Mercado em 5 minutos

Após cinco altas seguidas do Ibovespa, recentes mudanças em Brasília geram tensão no mercado; entenda

Além disso, o Banco Central Europeu seguiu os passos do Fed e aumentou sua taxa de juros em 0,25%.

Por Matheus Spiess

28 jul 2023, 09:01 - atualizado em 28 jul 2023, 09:01

Após cinco altas seguidas do Ibovespa, recentes mudanças em Brasília geram tensão no mercado; entenda
Imagem: Pexels

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos enfrentaram quedas, com o índice Nikkei do Japão registrando perdas significativas após declarações um tanto agressivas do Banco do Japão. Por outro lado, as ações chinesas tiveram um desempenho melhor, impulsionadas pelas expectativas de mais medidas de estímulo.

Essa tendência negativa também acompanhou os indicadores amplamente pessimistas de Wall Street, que reagiram aos dados otimistas do PIB dos EUA divulgados no pregão anterior, gerando preocupações sobre as perspectivas para as taxas de juros após a decisão de política monetária do Federal Reserve dos EUA na quarta-feira (se a economia estiver forte, o aperto continuará).

Enquanto isso, os mercados europeus estão em queda nesta manhã, enquanto os futuros americanos estão apresentando uma leve alta. O conselho governamental do Banco Central Europeu decidiu aumentar as taxas novamente, seguindo o processo de aperto monetário na Zona do Euro, que continuará até que os dados econômicos forneçam uma sinalização mais convincente.

Na agenda de hoje, destacam-se o PCE nos EUA, considerado o indicador favorito do Fed, bem como as expectativas inflacionárias do sentimento do consumidor de Michigan. Além disso, França, Espanha e Alemanha divulgam dados preliminares de preços ao consumidor. A sexta-feira se apresenta como um dia desafiador para os mercados globais.

A ver…

· 00:49 — Como sempre, a política volta a atrapalhar

No Brasil, depois de cinco altas seguidas, as recentes mudanças em Brasília estão gerando tensão e preocupação no mercado. A indicação conturbada de Márcio Pochmann, que deixou a ministra do Planejamento, Simone Tebet, enfraquecida e com pouca influência, tem sido vista negativamente pelo mercado. A fragilização de uma figura central do governo, que se posiciona de forma centrista, causa inquietação.

Além disso, a insistência no nome de Mantega e a insatisfação da cúpula do PT com as ações na Petrobras são motivo de atenção. Há preocupações sobre a possível nomeação de Mantega para a Vale, que seria realizada por meio da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, o maior acionista privado da companhia. Embora seja uma perspectiva não muito agradável por conta da figura de Mantega, é vista como aceitável, pois teria pouco impacto prático.

No entanto, é o segundo ponto que chama mais a atenção. O relatório de produção do segundo trimestre da Petrobras e a possibilidade de discussão de uma nova política de dividendos não foram bem recebidos. A ala mais radical do PT, liderada por personalidades como Gleisi Hoffmann, estaria buscando prejudicar o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que aparentemente perdeu o apoio de Lula e pode ser substituído. Ruy Costa, da Casa Civil, também estaria apoiando esse movimento.

Enquanto a presença de Pochmann no comando do IBGE é motivo de incômodo, acredita-se que o corpo técnico do órgão conseguiria contornar eventuais problemas. No entanto, a situação na Petrobras levanta dúvidas sobre a mesma possibilidade. O cenário é marcado por incertezas, e os desdobramentos dessas mudanças políticas e suas influências nas estatais ainda são incertos. O mercado optou por realizar lucros.

· 01:55 — O fim da sequência de altas

Nos EUA, a sequência de 14 dias consecutivos de vitórias do Dow Jones Industrial Average chegou ao fim. Fortes dados econômicos dos EUA e notícias dos bancos centrais do mundo contribuíram para o aumento dos rendimentos dos títulos.

O Banco Central Europeu seguiu a decisão do Federal Reserve e aumentou em 0,25 ponto percentual sua taxa de juros, elevando sua taxa básica para 4,25%.

Enquanto isso, a temporada de resultados continuou, e até o momento, os resultados têm sido geralmente melhores do que o temido.

O crescimento do produto interno bruto dos EUA acelerou no segundo trimestre, registrando uma taxa anualizada de 2,4%, comparado aos 2,0% do primeiro trimestre.

No entanto, esse momento econômico positivo pode levar a mais inflação, o que pode levar o Fed a aumentar as taxas de juros mais uma vez em 25 pontos-base como resposta. Essa perspectiva resultou em um grande salto nos rendimentos dos títulos ontem, com o Tesouro dos EUA de 10 anos registrando o maior ganho de rendimento em um dia desde setembro. Esses movimentos impactaram negativamente as ações, que estavam em uma sequência de vitórias recentemente.

