferta de ações como negativa

Ela lembra que o índice Basileia (que busca estabelecer uma relação entre o capital das instituições bancárias e o volume de recurso emprestado) da fintech já era muito acima da margem obrigatória de 14%. “O Inter já está com mais de 23% nesse indicador”.

Com isso, fica o questionamento de onde todo esse excesso de capital será alocado, o que foi mal explicado pela companhia no anúncio da oferta. 

A analista explica que o excesso de capital dilui o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) da companhia, um dos indicadores mais importantes do setor financeiro.

“Mesmo antes do follow-on o mercado já esperava alguma distribuição desse capital para melhorar os indicadores de rentabilidade. Depois do anúncio, a situação fica meio cinza. Não sabemos para que lado a companhia vai caminhar em termos de alocação de capital”, afirmou.

Acionistas do Inter devem ser diluídos em até 8%

Além disso, os atuais acionistas da companhia devem ser diluídos em 7% a 8%, considerando o valor de mercado atual do Inter. O banco sinaliza que a oferta tem o objetivo de aumentar a liquidez das ações na Nasdaq.

“De acordo com os executivos, essa oferta foi feita para comportar o investimento de um grande investidor institucional estrangeiro”.

Ainda assim, a falta de detalhes sobre a alocação de capital e a diluição dos acionistas e do ROE da companhia falam mais alto.

“Poderia ter sido melhor comunicado pela gestão. Reforça uma opinião antiga que já tínhamos sobre o Inter, que é o elemento surpresa. Acontecem decisões totalmente fora do radar”.

Por isso, a Empiricus Research recomenda a não participação na oferta de ações do Banco Inter.

“Enxergamos uma assimetria melhor em outros nomes do setor financeiro. Para o patamar de rentabilidade que entrega, a ação do Inter ainda é cara”, conclui Larissa.

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Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br