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Adeus, Brasil? Varejistas ameaçam ir para o Paraguai se o governo não taxar compras na Shein e Shopee; entenda

Diante da acirrada concorrência com as chinesas Shein e Shopee, varejistas brasileiras ameaçam levar suas fábricas para fora do país

Isabelle Santos

Por Isabelle Santos

29 maio 2024, 08:36 - atualizado em 29 maio 2024, 08:37

varejista argentina
Imagem: Freepik

As “comprinhas” da Shein e Shopee viraram assunto recorrente para o governo. Na semana passada a pauta da cobrança de imposto sobre compras internacionais de até US$ 50 ganhou mais um capítulo. 

O tema foi discutido durante a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, após ser incluído no projeto do Programa Mobilidade Verde (Mover). 

O debate entre parlamentares e o Ministro da Fazenda foi bastante acalorado e a votação acabou sendo adiada.

A questão ganhou tanta relevância que já ganhou até apelido na imprensa: a “taxa das blusinhas”.

A situação ficou ainda mais complicada com o manifesto das varejistas brasileiras. Acontece que algumas companhias têm ameaçado levar suas produções para o Paraguai caso as empresas estrangeiras não sejam taxadas. 

Segundo as varejistas brasileiras, a isenção de impostos para as concorrentes asiáticas como a Shein e Shopee está provocando uma “absoluta falta de isonomia tributária”, o que prejudica as empresas nacionais. 

Em entrevista ao Giro do Mercado da última segunda-feira (27), Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus Research apontou que, “a taxação não muda o jogo” para as ações destas varejistas brasileiras, que continuam sendo uma boa opção.

‘Fica como está’: porque a tributação das compras internacionais não deve ser aprovada?

A proposta de taxar as varejistas chinesas ganhou destaque em abril de 2023 quando o governo detectou que essas empresas estavam usando uma brecha da Receita Federal para vender seus produtos sem pagar imposto.

Na ocasião a proposta gerou bastante insatisfação por parte da população e o governo acabou voltando atrás da ideia de taxar as varejistas asiáticas. Em contrapartida, foi criado o programa Remessa Conforme

De acordo com as regras, as empresas estrangeiras que aderissem ao programa deveriam pagar apenas a alíquota de 17% do ICMS para as compras de até US$ 50.  

Apesar da solução do governo não ter agradado nem um pouco as varejistas brasileiras, o assunto estava dado como encerrado. 

Contudo, segundo Larissa Quaresma, o governo precisou voltar a discutir o tema, após perder a disputa com o Congresso na questão da desoneração da folha de pagamentos.  

Esperava-se que a medida fosse encerrada em 2023, mas o Congresso votou pela extensão do prazo até 2027

A analista explica que diante disso, o governo se viu obrigado a encontrar novas fontes de arrecadação e a discussão da taxação de compras internacionais, que parecia estar esquecida, voltou à mesa. 

Segundo a analista, “a taxação das compras internacionais até US$ 50 seria um caminho para fazer essa compensação fiscal”, mas tudo “fica como está”.

Larissa aponta que a medida não deve ir adiante, por ser impopular. Em entrevista na semana passada, o presidente Lula inclusive apontou que a “tendência” era vetar a taxação das compras internacionais, caso fosse aprovada pelo Congresso. 

Nesse cenário, a expectativa é de que uma parte significativa das empresas de varejo continuem sendo penalizadas. 

Larissa Quaresma destaca que as varejistas que mais sofrem com a competição chinesa são aquelas que atendem ao público B- e classes inferiores, como por exemplo, a Renner (LREN3), Guararapes (GUAR3), Marisa (AMAR3), Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3). 

Segundo a analista, as ações dessas empresas devem experimentar maior volatilidade enquanto não houver uma decisão com relação a taxação das compras nas plataformas de varejistas asiáticas. 

Um cenário ruim, na visão da analista, pois neste momento o desempenho das ações dependem de um fator totalmente externo e político. Por isso, a recomendação da Empiricus para essas varejistas é neutra

Em contrapartida, a casa aposta em 3 varejistas consideradas “classe A” e que não são afetadas pela concorrência da Shein e Shopee.

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Embora a concorrência com as plataformas internacionais e discussão do imposto sobre compras de até US$ 50 esteja afetando uma parte significativa das varejistas brasileiras, existem 3 ações desse setor que estão “acima” de toda essa disputa. 

Diferentemente dos nomes mais populares do setor, essas varejistas são consideradas “classe A”. Ou seja, são empresas sólidas, com histórico de resiliência em diferentes períodos do ciclo econômico. 

Trata-se de varejistas do segmento luxo, isto é, empresas que atendem a um público com maior poder aquisitivo e que, por isso, não sofrem tão diretamente com a concorrência chinesa. 

Entretanto, diante do cenário macroeconômico, essas ações ainda estão com valuation descontado. Isto é, analisando indicadores como preço sobre lucro (P/L), esses ativos estão sendo negociados abaixo do valor que seria considerado justo pelos analistas da casa. 

Para se ter uma ideia, uma das varejistas recomendadas para março, encerrou o último pregão (27) negociando a R$ 12,35. 

Mas segundo os analistas da casa, o preço justo desse ativo seria R$ 27. Ou seja, estamos falando de um potencial de 118% de valorização

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Isabelle Santos

Sobre o autor

Isabelle Santos

Comunicóloga formada pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). É redatora do Money Times, Seu Dinheiro e Empiricus.

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