Em relação à temporada de resultados, aproximadamente um quarto dela já foi concluída, e, até agora, os resultados têm sido melhores do que se temia inicialmente. Os investidores permanecem atentos aos desenvolvimentos econômicos e aos anúncios dos bancos centrais para avaliar o impacto nas perspectivas futuras do mercado.

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· 02:51 — Manteve inalterada

No Japão, o Bank of Japan (BoJ), a autoridade monetária japonesa, anunciou a manutenção de sua política de juros inalterada, com a taxa em -0,1%. A única mudança foi a indicação de maior flexibilidade na condução de sua política de controle da curva (YCC), declarando que o teto de 0,5% sobre os movimentos do rendimento é um ponto de referência, não um limite rígido.

Além disso, o BoJ afirmou que terá como objetivo controlar os rendimentos de forma flexível e comprará títulos de 10 anos a 1% em todos os dias úteis, ampliando o intervalo para certas compras de títulos em seu plano para agosto.

Essa ação do BoJ representa um passo em direção ao potencial fim das condições monetárias ultra-frouxas que beneficiaram as ações japonesas por quase uma década.

Como resultado, a moeda japonesa caiu mais de 1% inicialmente antes de reverter as perdas. O índice Nikkei 225 registrou uma queda de 2,4%, enquanto o TOPIX (índice mais amplo) perdeu 0,9%. Essa mudança na postura do BoJ tem impactado o mercado financeiro japonês, e os investidores estão atentos às próximas ações e declarações da autoridade monetária em busca de diretrizes claras sobre o futuro da política monetária no país.

· 03:39 — Os bilionários estão apoiando Xi Jinping

Os bilionários da China, geralmente discretos em suas opiniões, saíram das sombras para expressar apoio aos esforços do Partido Comunista no impulsionamento da recuperação econômica vacilante após a pandemia. Muitos desses magnatas da indústria enfrentaram repressões regulatórias nos últimos anos.

No entanto, recentemente, eles têm publicado editoriais e declarações em uma aparente orquestração, mostrando seu apoio ao novo plano de ação do partido, que visa fortalecer as empresas privadas.

O plano de ação, composto por 31 pontos, promete melhorar o ambiente de negócios e tratar as empresas privadas de forma equivalente às empresas estatais. Apesar de faltar detalhes nesses 31 pontos, o fato de representarem um esforço do governo central é visto como um sinal positivo. Além disso, há expectativa em relação à reunião do Politburo, órgão que governa a China, que ocorrerá ainda neste mês, onde são esperadas discussões sobre medidas de estímulo.

Embora a sinalização seja positiva, muitos ainda aguardam um grande pacote de estímulos para impulsionar de forma significativa a economia. O mercado está atento aos próximos passos do governo chinês para reforçar a recuperação econômica do país.

· 04:23 — Está realmente bem quente

Durante os meses mais frios, mais pessoas ainda podem se dirigir ao sul da Europa, mas não está claro se isso será suficiente para compensar a perda de tráfego turístico durante o verão. O Ministério do Meio Ambiente da Itália prevê que o calor traga uma perda líquida para o turismo, o que representa um revés para um país que depende dos visitantes para cerca de 10,2% do seu PIB no ano passado.

O cenário atual é de temperaturas extremas sendo registradas em diversas partes do mundo, com intensas ondas de calor persistindo. Nos Estados Unidos, por exemplo, Phoenix enfrentou recentemente 19 dias consecutivos com temperaturas acima de 43,3 graus Celsius. Na Europa, Roma testemunhou a sua temperatura mais alta de todos os tempos, e outros recordes de calor têm sido quebrados em diferentes regiões da Ásia, Oriente Médio e Norte da África.

Os alertas meteorológicos permanecem ativos, e os avisos de saúde enfatizam a importância de permanecer em ambientes internos frescos e de se manter bem hidratado, mesmo que não haja sede. Cerca de 58 milhões de pessoas nos EUA enfrentarão temperaturas elevadas, e aproximadamente 100 milhões de pessoas estão sob alerta de calor.

Além disso, a demanda por energia elétrica está se aproximando de níveis recordes, o que gera preocupações com o abastecimento da rede elétrica. A agricultura e a pecuária também enfrentam desafios, com o aumento do uso da água para resfriar o gado e hidratar terras e plantações ressecadas. Outro setor afetado é o turismo em algumas regiões, com as empresas sendo forçadas a ajustar seus horários para enfrentar as altas temperaturas.

Além dos problemas mencionados, as altas temperaturas podem acelerar a temporada de incêndios florestais e prolongar os efeitos devastadores desses eventos, o que agrava ainda mais as preocupações ambientais e econômicas em diferentes partes do mundo.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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