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Follow-on: vale a pena entrar em uma oferta subsequente? Saiba como funciona

Follow-on é uma estratégia usada pelas empresas para captar novos recursos com a venda de ações. Veja como funciona o follow-on e s ele vale a pena.

Por Equipe Empiricus

01 mar 2023, 05:35 - atualizado em 30 jul 2024, 12:02

Imagem representando o follow-on, mostrando uma investidora acompanhando o processo.

O mercado financeiro está cheio de termos e acontecimentos sobre os quais o investidor precisa ficar atento. Por exemplo, uma empresa de capital aberto pode decidir disponibilizar mais ações na bolsa de valores, em um processo conhecido como follow-on.

O follow-on vai impactar diretamente os acionistas da empresa em questão, por isso é fundamental se preparar com antecedência para esse tipo de acontecimento, assim é possível definir de forma mais clara qual é a melhor ação a ser tomada.

O que é follow-on?

Um follow-on, ou oferta subsequente, é uma operação onde uma empresa ou fundo com capital aberto coloca papéis adicionais no mercado, possibilitando que a companhia tenha mais acionistas ou que os antigos comprem outros percentuais da empresa.

Isso faz com que haja mais dinheiro circulando, por isso é comum que as empresas recorram a essa estratégia em momentos em que precisam conseguir um capital alto e não querem depender de empréstimos atrelados a juros abusivos.

Por que o follow-on é feito?

Um follow-on pode ser motivado por diversos motivos, como:

  • Aumentar a sua atuação no mercado ou até mesmo construir novas instalações;
  • Comprar empresas concorrentes;
  • Expandir-se para outras áreas;
  • Equilibrar os níveis de endividamento;
  • Investir em qualquer grande projeto de seu interesse.

Imagine, por exemplo, que uma empresa abriu seu capital, disponibilizando na bolsa de valores 10.000 ações.

Entretanto, após algum tempo, surgiu a necessidade de captar recursos para um novo investimento, então uma alternativa é fazer uma oferta subsequente, ou seja, dividir a empresa em mais partes e disponibilizá-las no mercado.

Assim a empresa do nosso exemplo decide lançar mais 5.000 ações, aumentando o seu número de papéis para 15.000 e criando novas oportunidades para quem deseja investir no seu negócio.

Qual a diferença entre oferta subsequente de ações e IPO?

É muito comum que o follow-on ou oferta subsequente de ações seja confundido com o IPO. Mas eles possuem duas diferenças significativas:

  • Momento da emissão: quando uma empresa possui capital fechado e coloca suas ações na bolsa de valores pela primeira vez, esse processo é chamado de IPO ( initial public offering) que traduzido significa “oferta pública inicial”. Depois disso, se a empresa quiser fazer uma nova oferta de ações, o processo é considerado um follow-on;
  • Possibilidade de aquisição: as ações do tipo IPO são abertas ao público, ou seja, qualquer investidor interessado em adquirir. Por outro lado, essa obrigatoriedade não existe na oferta subsequente de ações, o que significa que é possível colocar limites para que os papéis só sejam adquiridos por um grupo específico.

Como funciona um follow-on?

A oferta desse tipo de ações exige que os administradores da empresa executem diversos trâmites até que os papéis estejam finalmente disponíveis para aquisição.

Planejamento

O primeiro passo é fazer um planejamento completo, incluindo as condições de mercado, as expectativas e todas as etapas necessárias.

De maneira geral o processo é um pouco mais simples do que uma IPO, já que estamos falando de uma nova oferta de ações, então muitos procedimentos não precisam ser repetidos, como auditorias, registros e a divulgação do formulário de referência.

Procedimentos burocráticos iniciais

Após o planejamento é hora de registrar um pedido com a Comissão Imobiliária de Valores, que controla esse tipo de operação no Brasil.

Depois é preciso reunir um consórcio de instituições financeiras para fazer a coordenação da operação e a correta distribuição dos papéis no mercado.

Em seguida são definidos alguns detalhes da própria oferta, como a quantidade de ações a serem negociadas e o seu valor.

Criação do prospecto preliminar definitivo

O passo seguinte é a aprovação e criação do material publicitário da oferta. Nesse momento entra em cena o prospecto preliminar definitivo, um dos documentos principais dessa fase.

Ele possui todos os detalhes possíveis sobre a empresa e a oferta, servindo de base para que possíveis investidores tomem sua decisão.

O documento traz informações como:

  • Perspectivas da empresa;
  • Projeções mercadológicas;
  • Condições envolvidas na nova oferta;
  • Destinação dos recursos a serem captados.

