Investimentos

‘Fim’ das LCIs e LCAs? Analista vê oportunidades mesmo com nova taxação e indica 3 emissores atrativos; confira

No Podca$t da semana, analistas da Empiricus destrincham os planos do governo para a tributação de ativos isentos e apontam oportunidades na renda fixa, bolsa e dólar.

Por Mariana Pavão

16 jun 2025, 14:09 - atualizado em 16 jun 2025, 14:28

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Imagem: Pexels

O governo voltou a agitar o mercado com a proposta de uma nova reestruturação tributária sobre investimentos. Depois de recuar em parte do aumento do IOF, anunciou um pacote de compensações que inclui a taxação de 5% sobre instrumentos antes isentos, como LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, FIIs e Fiagros.

Em novo episódio do Podca$t, Larissa Quaresma recebe Lais Costa, analista de renda fixa da Empiricus, para analisar os impactos das medidas.

Mesmo com a proposta de imposto, LCIs e LCAs ainda valem a pena?

Segundo Lais, a taxação de 5% sobre LCIs e LCAs é relevante, mas não deve tirar esses produtos de cena.

“Na minha opinião, 5% ainda traz uma atratividade. Eu não acho que é o fim das LCIs e LCAs”, afirmou. 

Ela explica que, frente ao CDB, que passa a ser tributado em 17,5% com o fim da tabela regressiva, os papéis ainda se mostram competitivos.

O que muda, na visão da analista, é quem vai arcar com esse custo.

“Eu não vejo muito o investidor falando: ‘ah, tudo bem, então eu vou receber 5% a menos’. Eu vejo mais a empresa [que vai captar recursos] tendo que pagar 5% a mais, para que essa taxa seja equivalente à do CDB.”

Caso a proposta avance no Congresso, é possível que o mercado antecipe movimentos para evitar a incidência do novo imposto.

“Talvez a gente veja mais emissões esse ano para fugir disso”, disse Lais. Ela explica que, apesar da Selic ainda elevada, empresas podem aproveitar a janela antes da implementação da nova regra para captar recursos.

Além disso, o mercado secundário pode ganhar força. “Me parece que as novas emissões vão ser taxadas. O que você tem no secundário, em tese, ele não está entrando nessa regra”, afirmou. 

Isso pode gerar uma corrida por títulos mais antigos e fomentar negociações com spreads relevantes.

Apesar da proposta estar na mesa, há dúvidas no mercado sobre sua viabilidade. Lais compartilha a percepção de gestores:

“Eles estão muito convictos de que não passa”, afirmou. Segundo ela, o projeto toca em setores sensíveis, como agronegócio e construção civil, ambos com forte representação no Congresso.

Mas a analista também pondera: “o jogo em Brasília é duro dos dois lados”.

Mesmo com o cenário em transformação, a recomendação da casa continua positiva para LCIs e LCAs emitidas por bancos médios.

“São bancos que naturalmente vão oferecer uma taxa mais atrativa para o investidor e que a gente acha que estão bem posicionados”, disse Lais, citando exemplos como Paraná Banco, Banco ABC e Banco Daycoval.

Ibovespa a 137 mil pontos: compra ou vende?

No quadro “compra ou vende”, Larissa reforça sua visão positiva com a bolsa brasileira e diz “eu compro” com convicção.

A analista destaca que o índice ainda negocia a múltiplos atrativos com cerca de 9x lucros projetados, e que há espaço para revisões de lucro à medida que os juros começarem a cair.

“Quando essa percepção [de corte da Selic] se consolidar, isso significa expansão dos múltiplos de negociação e depois vem uma pernada de revisão de lucro para cima.”

Ela também argumenta que, com a potencial tributação dos incentivados, o investidor pessoa física pode voltar a aportar com mais força na bolsa, o que, para ela, “é a parte que falta”.

Lais também se mostra otimista e reforça o argumento com dados técnicos: os fundos multimercados e de ações estão com alocações historicamente baixas em renda variável. 

“Mais de 90% das conversas que eu tenho hoje com os gestores de multimercado, eles falam do olhar do gringo […] e também já estamos vendo esse institucional voltar”, comentou.

Isso reforça um fluxo de retomada que pode criar um movimento positivo significativo.

Dólar a R$5,56: compra ou vende?

Por fim, o episódio traz uma discussão sobre o câmbio. Com o dólar a R$5,56, tanto Lais quanto Larissa adotam uma postura de compra.

“R$5,50 não é tão caro quanto pode parecer agora […] eu ainda sou compradora”, afirmou Lais, mencionando os riscos eleitorais e a volatilidade dos emergentes.

Larissa complementa: “Teve uma baita queda de dólar este ano […] esse é um bom momento para recompor a sua posição estrutural em dólar”.

No episódio, as analistas também comentam sobre a negociação de Trump com a China, os dados de inflação e as expectativas para a Selic. 

Para conferir todas as análises e recomendações de Larissa Quaresma e Lais Costa, assista ao episódio completo do Podca$t no vídeo abaixo:

Sobre o autor

Mariana Pavão

Redatora dos portais Empiricus, Seu Dinheiro e MoneyTimes.