
Fonte: Divulgação/Cosan
A Cosan (CSAN3) divulgou seus números não auditados do 4T24 na quarta-feira (26), depois o fechamento do mercado, após o resultado auditado ser adiado para o dia 10 março.
A performance ficou aquém do esperado: o Ebitda sob gestão, de R$ 7,6 bilhões, caiu 16% na visão anual; e a linha final da Cosan Corporativo foi um prejuízo líquido de R$ 9,3 bilhões, impactado pela perda na zeragem de participação na Vale (VALE3) e por efeitos tributários.
Entretanto, mesmo excluindo esses não-recorrentes, a linha final teria sido também um prejuízo de R$ 1,6 bilhão, refletindo a redução de resultados em Raízen (RAIZ4).
No todo, os números denotam os sabidos desafios operacionais e de endividamento na Raízen, além da alta alavancagem da própria Cosan – problemas que já começaram a ser endereçados, na nossa visão. Os demais negócios do conglomerado seguem com boa performance, no geral.
Cosan no 4T24: Veja desempenho de braços da companhia
A Rumo (RAIL4), novamente o destaque positivo do grupo, teve um Ebitda coajustado de R$ 1,7 bilhão, expansão anual de 38%. Isso reflete o ganho de 2% no volume transportado, com expansão do fluxo industrial de celulose, farelo de soja e fertilizantes; e a alta de 25% na tarifa média. O lucro líquido ajustado na visão Cosan foi de R$ 61 milhões, acima do resultado neutro do mesmo período do ano passado. A Rumo ganhou 24 pontos percentuais em participação de mercado na exportação de grãos pelo Porto de Santos, agora em 77%.
A Compass, também um ponto positivo, viu seu Ebitda ajustado se expandir em 15% anualmente, para R$ 1,3 bilhão, reflexo principalmente da expansão de 9% no volume de gás distribuído. A recuperação veio de todos os segmentos: industrial, comercial e residencial. Na visão Cosan, o lucro líquido foi de R$ 409 milhões, o que, em bases comparáveis, representa expansão de 42%.
Por sua vez, a Moove entregou Ebitda ajustado de R$ 297 milhões, em um decente crescimento anual de 9%. O resultado reflete melhoria no mix de produtos e gestão de custos, já que o volume de lubrificantes distribuídos caiu 5% na mesma visão. O lucro líquido na visão da holding caiu 25% na visão anual, para R$ 110 milhões.
A Raízen, destaque negativo do resultado, viu seu Ebitda ajustado se contrair em 21% na visão anual, para R$ 3,1 bilhões. Isso é reflexo da queda de 35% na mesma linha da vertical de Mobilidade, que perdeu margens e volume, tanto no Brasil quanto na Argentina e no Paraguai. A frente de Açúcar e Renováveis teve uma decente expansão de 5% no Ebitda ajustado, efeito da expansão do volume vendido de açúcar e de etanol. A linha final foi, novamente, pressionada pelo endividamento elevado, dado o contínuo consumo de caixa da operação: o prejuízo líquido na visão Cosan foi de R$ 132 milhões, revertendo o lucro do 4T23.
Encerrando a performance operacional, a Radar teve Ebitda ajustado de R$ 1,5 bilhão, queda anual de 23%, dada a elevada base de comparação do 4T23, em que houve efeito positivo da reavaliação de terras. O lucro líquido (visão Cosan) foi de R$ 405 milhões, contração anual de 26%.
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Despesas com Vale, Raízen e outras operações geram prejuízo no 4T24 da Cosan
Deduzindo as despesas operacionais e financeiras da holding, além do prejuízo de R$ 4,7 bilhões na venda de participação na Vale, a linha final foi negativa em R$ 9,3 bilhões.
Excluindo os efeitos não recorrentes, que incluem não só Vale mas, também, ajustes em Rumo e tributários, o prejuízo líquido ajustado foi de R$ 1,6 bilhão, também revertendo o lucro do 4T23. Em termos de geração de caixa, a Cosan recebeu R$ 1,0 bilhão em dividendos, sendo a maior parte da Compass, e pagou R$ 1,3 bilhão em juros, despesas operacionais e pagamento de aquisições passadas, queimando R$ 279 milhões no trimestre.
Com isso, a alavancagem, medida pelo índice dívida líquida/Ebitda, subiu de 2,6x para 2,9x sequencialmente, e o índice de cobertura de juros caiu de 1,2x para 1,1x.
É hora de invetsir em CSAN3?
O desafio de alavancagem da Cosan, que deriva principalmente da compra de participação na Vale e questões operacionais na Raízen, já é mais que sabido pelo mercado – e pela própria gestão do conglomerado, felizmente.
Recebemos com bons olhos os passos já dados para atacar a situação: troca de gestão na Raízen, que já reduziu sua estrutura organizacional e racionalizou planos de expansão; venda da participação na Vale em janeiro de 2025, com consequente rolagem da dívida da holding; e novas vendas de fazendas na Radar no 4T24.
Acreditamos que a companhia está no caminho correto para corrigir os problemas, embora os resultados, provavelmente, levem alguns trimestres para aparecer. Negociando a um desconto de holding superior a 50%, entendemos que o valuation nos dá espaço para esperar; por isso, mantemos a recomendação de compra em ações CSAN3.
Além da Cosan, os analistas da Empiricus prepararam uma lista de 10 ações para investir com foco em buscar lucros na bolsa brasileira. Confira quais são elas no relatório gratuito disponível neste link.