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Vale a pena ter China na carteira neste momento?

No cenário de juros altos e ativos descontados, se vê uma migração para ações chinesas; Felipe Miranda explica por que isso vem acontecendo e se você deve se posicionar

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Data de publicação
11 de abril de 2022
Categoria
Investimentos

O mercado financeiro tem voltado seus holofotes para países emergentes, em meio à crise que assola a Europa e aos juros elevados. Dentre eles, está a China, que está resgatando a confiança de investidores globais.

Felipe Miranda, sócio-fundador e CIO da Empiricus, entende esse movimento como reflexo de o país asiático estar em um momento muito diferente do resto do mundo.

Em relatório recente da série Palavra do Estrategista, ele se aprofunda melhor nessa questão e lista também outros tópicos que levam a isso: 

1. A China já passou pela normalização do processo econômico pós-pandêmico

Embora o país de Xi Jinping ainda apresente questões complexas, como as regulações impostas pelo governo e os problemas no setor de incorporação (vide caso Evergrande), Felipe explica que economicamente a China caminha bem. Isso porque autoridades estatais estão adotando medidas para lidar com o decreto do presidente para minimizar as perturbações causadas pela pandemia de Covid-19 na economia e na sociedade. 

Prova de que o controle de custos com internações hospitalares tem funcionado é que hoje o país convive com perspectiva de inflação mais baixa, mesmo em meio à crise de suprimentos relacionada ao conflito entre Ucrânia e Rússia.

“Mesmo que ainda estejam ocorrendo lockdowns em regiões importantes, o governo chinês tem se mostrado bastante comprometido com estímulos fiscais e monetários, na contramão do que temos visto em países como EUA e demais nomes da Zona do Euro”, comenta.

2. Ativos bastante descontados

Ao mesmo tempo, por conta da intensa desvalorização das ações chinesas desde o início da pandemia do Covid-19, os papéis se encontram bastante descontados (como mostra o gráfico abaixo), o que, na visão do analista, abre oportunidade de investimento.

“Em um cenário de juros elevados como o que estamos vivendo agora, naturalmente os recursos saem de investimentos caros e vão para investimentos baratos e é aí que os emergentes ganham espaço mais uma vez, com a devida seletividade”, destaca. 

3. A economia chinesa cresce menos, mas ainda cresce

Segundo o analista, a flexibilização econômica é um fator que poderá atrair investidores que buscam não só ativos baratos, como também menor volatilidade decorrente de desaceleração – que não quer dizer que a economia parou de vez: “O menor crescimento chinês é crescer 5% em vez de 6%, o que ainda é muito bom se comparado a outros países. Sem contar que os ativos chineses negociam barato até em relação aos americanos, mesmo depois do sell-off recente que teve por lá” (como você pode ver no gráfico a seguir).

4. Um mundo de mais inflação pede ativos reais na carteira

“Se o dinheiro do investidor perde valor em meio à inflação desenfreada, é importante ter na carteira ativos reais, que se beneficiam da inflação, como é o caso das ações. Por isso, faz-se necessário se posicionar em teses muito descontadas um pouco mais arriscadas, como a chinesa, respeitando o limite de expor no máximo 5% da carteira a essas ações. A longo prazo a exposição a esse prêmio de risco deve ser bem-sucedida, principalmente considerando a hegemonia que o país já caminha para se tornar”, argumenta Felipe no relatório Palavra do Estrategista