Investimentos

Agora que a EDP Brasil (ENBR3) deixou de ser negociada na B3, em qual elétrica investir?

Quase após 20 anos desde seu IPO, a EDP Brasil saiu da Bolsa. No setor elétrico, outra ação já era recomendada pela Empiricus Research. Veja qual é.

Por Nicole Vasselai

23 ago 2023, 15:47 - atualizado em 23 ago 2023, 15:47

edp brasil ENBR3 deixa de ser negociada na B3
Imagem: Divulgação/EDP

Na última segunda-feira (21), a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aprovou a conversão do registro de EDP Brasil (ENBR3) para a categoria “B”. Isso significa que as ações da companhia deixaram de ser negociadas na B3, quase 20 anos após seu IPO (oferta pública inicial).

Via fato relevante, a EDP lembra que tem uma assembleia geral extraordinária (AGE) marcada para 30 de agosto. Nela, será discutida a proposta de resgate compulsório das 22,8 milhões de ações que ainda estão em circulação no mercado.

Se a AGE aprovar o resgate compulsório, a empresa informa que serão resgatadas todas as ações ordinárias remanescentes em circulação detidas por acionistas que se encontrarem inscritos nos registros no final do dia 29 de agosto deste ano.

Por que a EDP Brasil quis sair da Bolsa?

Em março, quando anunciou o pedido de fechamento de capital, a Energias de Portugal (EDP), controladora da companhia, mencionou “um ambiente internacional particularmente desafiador, devido ao cenário de altas taxas de juros”.

Para Ruy Hungria, analista de ações da Empiricus Research, de fato a decisão tem muito a ver com o momento de mercado do Brasil e com o fato de a Bolsa estar barata: “A EDP Brasil, por exemplo, negociava a 5 vezes Ebitda na B3, enquanto a controladora negociava a mais de 10 vezes Ebitda. E para um controlador, é vantajoso comprar as ações a preços baixos e fechar o capital, e eventualmente, no futuro, quando tivermos uma condição de mercado mais favorável, a empresa com certeza vai querer ter sócios brasileiros novamente”.

Além disso, o especialista cita a taxa de juros elevada e o caso Americanas, que ajudaram a enxugar o mercado de crédito no país e encarecer o endividamento. “Na Europa, a controladora consegue assumir dívidas com custos muito menores do que como uma empresa listada na Bolsa brasileira e, por outro lado, investe aqui no Brasil a taxas muito mais atrativas, já que a Selic está em 13% ao ano”.

Ruy conta que as ações de ENBR3 eram recomendados na série Vacas Leiteiras, da Empiricus Research. Assim que a empresa informou que sairia da Bolsa, os analistas da equipe sugeriram a venda do papel. “Logo que saiu a notícia, as ações subiram 20% em um dia, então aproveitamos para recomendar a venda. No fim das contas o lucro foi de 160% com a ação desde que sugerimos a compra”.

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A OPA da companhia

Em julho, a EDP realizou o leilão da Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA) da subsidiária e obteve adesão suficiente para encerrar suas operações na Bolsa.

Ao todo, o grupo português adquiriu 185.169.240 de ações ENBR3, a R$ 23,73 cada. Com isso, a operação movimentou R$ 4,4 bilhões e a EDP passou a ser dona de 92,62% do capital social total da EDP Brasil.

Na ocasião, nem todos os sócios minoritários aderiram à oferta: ao término do leilão da OPA, os detentores de 55.699.225 de ações ENBR3 optaram por ficar de fora. 

Como ainda havia 2,51% das ações mantidas em tesouraria, no momento restam menos de 5% de ENBR3 em mãos de minoritários. Por isso, a empresa portuguesa deve realizar o resgate compulsório desse grupo de ações.

Sem EDP Brasil, em qual elétrica investir?

Para Ruy, outra boa opção na Bolsa para investir no setor elétrico é Alupar (ALUP11), recomendada na série Vacas Leiteiras.

A companhia possui atualmente cerca de 30 concessões de transmissão/subestações, que, ponderadas por suas participações, somam quase 4 mil quilômetros de extensão e R$ 1,8 bilhão de RAP. Ela também possui concessões de ativos de geração renovável que somam quase 800 MW.

No 2T23, a companhia entregou quatro vezes seu lucro líquido do 2T22. Além disso, o maior diferencial dela na nossa visão é a disciplina de capital”, afirma Ruy, como mostra a tabela abaixo.

WACC e Capex Alupar
Fonte: Alupar.

“O biênio em que a Alupar mais venceu lotes em sua história foi em 2016-2017, justamente os anos com o maior WACC [custo médio ponderado de capital] regulatório e com retornos polpudos para os vencedores. E, nos últimos anos, de WACC baixo e competição acirrada, a Alupar não arrematou nenhum lote, o que é boa notícia, dada a promessa de retornos espremidos e pouca margem de erro para esses projetos”, explica.

Mas ele não descarta o fato de que o cenário pode mudar nos próximos anos: “Há vários leilões para acontecer e caso os retornos voltem a ficar mais atrativos, a nossa expectativa é de ver a Alupar fazendo novos lances. Ou seja, existem upsides, no entanto, não vamos considerar isso em nosso cenário base, que já nos parece bastante interessante”.

Voltando aos leilões de 2016-2017, segundo ele, esses ativos estão começando a entrar em operação, o que também implica em uma redução da necessidade de investimentos pela frente, e permitirá um maior fluxo de caixa para os acionistas.

 Fonte: Alupar.

Fonte: Alupar.

Outra diferença importante diz respeito ao fim das concessões. Até o término de 2032, cinco concessões (30% da RAP) se encerrarão.

Além de transmissão, a Alupar também tem ativos de geração no portfólio, vários deles com contratos longos e bons preços (acima de R$ 250/MWh), enquanto outros ainda não entraram em operação. “Nesses ativos novos, preferimos considerar preços de R$ 150/MWh para refletir o cenário de sobreoferta atual”, comenta Ruy.

Nessas condições, o segmento de geração contribui com cerca de 10% do valor da empresa. “Não é muito, mas ajuda a amenizar a queda de receita com o fim de alguns contratos de transmissão ao longo da próxima década”.

“Além disso, nas nossas projeções, vemos um perfil de Receita, Ebitda e FCFF bem estável e resiliente, o que é um diferencial para o setor”.

Em termos de valuation, aos preços atuais o analista vê um upside de 22% para as ações de Alupar (ALUP11) e, com a queda da taxa de juros, a possibilidade de um dividend yield de dois dígitos a partir de 2024.

Além desse ativo, neste relatório gratuito, os analistas da Empiricus Research recomendam outras 5 ações de empresas sólidas para buscar bons dividendos.

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.

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