Roadshow

A partir daí a oferta pode ser oficialmente apresentada para que sejam recolhidos dados sobre os interessados. São realizados eventos que contam com investidores, analistas financeiros, corretoras e até o presidente da companhia.

Essas reuniões são conhecidas como roadshows e podem ocorrer até fora do país. A intenção principal é despertar o interesse de investidores e tirar todas as suas dúvidas para que eles fiquem mais confortáveis com esse tipo de operação.

Reservas

As instituições participantes precisam fazer suas reservas para que sejam definidos os preços e divulgados os resultados desses trâmites.

Oferta na bolsa de valores

Após todos esses passos, as ações podem começar a ser negociadas na bolsa de valores em uma data combinada, juntando-se às ações anteriores da companhia.

Quais são os tipos de follow-on?

O follow-on é comumente dividido em 4 tipos, classificados de acordo com os responsáveis por vender as ações ou até mesmo em relação ao público que poderá adquiri-las.

Ofertas primárias

As ofertas primárias são aquelas em que a própria empresa decide lançar mais ações no mercado. Dessa forma, o capital obtido vai direto para o seu caixa, com o objetivo de financiar vários tipos de projetos.

Isso é feito por um processo chamado de bookbuilding, em que a companhia consegue mensurar o interesse dos investidores e o preço definitivo da oferta.

Ofertas secundárias

Isso ocorre quando os próprios investidores querem se desfazer de suas ações. Assim o dinheiro não vai para a empresa, mas para outros acionistas.

Estamos falando aqui de acionistas que possuem um número grande de ações, portanto o processo precisa ser feito por meio do follow-on. Já que se os papéis fossem simplesmente colocados à venda de forma direta, isso poderia influenciar os preços de forma negativa.

Geralmente grandes investidores fazem isso por não ter mais interesse em manter a sociedade com determinadas empresas ou porque as ações já valorizaram muito.

Oferta pública

Como o nome sugere, em uma oferta pública as ações ficam disponíveis para qualquer um que queira adquiri-las.

Para que esse processo seja concretizado a empresa precisa seguir todas as regras impostas pela CVM e pela B3, a bolsa brasileira.

No intuito de garantir total transparência para o processo é necessário divulgar todas as informações sobre a oferta.

Oferta restrita

Essa modalidade é mais rápida e menos burocrática, dispensando o registro na CVM e a divulgação de vários documentos pedidos na oferta pública. Entretanto, é preciso seguir algumas regras, como oferecer para até 75 investidores, mas sendo possível fechar negócio com apenas 50.

Os investidores da oferta restrita são classificados como qualificados. Geralmente são aqueles com grande poder de negociação, como fundos de investimentos e pessoas com carteiras acima de 1 milhão.

Como participar de uma oferta subsequente de ações?

Para participar do processo você precisa ter uma conta em uma corretora que se envolva com ofertas subsequentes.

Na B3 e no site da CVM o investidor consegue informações sobre as empresas que estão executando novas ofertas públicas. Depois, é só perguntar à sua corretora quais são os documentos necessários para adquirir as ações da empresa de seu interesse e pedir que ela faça uma reserva.

Você terá que informar o valor que está disposto a investir e o número de ações que deseja adquirir. Além disso, é preciso enviar todos os documentos que a sua corretora exigir para confirmar a operação.

Quais as vantagens e desvantagens de um follow-on?

Um follow-on tem seus lados positivos e negativos. Antes de embarcar nesse tipo de investimento é essencial conhecer os dois lados da moeda.

Vantagens do follow-on

  • Aumento dos recursos: essa estratégia permite que a empresa tenha mais capital para investir e potencializar seus negócios. Logicamente isso é muito interessante para o investidor, já que se a empresa na qual ele possui ações começa a crescer, os papéis ficarão mais valorizados para uma venda futura e a distribuição de dividendos será maior;
  • Maior liquidez: com a oferta subsequente de ações haverá mais papéis disponíveis no mercado, o que facilita a vida de quem deseja comprar ou vender suas ações.

Desvantagens do follow-on

A principal desvantagem para o investidor é a diluição fracionária. Imagine que você tenha 10.000 ações em uma empresa que tenha no total 100.000. Isso quer dizer que você detém 10% da companhia, o que lhe dá direito a uma certa quantidade de dividendos e poder.

Entretanto, se a companhia decidir adicionar mais 100.000 ações no mercado sua influência vai cair pela metade. Então, para recuperar o status anterior, será preciso investir um bom valor na compra de novos papéis.

Independentemente do follow-on é importante analisar a empresa como um todo, considerando sua reputação e nível de solidez no mercado antes de investir. Por isso, estude bastante sobre a área, assim você vai criar suas estratégias pouco a pouco e entender cada vez melhor tudo o que acontece neste meio.

Sobre o autor

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